Caminhos de pétalas

Final "B"

.Jiraiya.

Frio. Sufocamento. Dor. Eram as três palavras que descreviam o que eu sentia enquanto meu corpo se afundava cada vez mais e mais naquelas águas escuras do rio. As estacas negras enfiadas em minha carne pareciam ter vida própria, penetrando cada vez mais nos músculos de meus pulmões, fazendo com que o simples ato de respirar se tornasse cada vez mais difícil. A água entrava por minhas narinas de forma sufocante, tomando de mim qualquer resquício de oxigênio disponível em meus alvéolos. Meus olhos opacos, já quase cerrados, fitavam o sol sobre aquele rio, que agora não passava de um pequeno ponto de luz distante tremeluzente, quase se apagando por completo enquanto meu corpo ia se afundando cada vez mais nas profundezas. Conseguia visualizar totalmente disforme com minha visão turva os meus dois pés descalços e minha única mão restante flutuarem envoltos de minhas roupas rasgadas, que não passavam de trapos manchados de terra e de meu próprio sangue. Assim seria o meu fim, o fim de Jiraiya, o lendário "Ero sannin", aquele que prometeu que voltaria inteiro para Tsunade Senju, mulher da qual amara durante toda sua vida.

Eu sempre cumpria com minhas palavras, independentemente de quão desafiador seria aquela promessa. Mas, justamente para o amor de minha vida, eu não poderia cumprir com as minhas palavras confiantes, que as desejei alguns dias atrás diante dos portões da vila. Palavras tolas, jogadas ao vento...

A sensação anestésica tomava todo o meu ser e o frio cortante perfurava cada fibra de meus músculos, que iam se enrijecendo aos poucos. Frio, frio, frio...

Desculpa Tsu...eu não irei voltar mais...

.....

Calor. Luz ofuscante. Som de passos apressados. Vozes sussurrantes...seria o céu?

Abri meus olhos devagar, e fitei em minha frente três rostos juvenis curiosos, me encarando com expressão de espanto em cada um daqueles olhos.

_ Konan...Yahiko...Nagato...

Os três jovens olharam pra mim com uma expressão mais confusa ainda, com as testas franzidas enrugadas nos rostos jovens. Minha voz saiu meio grogue e minha vista também estava um pouco embaçada. Não sabia quem eram aqueles jovens que me estudavam curiosos, só conseguia perceber que estavam com bandanas vermelhas em suas testas. Porém, antes que eu pudesse tentar falar mais alguma coisa, uma pequenina figura surgiu pela porta e parou diante de mim, flutuando no ar. Apesar da baixa estatura, aquela nova aparição parecia ser respeitada por ali pois, ao apenas sua presença entrar na sala, os jovens curiosos se afastaram de mim e foram se encostar em uma parede, ainda com aquele quê de curiosidade estampado em suas faces. Eu não estava entendendo nada e não fazia ideia de quem eram aquelas pessoas e o idoso baixinho que pairava no ar, me fitando com interesse.

_ Olá Jiraiya._ falou o velho. Eu conhecia aquela voz mas, de quem seria?

_ Eu..estou morto?

_ Claro que não, oras! Mortos não falam..._ exclamou o idoso gargalhante, me deixando mais confuso ainda _ iremos te explicar o que aconteceu quando você estiver melhor dos efeitos dos anestésicos._ continuou o mais velho gentil e, ao se virar para os mais jovens, disse um pouco mais autoritário _ E vocês três, fora daqui! Quantas vezes falei para deixarem o homem em paz!

_ Mas, a gente queria ver se ele acordou, Senhor Onoki!_ falou a menina.

Senhor Onoki...o Tsuchikage! Mas, o que ele está fazendo aqui? O que está acontecendo afinal? Que lugar era aquele?...dezenas de perguntas tumultuavam minha mente!

Tentei fazer um leve movimento ao me ajeitar naquela espécie de cama na qual me colocaram, porém, senti uma dor abrasiva em um dos meus braços, como se estivesse sendo novamente perfurado pelas estacas negras de Pain. Onoki observou minha careta de dor e me falou num tom amável: