capítulo 2

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Lucas (narrador)

Hoje cedo, enquanto resolvia tudo, senti o peso das olhares desconfiados. Muitos não aceitaram bem o que fiz, disseram que matar o Supremo foi um ato de deslealdade. Mas quando expliquei o motivo, todos ficaram assustados . Como ele pôde fazer algo tão monstruoso com alguém que criou como filha?

Olho para ela agora, dormindo, exausta e ainda tão vulnerável. Desde que a resgatei, não despertou nem uma vez. Estou perdido em meus pensamentos, até ouvir uma voz fraca, quase um sussurro rouco.

- Quem... quem é você? - diz ela

- Sou Lucas. - respondo - Consegue se lembrar de algo da noite passada?

- Lembro...

Ela responde com um olhar distante, piscando várias vezes, tentando afastar as lágrimas que insistem em aparecer.

- Vou arrumar suas coisas para irmos. - revelo 

-  Irmos? Para onde? - ela questiona 

- Para a nossa alcateia. É seguro lá. Você nunca mais estará sozinha. 

- eu... não - faz uma pausa que me assusta será que ela  não vai embora comigo? - ok. eu só... eu preciso de um banho antes. - me intriga oque se passou na sua cabeça durante esses segundos em silencio?

- Claro. Escolha uma roupa confortável. Quando estiver pronta, partimos.

Vejo Júlia levantar as mangas da blusa e encarar as marcas roxas nos braços, marcas que carregam o horror do que ela passou. Lágrimas silenciosas começam a escorrer pelo seu rosto, revelando uma dor que palavras não podem explicar.

- Ei, ei... não chore. Eu estou aqui agora. Prometo que nunca mais deixarei ninguém tocar em você. Está bem? - digo 

Ela se joga em meus braços, e eu a seguro com cuidado, não posso deixa - lá cair ou escapar tenho medo de quebra-la e valiosa de mais para mim, não posso perde-la. alguns segundos depois ela se afasta. e continuo a guardar suas coisas.

 Eu... não consigo... - a ouço falar 

- O que não consegue? - indago 

- Não consigo fazer isso sozinha.

- Vou chamar minha irmã  para te ajudar.

- Obrigada... por tudo.

- Não precisa me agradecer.

-Preciso sim. Você está me ajudando mais do que imagina...

- Sempre estarei aqui quando você precisar, lobinha. Para sempre.

Saio do quarto, respirando fundo, e vou atrás de Ana para ajudá-la.

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Ana (on)

Enquanto ajudo Júlia a se lavar, não consigo evitar que minha mente imagine os detalhes do que ela passou. Olho para as marcas roxas e vermelhas em sua pele, as cicatrizes que seu corpo carrega, e me pergunto quanta dor ela suportou naquela noite.

Lucas  havia mencionado que o Supremo não a violou,  mas suas garras perfuraram sua pele com brutalidade enquanto a segurava. Posso imaginar o horror de sentir aquelas garras afiadas se cravando em sua carne, o pânico misturado ao medo. Ele a imobilizou, não com força, mas com uma violência calculada, como se quisesse marcar seu domínio.

Ao rasgar suas roupas com brutalidade, ele não se importou com o corpo dela. Cada pedaço de tecido que se desfazia também feriu sua pele, deixando cortes profundos, um lembrete doloroso de que ela não era vista como alguém, mas como uma presa, um objeto em suas mãos.

Percebo que Júlia carrega não apenas marcas físicas, mas também uma ferida que o tempo terá dificuldade de curar. Ver seu olhar vazio e o corpo frágil me faz sentir uma mistura de raiva e compaixão. Dou um leve sorriso, tentando mostrar que ela está segura agora, e que faremos o possível para apagar essas memórias terríveis.

- Acabou, Júlia. Eu estou aqui, e agora você tem a nossa alcateia. Nunca mais estará sozinha. - digo seus olho se inundam de lagrimas e ela agradece baixinho.

- obrigada 

cuidarei da loba / ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora