capítulo 4

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Eu acordei com o coração disparado, a sensação de estar sendo observada me atingindo como um soco no estômago. Meus olhos se abriram rapidamente, ajustando-se à escuridão do quarto. E ali, perto da janela, em meio à penumbra, uma silhueta. Uma mulher. Ela estava parada, imóvel, como uma sombra viva, me observando com uma intensidade desconcertante.

Eu não hesitei. Sentei-me na cama, o calafrio ainda percorrendo minha espinha, mas minha voz saiu firme, controlada, como se fosse normal ter uma estranha no meu quarto às 3 da manhã.

— Quem está aí? — Perguntei, tentando manter a calma, embora meu coração estivesse prestes a saltar pela boca.

A figura se moveu, silenciosa como uma brisa, até que a luz da lua, fraca e gelada, tocou seu rosto. O que eu vi me fez prender a respiração. Era uma mulher de pele pálida como cera, e seus olhos... aqueles olhos vermelhos, como brasas incandescentes, me observando com uma intensidade tão profunda que parecia que ela estava desvendando cada pensamento meu.

— Não está com medo? — Ela perguntou, o sorriso frio nos lábios. Sua voz tinha um tom melodioso, mas algo na maneira como falava me fazia arrepiar.

Eu a encarei, a dúvida tentando se infiltrar em minha mente, mas consegui me manter firme. Não era só porque ela era uma vampira que eu precisaria temer. Eu já enfrentei coisas piores. Pelo menos, isso pensava eu.

— Por que eu teria? — Minha voz soou mais confiante do que eu realmente me sentia. — Não é só porque você é uma vampira que eu vou sentir medo.

Ela deu um passo à frente, como se testasse minha resposta. Algo nela estava fora do comum, mais do que uma simples vampira. Seus olhos pareciam carregar segredos e sofrimentos de eras. O sorriso dela se alargou um pouco, mas não era de prazer. Era algo mais profundo, mais sombrio.

— Não, eu não sou como você pensa. E você... — Ela me observou com uma intensidade quase palpável. — ...também não é uma simples sobrenatural.

Eu franzi a testa, sentindo um arrepio na nuca. Como ela sabia disso? O que eu era, de fato? Minha mente se encheu de perguntas que eu não sabia responder, mas a inquietação estava crescendo dentro de mim.

— Você sabe o que eu sou, então? — Perguntei, tentando manter a postura, mas havia uma tensão em minha voz. A curiosidade era quase insuportável.

Ela olhou para mim com uma melancolia nos olhos, como se estivesse observando alguém que já conhecia demais. Seus lábios se curvaram em um sorriso triste.

— Eu era como você, antes de me tornar uma vampira. Mas, quando essa maldição me tomou, todos os meus poderes desapareceram. Fiquei vazia, forçada a ser apenas uma sombra do que era.

Eu não sabia o que dizer. Aquele tipo de sofrimento, aquele vazio, parecia algo que eu poderia entender, mas de maneira que eu não queria. Não queria ser uma sombra do que poderia ser. Eu não queria me perder no que eu ainda não entendia.

— Então... pode me ajudar? Você deve saber o que é essa força que carrego. — Eu senti minha voz suavizar, o pedido de ajuda genuíno escapando sem querer. — Eu preciso de controle. Não quero machucar mais ninguém.

Ela ficou em silêncio por um momento, seus olhos nunca saindo de mim, como se estivesse pesando minhas palavras, medindo cada respiração. Quando ela falou novamente, a gravidade de suas palavras me atingiu.

— Ajuda tem um preço, sempre. — Ela deu um passo à frente, e eu dei um leve recuo, sentindo o peso da situação. Ela estreitou os olhos, e pude sentir a hesitação em mim. — E para você, o preço é alto.

Meu coração acelerou mais, meu corpo reagiu com um alerta involuntário. O que ela queria dizer com isso?

— Que preço? — Eu quase sussurrei, sentindo uma mistura de medo e expectativa.

cuidarei da loba / ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora