capítulo 3

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Loucas (narrador) 

Finalmente em casa, quando o carro para, hesito em acordar Júlia. Ela está tão linda enquanto dorme, uma visão que poderia prender meu olhar por horas. No entanto, meus pensamentos perturbadores parecem sussurrar seu nome, despertando-a.

- A gente já chegou?- Ela esfrega os olhos, confusa e sonolenta.

- Sim. - Pego sua mão delicadamente ao entrarmos na casa. A mesa está posta, o aroma da comida paira no ar, mas a sua presença é o que mais me alimenta. Ela me olha com aqueles olhos sonhadores.

- Estou sem fome.- Ela balança a cabeça, um leve sorriso se formando nos lábios. - Me mostra meu quarto, quero voltar a dormi.

- Lobinha, você não comeu nada ! nem café da manhã, muito menos o almoço. Ao menos experimente um pouco, depois eu te levo.

Júlia Parece hesitar, olhando para baixo diz.

- Eu não quero. - Mas então, como se lembrasse de algo, acrescenta com um tom mais sério: - E se amanhã eu não puder sair?

Franzo a testa, preocupado.

- O que você quer dizer com isso?

Júlia Suspira, desviando o olhar. 

- Às vezes, sinto que algo está prestes a acontecer. Como se uma tempestade estivesse se formando.

 Pego seu queixo com delicadeza, forçando-a a me olhar nos olhos.

- Não tenha medo. Estou aqui. - A firmeza na minha voz parece confortá-la.

Ana Entrando no clima, e interrompe.

- Então, amanhã podemos sair para fazer compras.

- Claro.- Ela tenta sorrir, mas a inquietação em seus olhos persiste.

 Decido mudar de assunto. 

- Não, amanhã vou apresentar Júlia para todos.

- Não, Júlia vai comigo! - Ana insiste 

 Franzo o cenho. - Eu só queria um momento a sós com minha companheira.- indago

- E eu com minha amiga.

- Ana, eu esperei tanto por ela. Deixe-me aproveitar cada instante.

ela Arqueia a sobrancelha, avaliando a situação.

- Tudo bem, só amanhã.

Júlia Olha para nós, um pouco perdida. 

-Já comi, vamos subir. -Ela tenta esconder a fragilidade de sua voz.

 Observando-a, sinto um aperto no coração.

- Só isso?

 Balança a cabeça, seus olhos refletindo incerteza. 

-Estou sem fome.

- Está bem, vamos -  Enquanto subimos as escadas, um silêncio pesado paira entre nós.

Abro a segunda porta do corredor da direita, revelando o quarto.

- Este é o meu quarto? - ela pergunta 

 Com um sorriso suave, fecho a porta atrás de nós.  - Nosso quarto, lobinha- digo 

-Nosso? Ela parece surpresa,-  uma faísca de esperança surge em seus olhos.

 Aproximo-me dela. - Quero passar mais tempo com você. Quero fazer acontecer.

 Um rubor invade seu rosto, e ela sussurra: -  Acontecer o quê - Os lábios tremem, a timidez revelando-se em cada palavra.

cuidarei da loba / ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora