Caminhos de pétalas

Capítulo 5

                                                                                   .Jiraiya.

Após terminarmos de jantar, ajudei Tsu com a louça, lavando para ela os pratos, talheres e a panela, enquanto a dona da casa ia guardando os objetos em seus respectivos lugares. Em meu interior, a ansiedade me consumia, vindo incessantemente em minha cabeça me lembrar a respeito de confessar o que sinto de verdade por ela. Meu plano inicial era fazer isso durante o jantar mas, para a minha infelicidade, deixei meu nervosismo falar mais alto e fiquei adiando o momento, contando mais histórias e puxando conversas aleatórias. Agora estava ali, lavando a louça e novamente me valendo das memórias de minhas aventuras, das quais a coitada da Senju já deve ter ouvido algumas dezenas de vezes.

_ ...aí pedi pro Naruto comprar uma garrafa de saquê pra mim lá na venda, só que aquele tapado cabeça oca comprou uma daquelas garrafas de água importada achando que era saquê, você acredita nisso, Tsu!? Aí passamos a noite deitados desconfortáveis na barraca cheia de mosquitos mordendo nossas canelas, suando que nem porcos e disputando cada gota daquela preciosa água proveniente das geleiras do ártico! Ainda por cima, aquele espertinho não me trouxe o troco, provavelmente comprou alguma guloseima no caminho e escondeu nos bolsos!

"Por Kami, Jiraiya, fala logo isso, cacete! Olha só como ela parece estar exausta com sua tagarelice chata e infinita! Ela está cansada de ouvir sobre suas viagens, seu tonto! Anda, conta logo o que sente de verdade, vai!"

Era o que minha ansiosa consciência gritava em meu interior, martelando aquelas palavras como uma espécie de mantra, implorando para que eu proferisse com todas as letras disponíveis no alfabeto o verdadeiro e duradouro amor que sentia por ela, do qual nunca pude ser capaz de demonstrar em sua real forma, apenas por gestos de amizade e companheirismo igualmente como nos velhos tempos como gennins. Porém, eu não estava em icha icha e nem com uma mulher qualquer, eu estava diante de Tsunade Senju, a loira mais maravilhosa de minha vida, aquela que fazia meu coração bater mais forte e o ar sumir de meus pulmões. Céus, por que tudo relacionado a Senju era complicado? Minhas táticas de amassos libertinas desapareciam quando se tratava de Tsunade Senju!

_ O álcool subiu a cabeça, Tsu? Aposto que já está lá em Marte!_ falei para ela, percebendo seus lindos olhos castanhos perdidos e um pouco sem brilho devido à minha falação sem fim.

Subitamente, vi aquelas orbes castanhas ganharem um brilho diferente, dessa vez uma estranha mistura de raiva com esperteza. Eu já ia questionar o motivo, mas senti uma dor em meu braço, como se uma kunai tivesse sido fincada em minha carne. Para minha surpresa, minha querida Tsu apenas descontara mais um de seus beliscões em mim, beliscões esses que eram tão doloridos que nem a picada de um dos poderosos marimbondos do clã Aburame podia ser equiparada com a força brutal que a Senju possuía. Grunhi de dor e massageei a região com uma careta retorcida em meu rosto. Com certeza aquilo ia ficar inchado e roxo no dia seguinte!

_ Isso é por ter mexido na minha gaveta de roupas íntimas sem minha permissão! Achou que com macarrão e vinho iria me fazer esquecer suas tramoias safadas, senhor Jiraiya Grenouille? _ rosnou a Tsu em um tom divertido, se valendo do meu nome fictício como seu maître no meu suposto restaurante, repreendendo-me por ter mexido em suas gavetas. Nesse caso ela foi boazinha comigo porque, em outras situações, eu deveria ter levado um tremendo soco! Certeza que meu macarrão suculento me salvou de alguns ossos quebrados. Eu te devo uma travessa de lámen quando voltar, Naruto!

Novamente o silêncio desconfortável voltou a cair como uma cortina invisível sobre nós, mergulhando nós dois naquela silenciosa cozinha, onde só era possível se ouvir os sons dos grilos no jardim. Como estava um pouco abafado, sugeri que voltássemos para o lado de fora pois, pelo menos na varanda, éramos agraciados com aquela brisa noturna aconchegante que bagunçava um pouco nossos cabelos. De supetão, uma ideia me surgiu, como se fosse uma lâmpada que se acendera após um apagão repentino. O telescópio, como pude ter me esquecido dele, logo hoje em que Kami nos abençoou com um lindo céu límpido e salpicado de corpos celestes? Mesmo que Tsu insistisse que o aparelho não funcionasse direito, admito que aquela seria a oportunidade perfeita para libertar aquele meu sentimento que guardei há anos comigo. Afinal, o que seria mais romântico do que contemplar as estrelas sobre um telhado, não é mesmo?