Caminhos de pétalas

Capítulo 8

.Jiraiya.

Abri meus olhos vagarosamente ao sentir um incômodo causado por uma gélida brisa que açoitava meus pés descalços. Massageei meus olhos em meio à penumbra do quarto, do qual estava fracamente iluminado pela luz incandescente do poste na rua, e ao me virar de lado de forma silenciosa, pude descobrir a razão de meu corpo estar sentindo frio: Tsunade roubara todo o edredom que estávamos compartilhando para ela!

Antes de me levantar fiquei apenas deitado, contemplando a imagem de Tsu adormecida ao meu lado. Ali dormitando levemente, com os cabelos loiros rebeldes, soprando o ar baixinho, com seu peito subindo e descendo ao inalar e soltar o ar, abraçando o tecido macio do edredom envolto de seu corpo e com um singelo filete de baba escorrendo do canto de seus lábios, nem parecia a Hokage irritadiça e assustadora que se transformaria algumas horas mais tarde! Eu não era um dos melhores ninjas sensores mas, apenas com o leve pulsar de seu chakra, eu sabia que Tsu estava em paz e feliz. Bom, pelo menos ali adormecida, entregue ao mundo dos sonhos, bem descansada após a noite incrível que tivemos!

Ao me lembrar de noite passada, ah que noite! Tudo saiu conforme meu planejamento e ainda por cima, foi muito mais do que eu imaginava! Adorei cada momento do nosso jantar e poderia reviver tudo mais uma vez se fosse possível! Tudo foi perfeito, nossas conversas, nossa valsa um pouco atrapalhada e nossa transa...ah, que transa! Eu já tinha total ciência de minha fama de "Sábio tarado" mas porra, a Senju me surpreendeu de uma maneira que jamais poderia imaginar! Aqueles olhinhos cor de mel carregavam uma malícia deliciosa que, misericórdia, só de me lembrar de nossas sem vergonhices daquela madrugada eu já estava ficando duro!

Se fosse possível, é claro, eu com certeza permaneceria ali deitado ao lado dela, adormecendo novamente e acordando um pouco mais tarde, com o sol já se destacando por sobre as montanhas. Com certeza iria me valer novamente de minhas parcas habilidades gastronômicas e preparar um belo desjejum para Tsunade, com pães, frutas e ovos mexidos, acompanhado de uma xícara de café preto forte, para dar mais energia ao dia exaustivo como líder da Vila. Além disso, iria usar minhas técnicas de chantagem e sedução para provocá-la mais um pouco, pois nada mais revigorante do que um bom sexo matinal! Porém, o dever me chama! Estava na hora de me levantar e rumar para a missão mais importante e desafiadora de minha vida.

Me levantei da cama com o maior cuidado do mundo, pisando delicadamente no piso amadeirado com a ponta dos meus pés pois, não queria emitir um mísero ruído sequer que pudesse perturbar o descanso merecido de minha querida Senju. Até a respiração eu prendi! Já do lado de fora do quarto, após fechar levemente a porta atrás de mim, rumei em direção ao banheiro, a fim de fazer minhas higienes e tomar um bom banho gelado para tirar o cansaço de meu ser, porque sabia que para aquela missão, cada preciosa gota de energia seria necessária. Ri comigo mesmo ao fitar meu reflexo nu no espelho, me divertindo com as marquinhas avermelhadas dos apertos e arranhões que Tsunade deixara pelo meu corpo na madrugada de ontem e, além daquelas marcas, pude sentir uma leve fisgada de dor nos quadris e nas costas. Céus, aquela loira realmente acabara comigo ontem!

Já de banho tomado, voltei a riscar em meu rosto as minhas típicas linhas vermelhas que escorriam por minhas bochechas e a ostentar em minha testa a bandana metálica com o emblema do kanji "óleo" estampado. Além disso, guardei de qualquer jeito as minhas roupas mais formais em minha mochila, pois sabia que durante minha jornada até meu objetivo final, aquelas roupas seriam parte importante para armar uma barraca improvisada ou montar armadilhas para capturar animais ou inimigos. Minhas vestes ninja, que já eram quase como minha segunda pele, voltaram a modelar o meu corpo e meu inseparável pergaminho foi preso em minhas costas com um cinto, fazendo com que eu estivesse pronto para a batalha, afinal aquelas vestes surradas e já bastante gastas pelos anos eram uma espécie de armadura para mim. Coloquei algumas frutas para comer durante a viagem e enchi meu cantil de água potável, optando por não comer nada ali pois, sabia que iria fazer uma pequena pausa em uma lanchonete nos confins do País do Fogo e apreciar uma rápida refeição, além de claro, obter mais algumas informações importantes para minha incansável pesquisa.