Capítulo 19: Uma amizade em apuros e o óbice da esperança.

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Mais um ano tinha se passado e nele ficaram muitas lembranças boas e outras não tão boas assim, ademais, fiz novos amigos, surtei algumas vezes, conquistei o coração da garota dos meus sonhos e sem contar minhas mutações, do belo latim, minha transformação sui generis. Tudo isso contribuiu muito para meu amadurecimento e, com certeza, penso eu que esse ano será melhor, ainda mais porque todos nós poderemos ter a oportunidade de ganhar uma bolsa de estudos pelo EAE, Exame Albert Einstein, que permite que os melhores colocados da cidade ingressem nas universidades sem ainda terem concluído o ensino médio. Seria um sonho ver todos meus amigos já no segundo semestre do ano matriculados junto comigo, seja aqui na Universidade de Nova Aastera, como também na Universidade do Reino Austral. E mesmo sendo um pouco distante daqui o que importava mesmo é a felicidade na conquista.

E como esperado para o início do ano, meus avós no dia cinco de janeiro viajaram para Paris por conta do sorteio premiado, e durante a viagem deles eu passei uns dias na casa da Bruna, minha irmã mais velha. Graças a Deus, nossa convivência era ótima, ainda mais porque pude me aproximar mais do Vitor, seu esposo. Ele é policial novato de Nova Aastera e, usualmente, brinca de luta comigo, assim como fazia na época que ele e minha irmã namoravam e eu era apenas uma criança, Vitor me ensinou algumas técnicas de arte marciais e muita coisa da polícia, pode-se dizer que passar esses dias na casa da minha maninha não estava sendo nada chato. Minha rotina era estudar para o exame; fazer alguns exercícios físicos na praça; ler um pouco e, às vezes, me encontrar com minha namorada no nosso tempo livre, foi assim por duas semanas até que algo aconteceu.

Eu estava na praça do bairro treinando e, de repente, Alice chega com um semblante muito abatido e me diz:

- Ben, eu sei que você está ocupado com seu treino, mas quando você terminar posso conversar com você?

- Claro, Alice! Na verdade, eu já estava terminando e ouvir uma amiga era mais importante do que mais uma série de flexões...

- Obrigada! Ah, por onde eu começo... – E, de supetão, ela começa a chorar.

- Ei, Alice, o que aconteceu? - E de forma melancólica e drástica ela me conta:

- Meu padrasto, Ben, ele tentou me violentar de novo enquanto minha mãe estava no banho e me fez ameaças dizendo que mataria minha mãe caso eu contasse algo.

- Espera aí, de novo? Alice, o que esse canalha fez com você?

- Ele tenta fazer coisas erradas comigo, mas como eu sempre fujo ele me bate e me ameaça psicologicamente, não consigo denunciar e nem falar com minha mãe tudo isso, e estou aqui agora morrendo de medo por te contar isso.

- Calma, por favor... Alice, esse cara violentou você?

- Não. Mas vim aqui porque já estou no limite e mesmo implorando pra ele parar, o monstro continua, minha mãe não merece ter um namorado assim e nem eu, Ben...

- Ninguém merece isso. Alice, você foi forte ao me contar, posso te ajudar o denunciando? Meu cunhado é policial e tenho certeza que podemos te ajudar nisso.

E chorando ainda mais, Alice olha no fundo dos meus olhos e desabafa:

- Benny, por favor não conta isso pra ninguém, por tudo que é mais sagrado, por favor, a ninguém mesmo, nós duas corremos riscos, estou apavorada!

E com um olhar de compaixão ao ver ela chorando, meu coração se apertou com essas palavras e, de repente, um sentimento de justiça e raiva se ascendeu em mim. Peguei em suas mãos e disse:

- Alice, eu prometi à Evelyn que não esconderia nada de mim a ela, mas como isso envolve você e esse monstro, prometo que não conto a ninguém!

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