A Lenda de Haaru

Capítulo 12: Uma balança para a culpa.

Como tínhamos combinado, naquela noite, resolvemos nos reunir na casa de Evelyn. Todos estavam cientes que garotos de quinze e dezesseis anos estavam mexendo com fogo e certamente aquelas fotos e vídeos daquele monstro iriam colocar uma das maiores empresas de Iópia no centro das investigações da polícia. Jogar resíduos tóxicos no rio não era lá uma coisa certa a se fazer e com certeza talvez os NARCS respondam por isso.

Às vinte e uma horas e trinta, enviamos o vídeo para a Polícia de Nova Aastera e para o e-mail do Jornal da cidade que por sua vez tinha também uma emissora. Estávamos felizes e preocupados ao mesmo tempo, enviamos por um e-mail falso os arquivos e mal sabíamos o que iria acontecer amanhã.

- Garotos, podem vir para o jantar! – disse a mãe de Evelyn.

- Vamos, lá pessoal, fizemos nossa parte e esse será nosso segredo, ok? – disse Evelyn.

- Exatamente, com certeza o Governo vai fazer uma investigação local e perguntará aos moradores locais em busca de provas, isso se não enviarem soldados ou policiais para aquela área. – disse Alice.

- Alice, e o que nós devemos falar sobre isso caso nos pergunte? – perguntou Noah.

- Não faço ideia, Noah...

- Acho que devemos evitar entrevistas! – respondi.

- Concordo com o Ben! – disseram.

Ora, lá no fundo eu estava sentindo que algo de ruim iria acontecer, memórias do monstro da mata e de quando eu cuspi sangue. Eu queria que isso tudo passasse, porque lá no fundo eu estava chateado. Até que, de repente, no corredor, Evelyn me chama enquanto os outros iam para a cozinha.

- Ben, tem algo errado com você. Quer me contar? Descobri algumas coisas que me deixaram confusas. Eu ia te mandar mensagem perguntando, mas resolvi esperar te ver pessoalmente. Agora não minta para mim. Você conhece o Ethan?

- Conheço, dei conselhos a ele, mas eu não sabia que ele falava de você quando o vi.

- Você sabe que você o trouxe de volta, né? Estou tão confusa, eu mantive distância por tanto tempo e agora meus sentimentos estão colapsando. – disse Evelyn aparentemente chateada.

- Te contei a verdade, porém quero que me explique o que está passando aí dentro da sua cabeça confusa.

- Ben, é complicado... eu estou confusa, ainda tenho raízes por ele, mas pensei que a vida traria mudanças pra minha vida e logo você, aquele que se preocupa tanto comigo o trouxe de volta. Eu sei que você não tem culpa disso, mas...

- Mas...? – perguntei aflito e também confuso.

- Eu não sei o que fazer, meus sentimentos estão loucos! A verdade é que é impossível ficar longe dele, Ben, você me lembra muito ele. Eu não sei o que fazer, talvez seja por isso que aproximamos tão depressa, essa atenção, essas piadas tudo isso me lembra ele.

- Espera, você acha mesmo que eu pareço com ele? Não faz sentido!

- Desculpa, mas é a verdade...

- Se você diz... vamos jantar, o pessoal tá esperando a gente.

- Você tá bravo comigo? – perguntou Evelyn.

- Não. – Não menti, mas eu estava decepcionado com tudo isso, nunca fui único...

- E aí, vocês dois perderam a fome, é? – perguntou o pai de Evelyn.

- Estamos indo, pai! – respondeu Evelyn indo em direção à cozinha.

Ao sentarmos na mesa, Noah chuta minha perna e faz aquele olhar que só nós dois conhecemos, porém ao olhar bem fundo dos meus olhos, tanto ele como Violet, entenderam minhas expressões e ambos se entristeceram. Jantamos e ficamos conversando por muito tempo, na verdade, eles conversaram, porque eu fiquei como mudo.