Capítulo 4

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                                                                           .Tsunade.

Subi as escadas que levavam até o terraço de minha casa com o coração batendo forte em meu peito, num misto de curiosidade e expectativa. Antes de chegar em casa eu só iria tomar um banho morno e me atirar na cama e dormir profundamente, descansando minha vista cansada após um longo dia preenchendo aquela papelada exaustiva. Porém, com essa suposta surpresa que Jiraiya estava tramando pra mim na parte superior de minha casa, até mesmo o sono e o cansaço me abandonaram, dando lugar a uma ansiedade que fazia meu coração saltitar alucinado em meio peito. Já próxima à porta que dava acesso ao lado de fora, pude ouvir o som de uma música ambiente tocando baixinha no antigo toca discos de meu falecido sensei Sarutobi, me fazendo sorrir comigo mesma ao lembrar o quanto meu velho mestre era apaixonado por Bossa Nova e MPB. Jiraiya já me fez me sentir bem só de ouvir a linda canção que fluía até meus ouvidos, se misturando aos sons que o salto de minha sandália faziam contra o chão de madeira dos degraus.

Já no terraço me deparei com a suposta surpresa que o Ero Sannin planejava: minha pequena mesinha estava coberta com uma toalha delicada, bordada com flores, com duas cadeiras dispostas. Como imaginei, o toca discos antiquado estava encostado no canto, girando um LP em seu interior enquanto rangia baixinho. Sobre a mesa havia uma panela tampada, dois copos, duas taças, alguns talheres e, para minha surpresa maior, um pequeno balde com gelo onde se encontrava mergulhada uma garrafa de vinho tinto. Apenas com a visão daquele vinho meu olhos brilharam, já que fazia alguns anos que não degustava um bom vinho tinto. Desculpa meu querido saquê mas você vai ficar para amanhã!

Após ter um panorama geral sobre o que estava acontecendo ali, meus olhos se focaram na figura alta, de costas pra mim e pensativa, murmurando algo para si mesmo enquanto fazia alguns ajustes nos objetos dispostos na mesa. Jiraiya estava usando roupas diferentes de suas habituais roupas ninjas largas e amarrotadas. O cabelo desgrenhado, que mais parecia a juba de um leão idoso, estava mais bem penteado, preso num elegante rabo de cavalo que caía até o meio de suas costas. As calças, assim como o casaco eram bem alinhados e vestiam perfeitamente no corpo dele e, por Kami, aquele cabeça de sapo estava usando sapatos normais! Ufa, pelo menos por uma noite ele se livrou daqueles horrendos tamancos de madeira vermelha!

_ Jiraiya?_ falei chamando sua atenção, já que o coitado estava tão entretido nos próprios pensamentos que nem pareceu notar o meu chakra ali.

_ Tsu...nade..._ ele respondeu, se virando pra mim.

Ao olhar sua figura de frente pra mim, o mundo pareceu perder o som e tudo em volta sumiu, somente existindo eu e ele ali no vácuo criado por meus pensamentos. Toda a minha atenção se focava no homem em minha frente que, mesmo conhecendo o maldito há tanto tempo, era a primeira vez que o via assim tão...elegante? O blazer que Jiraiya usava estava cobrindo uma camisa social branca que, para mim, ficou perfeita nele diferentemente de suas habituais vestimentas verdes e vermelhas. Até mesmo os dois riscos vermelhos sob seus olhos foram deixados de lado para aquela ocasião, sendo substituídos por dois singelos risquinhos menores que, para mim, ficaram melhores no rosto dele e combinaram perfeitamente com seu visual mais requintado. Decidi me valer dos vocabulários joviais que Ino e Sakura usavam para afirmar a mim mesma que ele estava um pedaço de mau caminho. Por Kami, de onde aquele cabeça de sapo safado tirou tanta beleza?

A fim de tentar disfarçar minha timidez e deslumbramento por vê-lo em minha frente tão bonito e mais atraente, perguntei um pouco abobalhada, sobre se aquela surpresa era pra mim. Ora Tsu, que pergunta mais idiota, para quem mais seria? Para a TonTon!? Não, né! Afe, esses sentimentalismos bagunçam tanto a minha cabeça que a pose de Hokage durona se esvai rapidamente, como o vapor d'água após o meu banho. Por sorte, Jiraiya também estava meio nervoso, com as bochechas vermelhas, sorriso amarelo no rosto e coçando os cabelos, encarando o chão enquanto tentava explicar alguma coisa tropeçando nas próprias palavras. Parecíamos dois adolescentes novamente, que coisa constrangedora!

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