4 - Fantasia Adolescente

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🎵 Música: Teenage Fantasy - Jorja Smith


Assim que passei pelo salão e saí ao sol fui ovacionada.

— Bela!

— Olha aí, quem apareceu!

— Tá linda, né?

Então a saga recomeçou. Sorrisos, beijos, passeio de cadeira em cadeira. Quando terminei, tratei de caçar um lugar na mesa com a família embaixo do guarda-sol.

— Vai beber o que, Dona Bela? — Sandra pergunta.

— Hum...

— Pede uma caipirinha, Bela! Tá uma delícia! — Tio César já grita.

Enquanto penso por um instante, meus olhos passeiam ao redor da piscina. Do lado oposto de onde estamos, o churrasqueiro separa um pedaço suculento de carne para servir; um pouco mais perto, Susana toma sol com um chapéu de aba gigante bordada com seu nome e tampando todo seu rosto. Carla está na outra espreguiçadeira com Rogéria, a morena bonitona namorada da vez do meu primo rasta/surfista/descolado, também conhecido como Pablo.

Na piscina, Rafael prosseguia com sua garrafa de cerveja suada e seu sorriso safado no rosto. Ele e Alex olham para mim, e depois ele me faz um brinde no ar com a garrafa como da última vez, bebendo-a em goles longos enquanto eu observo o movimento do líquido descendo em sua garganta sob as gotículas de água que escorriam em seu pescoço, cena que me deixa com água na boca.

— Vou querer cerveja. — Respondo por fim.

— Indonésia, né, Lili? — Meu tio aperta o braço gorducho da esposa. — O melhor lugar que já tivemos!

— Ah, queridos, por favor, Nova Iorque com certeza é muito melhor, né, Susu? — Minha tia Valquíria grita para a filha, que só levanta o polegar afirmando e nem se dá ao trabalho de olhar para a mãe.

Uma parte da minha família tinha a péssima mania de ficar falando sobre viagens internacionais como se fosse a única coisa que prestasse no mundo. Eu e mamãe nunca fomos, e eu sabia que aquele tipo de assunto a chateava... Eu já não me importava muito. Às vezes, tudo o que temos que fazer é ignorar a metideza alheia e fingir que nem estamos ouvindo nada.

— Eu e a Rô estamos com um projeto pra ir pra Nazaré, né, amor? — Pablo sorri e a namorada sorri de volta, levantando-se e caminhando até nós. Carla vem junto.

— Ah, nem foi tão difícil assim... Eu estudei super pouco... Conheço umas meninas da minha sala que passaram o ano todo se matando! — Carla vem se gabando sobre a aprovação.

— O que, amora? — Tia Valquíria pergunta.

— Tô contando aqui do cursinho, mãe. As meninas se mataram de tanto estudar!

As duas puxam cadeiras e se sentam conosco. Sandra vem trazendo uma bandeja com minha cerveja e um vinho.

— Nazaré é massa, eu quero muito ir... É onde os caras pegam aquelas ondas gigantes, né? — Ítalo, o marido da minha prima Sabrina, pergunta para Pablo.

— Aham.

— Caras e minas, né, Ítalo? Tem muita mulher que já pega onda lá também... — Intrometo-me na conversa sem poder ignorar a oportunidade de incomodar um cara cuzão. Ítalo é um cara "à moda antiga" demais para todos os meus padrões de qualidade.

Perfeito ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora