Capítulo 7

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                                                                                .Tsunade.

Minhas mãos tremiam levemente e meu coração martelava energético em meu peito enquanto pegava a chaleira para esquentar água para fazer nosso chá, clicando em seguida no pequeno acionador para ligar o fogão. Fiquei contemplando as brilhantes chamas azuis aquecerem a água dentro da chaleira sentindo aquele calor fluir em minhas veias, calor esse que nem mesmo o leve sopro gélido proveniente da brisa noturna que entrava pela fresta da janela era capaz de suavizar. Jiraiya, como sempre solícito, estava ao meu lado na cozinha, separando as xícaras e os pires, colocando sobre cada pratinho um pequenino biscoito amanteigado. Eu ri comigo mesma daquilo pois, além de ser um pervertido de carteirinha, admito que Jiraiya tinha um lado romântico e caprichoso, do qual pude conhecer um pouco mais hoje no jantar, e agora ali, com ele cantarolando de leve uma melodia e passando um paninho úmido sobre a superfície levemente empoeirada da xícara. Era um fofo, admito!

Como minha cozinha era pequena e estreita, era inevitável que nos esbarrássemos de forma acidental, seja por leves roçares a pequenos cutucões. A cada singelo toque, meu coração disparava e meu cérebro já enviava aquelas sinapses frenéticas que percorriam meu corpo inteiro, fazendo os pêlos de minha nuca se eriçarem. Por Kami, como eu estava me deliciando com aqueles leves roçares! Se somente aqueles simples contatos estavam me deixando assim toda arrepiada, imagina o que poderíamos fazer com nossos corpos colados um ao outro, sem aquelas roupas, sem estar naquela cozinha abafada...

_ Jiraiya, pega pra mim as ervas que estão naqueles vidrinhos no armário de cima, por favor._ falei abruptamente, tentando a todo custo espantar aqueles pensamentos eróticos de minha mente.

O observei esticar o braço e apanhar um dos vidrinhos contendo algumas folhas de hortelã e me dar algumas para fazer o chá. Porém, ao recolocar o objeto na estante, ele sem querer se encostou demais em mim, me fazendo ficar com as bochechas escarlate! A pose de Tsunade mandona abandonou todo o meu ser naquele momento, restando apenas essa Tsunade repleta de desejos nada adequados com aquele maldito que sorria safado, fingindo não estar prestando atenção em mim, focando de maneira exagerada no porta talheres sobre a pia, colocando as colheres enfileiradas.

Para minha sorte, a chaleira apitou nos informando que a água fervera e que o chá estava pronto. Servi o conteúdo fumegante nas duas xícaras e Jiraiya me ajudou a levar para a sala de estar, equilibrando as xícaras em suas mãos, onde nos sentamos lado a lado no meu confortável sofá. Ambos bebemos o chá em silêncio, preenchendo a sala com o leve ruído de nosso bebericar, enquanto fixávamos os olhos nos diversos quadros que herdei do velho Hashirama, todos eles pintados por artistas locais, retratando cenas cotidianas de uma Konoha recém fundada. Aqueles quadros eram meus xodós mais preciosos!

_ Belos quadros._ Jiraiya falou com o som de sua voz abafado pela xícara próxima a sua boca.

_ Obrigada._ respondi, limpando os resquícios do biscoito em meu vestido _ Vovô sempre teve bom gosto para decoração.

Após aquele breve diálogo voltamos a mergulhar naquele silêncio que eu não sabia ao certo descrever. Estava uma mistura de timidez, com desconforto e uma tensão sexual tão evidente que quase era palpável. Jiraiya também estava muito calado, totalmente diferente de sua habitual personalidade tagarelante. Provavelmente meu velho amigo também estava travando uma batalha de sentimentos em sua mente, assim como eu!

_ Pode deixar que eu levo as xícaras._ falou Jiraiya, novamente solícito, se valendo da xícara vazia que estava em minha mão _ Vou lavá-las também.

Enquanto escutava o barulho da água se chocando contra a cuba metálica da pia, em minha cabeça novamente estava instalado a conflitante batalha entre sentimentos. Por um lado eu queria que Jiraiya fosse embora dali, pois estava ficando muito tarde e ele teria que partir cedo no dia seguinte mas, meu lado mais sentimental, queria que ele ficasse ali comigo, me fazendo companhia. Afinal, fiquei sozinha por tempo demais, não queria passar aquela noite fria de forma solitária outra vez. A todo momento as cenas da valsa descompassada que fizemos no terraço voltavam à minha mente, as sua mão entrelaçadas na minha, o toque suave na minha cintura, aquele beijo molhado...ah, o beijo! Jiraiya tinha uma pegada incrível e um beijo viciante, que logo me fizeram imaginar aquelas mãos ávidas de desejo percorrendo meu corpo, acariciando minhas costas, apertando minhas coxas, enquanto seus beijos molhados desciam por meu tronco, umedecendo minha pele alva, parando aqueles lábios úmidos em minha...

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