Capítulo 2

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                                                                              .Tsunade.

Era o fim de uma manhã ensolarada quando o inoportuno ANBU entrou em minha sala e se encurvou de forma respeitosa diante de minha importante figura de Hokage. Eu como sempre, estava sentada em minha cadeira, quase oculta pelas altas pilhas de papelada que não paravam de chegar em minha sala. Relatórios, petições, documentos, formulários, atas...uma infinidade de burocracias chatíssimas que o cargo de líder de Konoha exigia cada vez mais de mim! Por isso, pedi a Shizune para que comprasse uma boa garrafa de saquê no mercado mais próximo, mesmo que em meu subconsciente já estivesse prevendo a bronca que iria tomar dos conselheiros, ao me ver desfrutando da minha bebida favorita enquanto dava fim naquela papelada infernal. Porém, minha atenção foi toda tomada por aquele AMBU mascarado, do qual começou a falar a respeito da missão perigosa da qual seria necessário enviar algum ninja poderoso que teria a terrível sina de investigar de perto o líder da Akatsuki, o misterioso Pain.

Meu cérebro já tinha a resposta perfeita para aquela missão, afinal já sabia quem seria o shinobi mais adequado para realizar tal tarefa. Mas, meu coração relutava em dar aquela resposta, se negando a todo momento em aceitar a realidade cruel. Franzi a testa e mordi meu lábio pensativa em meio ao caos de sentimentos que se instalava em meu âmago agitado pelo turbilhão conflitante. "Jiraiya, por que logo você?" se questionava minha parte mais sentimental, que era logo repreendida por um "ele é o mais capacitado para assumir tal missão" de minha parte racional e profissional da qual, infelizmente, com o manto de Quinta Hokage pesando sobre meus ombros, seria obrigada a dar ouvidos e ignorar de vez meu lado sentimental, assumindo assim a postura de líder, me obrigando a proferir as palavras que saíam de minha boca contra minha própria vontade.

_ Chame o Jiraiya, por favor._ falei para o ANBU, tentando ignorar o máximo possível a presença do mascarado ali que, apenas assentiu e desapareceu em uma nuvem de fumaça furtivamente.

Assim que o ninja de elite sumiu de minha sala, suspirei pesadamente e encarei o céu azul índigo lá fora, descansando minha vista daquelas letrinhas miúdas que meus olhos castanhos exaustos eram obrigados a ler diariamente. Eu nunca fui uma pessoa sentimental, principalmente em relação a Jiraiya, aquele tarado desgraçado que me perturba desde criança. Nunca me preocupei muito com ele, principalmente quando saía em missões, mesmo eu sendo uma companheira de equipe. Claro que às vezes eu sentia saudades dele, principalmente de socar aquela cabeleira branca espetada e apreciar a deliciosa visão daquele homem de quase dois metros de altura sobrevoando o céu de Konoha, após levar um belo soco meu por ter me espiado no banheiro ou proferir alguma de suas gracinhas inoportunas. Além disso, Jiraiya era meu precioso colega de copo, sempre bebia comigo os melhores saquês e me fazia rir de suas peripécias noite adentro. Era muito divertido e irritante estar com ele mas, ultimamente, meu coração frio como pedra parece estar...se derretendo um pouco talvez...por aquele cabeça de sapo. É estranho admitir isso pois, de tantos outros homens, fui ter uma quedinha logo pelo Sábio Tarado, aquele maldito que ganhava dinheiro escrevendo aquelas histórias eróticas de baixo nível? Como eu, a herdeira do poderoso clã Senju, poderia estar me apaixonando pelo velho mais tarado de Konoha?

Ri comigo mesma enquanto ajeitava alguns documentos sobre minha escrivaninha porque, mesmo Jiraiya sendo um pervertido cabeça oca, era ele que sempre esteve presente ao meu lado, sendo nas horas felizes, onde éramos expulsos pelos garçons que queriam fechar o bar, ou nos piores momentos de minha vida, quando perdi meu irmãozinho e meu querido Dan na Guerra Ninja. Ele sempre esteve ao meu lado, às vezes tagarelante e risonho, com as bochechas rubras e gargalhando alto, devido às doses de saquê. Em outras situações, ele ficava apenas calado, com suas mãos amigas e reconfortantes sobre meus ombros, enquanto eu chorava ou esbravejava irritada após perder mais uma aposta no Pachinko. As memórias que tinha com o famoso "Ero sennin" passavam como um filme em minha consciência, de forma que um tímido sorriso surgisse em meus lábios. Eu, como uma médica ninja durona, não conseguia mais ignorar aquele sentimento, que fazia meu coração bater mais forte e um calor repentino tomar conta do meu ser quando a presença de Jiraiya estava próxima de mim. Me sentia novamente uma garotinha que tinha paixonites infantis na Academia Ninja. Que Kami me perdoasse mas, estava cada vez mais difícil negar o amor que sentia por aquele cabeça de sapo pervertido!

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