12 - Mulher Perigosa

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🎵 Música: Dangerous Woman - Ariana Grande



Não encontrei Rafael em lugar algum e, frustrada, resolvo jogar um pouco de vídeo game para esperar a "festa" e, é claro, a comida. Eu estava totalmente concentrada quando alguém mexe na porta e entra e, do fundo do meu coração, desejei muito que fosse o Rafael, mas era só o Alex e eu reviro os olhos sem que ele perceba.

— E aí, Belinh...

Ele para assim que eu dou pausa no jogo e o lanço um olhar fulminante.

— Uou. Tem alguém de TPM aí?

— Tem alguém que vai quebrar sua cara se você fizer gracinha...

Torno a olhar para a TV e continuo a jogar.

— Você não vai lá fora?

— Agora não.

A música tinha começado há poucos minutos e eu podia ouvir as vozes vindas da área da piscina. Eu imaginava que Rafael estaria lá, e não estava pronta para encará-lo. Na realidade, crescia em meu coração o desejo de desmascará-lo, mas eu me controlava. Afinal, nem mesmo sabia se iriam acreditar em mim.

— Está perdendo a comida... E com esse pulinho aí você não vai conseguir passar de fase.

— Falou o entendido... E o que o esperto sugere que eu faça então?

— Arruma um cogumelo... E pega mais umas estrelas também, você vai precisar...

Alex deu meia volta e saiu da sala e eu, sem ânimo para continuar, pausei o jogo mais uma vez. Nós, mulheres, somos mesmo engraçadas. Eu até queria que o Alex fizesse alguma gracinha insinuando que ainda queria me pegar porque, no fundo, eu estava me sentindo péssima com a rejeição do Rafael, e desejava muito algum elogio para fortalecer meu ego tão danificado. Contudo, ele agiu como eu o comandei, me deixou sozinha e amargurada, e como meu estado de espírito exigiu que eu espalhasse minha nuvenzinha tóxica em alguém, desliguei os aparelhos e saí da sala.

*

— Aeee, apareceu! — Tio César grita ao me ver.

— Finalmente! — Tia Valquíria alfineta.

— Filha, vem experimentar essa carninha que tá ótima...

O cheiro de churrasco estava mesmo delicioso e a música animada, mas como eu estava azeda, peguei uma cerveja e olhei de um lado para o outro imaginando quem eu poderia atazanar. Para minha felicidade, localizei Carla sentada numa espreguiçadeira um pouco distante dos outros e fui até lá.

— E aí, Carlinha?! Animada para o casório? — Perguntei sentando ao seu lado e lançando um olhar para Susana e Rafael, que estavam dançando abraçadinhos e me deixando ainda mais cheia de ódio.

Carla deu de ombros.

— Espero que ela seja feliz...

— Como assim? — Ergui uma sobrancelha com o desânimo dela.

— Sei lá... Ela vai mudar para a Europa, né. Poderia arrumar algo melhor...

Dei risada.

— Isso eu concordo, mas você parecia bem animadinha no início da semana. O que aconteceu? A proximidade da festa ofuscou sua medicina?

Ela virou para mim sem deixar seu jeito centrado de lado.

— Desculpa?

Mais uma vez dei risada.

— Ah, nada... É porque acho meio injusto com você né... Virgenzinha, estudiosa, acabou de passar em med. E eles só tem olhos para ela...

Carla acompanhou meu olhar e constatou como todos estavam paparicando a irmã. Eles a levavam churrasco, riam, olhavam-na, conversavam sobre ela e diziam o quanto ficaria uma noiva linda. Era como se Carla nem existisse. No entanto, minha prima balançou a cabeça e se virou para mim, prestes a se levantar.

— É claro que eles só têm olhos para ela, minha irmã vai casar e se mudar do país! Desculpa, Bela, mas acho que você está se dirigindo a pessoa errada com essas suas acusações idiotas. 

Ela se levantou sem esperar minha resposta e saiu, indo para perto da mãe, que a recebe com um sorriso. Sua respostinha malcriada não me afetou, pelo contrário, eu havia conseguido deixá-la irritada e isso até melhorou um pouco meu humor, mas como eu ainda estava afim de azedar o leite de alguém, fui até o grupinho onde Pablo, Rogéria, Alex e Ítalo estavam conversando.

— Incrível, né, mor? E olha que eu achei que fosse ser mais pesado, sabe? — Pablo falava gesticulando com a outra mão na cintura da namorada e, quando eu me aproximo, ela sorriu para mim e me deu espaço na rodinha.

— Exato! Eu pensava isso... Até tinha comentado com a Sa que queria ir, mas fiquei intimidado com essa questão... — Ítalo disse.

— Fica não, mano. Só ir... Mas assim, eu te recomendo treinar mais um pouco antes de cair...

— Você surfa, Ítalo? — Perguntei assim que pesquei o assunto.

— Eu comecei a fazer aulas mês passado. Quando a gente se mudou foi a primeira coisa que fiz... — Ele disse e sorriu, sendo acompanhado por Pablo e Alex.

— Tá certo, tem mais que fazer isso mesmo... Se esse era um sonho... — Pablo incentivou.

— Eu tô marcando de ir com uma galera pra Nazaré ano que vem... Bora? — Alex perguntou.

— O quê? Aquele lugar lá das ondas gigantes? Aí não sei... — Ítalo coçou a cabeça encabulado.

Covardão.

— Eu não vou pra pegar por enquanto não... Vou conhecer uma galera, tentar assistir os caras... É irado, né... — Alex explicou.

— Acho super... — Respondi, sem controle sobre minha palavra. — Mas sabe o que eu acho mais legal? É que enquanto você corre atrás dos seus "sonhos" — faço aspas com os dedos — A minha prima está vivendo pras filhinhas de vocês, né? Você por acaso já se perguntou quais são os sonhos dela? — Apontei Sabrina com a cabeça e todos olhamos para vê-la rodear as bebês, que brincavam felizes, uma no colo dela e a outra no colo da vó.

Ítalo me olhou espantado e ficamos todos em silêncio por alguns segundos.

— Pô, Bela, as mulheres curtem esse negócio de criança, né... Acho que esse é que era o sonho dela... — Pablo defendeu e isso fez meu sangue ferver. Dei um sorrisinho e passei a língua pelos lábios, lançando um olhar fulminante a ele antes de responder:

— Aham... E parece que você entende bem do assunto, né?

Pablo ficou branco e arregalou os olhos, mas nem fiquei por perto para esperar sua defesa. Ao invés disso, afastei-me deles, arrumei um prato com algumas carnes e entrei, indo direto para o quarto. Eu não estava nem um pouco no clima festivo e queria mais que tudo se explodisse. Meus primos com suas hipocrisias, Rafael de grude com a porra da Susana, tio César acariciando os cabelos da esposa, e tia Valquíria contando vantagens da merda da festa da filha enquanto não pagava a porra de uma hipoteca e estava prestes a ser posta no olho da rua.

Que inferno! Por que tudo tinha que ser tão injusto?

*

🤣🤣🤣

Bela sendo a mais revoltada do rolê. Adoro 🤭

Perfeito ProibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora