capítulo 223

596 36 51
                                    

Eram 2:35 da madrugada quando Douglas despertou assustado entre uma sequência de tosse da filha. Abriu os olhos achando que tinha dado um breve cochilo, mas se esticou e viu o colchão bagunçado no chão indicando que Paolla havia estado ali, além de conferir as horas e dar um longo suspiro. A intenção era ter voltado e conversado com a namorada, mas não deu certo. Imaginou que ela estivesse acordada pela sala e saiu delicadamente na cama ao encontro dela. Quando desceu as escadas num silêncio absoluto, a viu de costas, sentada num banco alto na bancada da cozinha.

Paolla: Que susto... — fechando os olhos ao sentir a mão do namorado na cintura

Douglas: Desculpa, desculpa... — beijando rápidos selinhos da nuca, até o ombro e voltando pela lateral do rosto

Paolla: Desculpa por quê? — virando o pescoço para ele alcançar o outro lado

Douglas: Pelo susto e por ter deixado você esperando. Peguei no sono com ela. — repousando o queixo na curva do ombro dela

Paolla: Não tem problema. — levando a mão até os cabelos dele fazendo um leve afago — Passou a raiva? — perguntou receosa

Douglas: Não tava com raiva de você, só fiquei chateado. — puxando o banco ao lado

Paolla: Hum... — mexendo na xícara

Douglas: Não conseguiu dormir? — fazendo um carinho sobre a coxa dela coberta pela calça do pijama

Paolla: Consegui. Mas tô com uma dor de cabeça chata, vim fazer um chá. — sorriu fraco, de canto, voltando o olhar para a bancada

Douglas: Também tô com um incômodo. — massageando as têmporas

Paolla: Toma um pouco... — inclinando a xícara, que ele alcançou e tomou um gole

Douglas: Vamo ali, vem cá. — segurando ela pela mão e indo até o sofá

Sentaram lado a lado, mas de frente. Douglas escorado quase no braço do sofá, e ela colada, tendo uma das pernas flexionada com o pé entre a perna dele. Paolla apoiava o braço no encosto do estofado, e a outra mão segurava a xícara.

Douglas: Às vezes eu acho que você quer me deixar maluco. — a olhou sério, mas com um ar de riso

Paolla: Maluco? — erguendo uma sobrancelha

Douglas: Uma oscilação assim, ó... — sinalizando uma onda com a mão

Paolla: Por que? — apertando os lábios

Douglas: Você ainda pergunta? — com os olhos bem abertos — Dorme agarrada a mim cheia de carinho, aí acorda me ignorando, mas depois conversa comigo, brinca, em seguida volta a ficar emburrada. Daí me questiona uma situação que não tem nada a ver e fica chateada com a minha reação. Não é confuso? — encarando-a

Paolla: Eu sou uma confusão. — riu acanhada, baixando o olhar

Douglas: Eu fiquei chateado com a forma como você traz o passado pra o nosso presente. Eu entendo que tenha ficado aborrecida imaginando ser determinada pessoa, mas não teria sido mais fácil assim que eu acordasse, você tirasse a dúvida?

Paolla: Você podia pensar que eu tava vasculhando seu celular... — respondeu baixinho

Douglas: Não iria achar nada disso. Você já usou o meu celular várias vezes e por vários motivos, não tem segredo nenhum nele. Aliás, eu não tenho segredo nenhum com você. — o braço apoiado no encosto do sofá chegava a tocar nela com a ponta dos dedos

Você coisou meu coração - PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora