E assim aconteceu como combinamos na escola, às 14:01 cheguei no ponto de ônibus que está a alguns metros da ponte, essa que me traz algumas memórias. Pelo fato de eu ter chegado primeiro, resolvi ficar olhando a vista da ponte, quase no mesmo local que naquela sexta-feira eu vi aquele ser peculiar à beira do rio e que me fez descer o brejo para olhar. Hoje sei que mesmo se eu não fosse lá naquele dia, com certeza, eu ainda teria essas mutações algum dia no futuro. Acho que estou me aceitando, mesmo não sabendo como lidar com tudo isso. Fiquei observando a vista, à minha esquerda estava meu bairro e todo resto da cidade, à minha direita o longo Rio Collins que seguia seu fluxo pela mata fechada de Nova Aastera até a região das usinas NARCS, com certeza hoje será um dia no mínimo interessante e por isso vim preparado como se eu fosse o biólogo de um canal que eu assisto, eu estava com minha mochila cheia com muitos equipamentos, espero que meus amigos tragam mais coisas, porque meus avós não tinham dinheiro para eu comprar um lanche, mas serei otimista sobre eles.
E falando neles, a segunda pessoa a chegar foi Evelyn, porém eu nem a vi chegando pois estava olhando o fluxo do rio. Então ela me cutucou e disse:
- Oi, pensador! Tá pescando com a mente, aí?
- Oi, Evelyn! Estava olhando para essa vista linda do rio. Enfim, animada para hoje?
- Sim, estou animadíssima! Benny, viu a mensagem do Noah? Eles estão namorando finalmente, achei muito fofinho os dois.
- Vi sim, depois de anos finalmente deu certo. Falando neles, onde será que estão?
- Boa pergunta, isso porque eles viriam de carro, né... ainda bem que o ônibus que eu vim foi bem rápido. Acho que já estão chegando.
- Sim, geralmente o atrasado da turma sou eu... mereço até um prêmio. – A respondi.
- Merece mesmo, pegue esse bombom meu, eu sei que não é o melhor alimento para alguém que vai fazer uma trilha em Nova Aastera, mas é de coração.
- E que coração grande você tem! Dar o seu chocolate para outra pessoa, acho que a humanidade não está perdida afinal. Obrigado, Evelyn!
- Por nada, Benny! Tento ter um coração grande, mas...
- Mas...? – perguntei.
- Quanto maior o tamanho, maior é a queda, como diz o ditado.
- Depende, se ninguém o deixar cair não haverá quedas.
Então ela olhou no fundo dos meus olhos e deu um sorriso sereno. Em seguida, ela me pergunta:
- Ben, cadê aquela sua amiguinha nova?
- "Amiguinha"? Evelyn, Evelyn... percebi que você não gosta muito dela. Por quê?
- É só impressão sua, Ben! Nada tenho contra ela, só acho que ela tem uma quedinha por você e também achei muito estranho essa obsessão toda por esse suposto incidente na usina nuclear, meu pai é juiz e não foi comentado nada com ele e seus colegas de trabalho relatos dos NARCS. Me parece muito mais aquelas teorias da conspiração. – respondeu-me.
- Pode ser teoria, pode não ser também... hoje saberemos, essa nossa trilha será divertida, senhorita ciumenta.
- Ciumenta? Eu? Talvez... só não quero perder meu novo melhor amigo.
- Ah, então sou seu melhor amigo? Perguntei um pouco sem graça.
- Sim, estou me abrindo muito rápido com você, Ben. Parece que você me entende, a Violet e o Noah também, mas você entende um pouco mais e não quero te perder assim.
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A Lenda de Haaru
Teen FictionBenjamin Bennington é um adolescente que é atraído por um meteorito que caiu perto de um rio e misteriosamente acaba perdendo os sentidos. Ao acordar, ele percebe que não é mais o mesmo e a partir de agora passará pela experiência de lidar com a per...