" Tô indo aí no teu serviço!"
Brilhou na tela a mensagem curta com " André ❤️" marcado como remetente.
— Tá bom, aproveita que está sem movimento!Hebe falou baixo gravando áudio e encaminhando.
" Sem ofensa, nunca tem movimento aí :p "
Hebe achou engraçado mas preferiu fingir que tinha ficado brava não responde a mensagem de seu noivo e melhor amigo de infância. André ou Dé para a família.
— Quem é que você tá sorrindo que nem uma tonta pra essa tela?
Dona Antônia perguntou olhando a quantidade não muito grande de rosas avulsas.
— O André !
— Claro... O André — dona Antônia falou fazendo ar de sonhadora.
Hebe conheceu André quando sua mãe, que até o momento só tinha ela e carregava Vinícius na barriga, se mudou para o bairro da floricultura sozinha. Naquela época as vendas iam bem o suficiente para uma mãe solteira alugar um apê próximo do trabalho, o vovô Vinícius ainda existia, ninguém tinha que comer pão emborrachado e usar roupa de segunda. E André era seu vizinho, ele era na verdade muito chato, Hebe não o suportava no começo, ele a chamava de mônica por causa dos dentes, ele puxava seus cabelo e jogava terra na cara dela quando ela estava distraída. Mas não tinham muitas crianças na rua, era brincar com André ou sozinha. Nesse meio tempo foi desenvolvido um afeto por convivência.
Quando vovô Vinícius foi atropelado na esquina da Floricultura ele que a impediu de entrar em Pânico enquanto gritava para alguém ligar pro hospital. Quando ele morreu, André ficou com ela durante o velório inteirinho, brigando com a mãe quando ela o arrastou para casa para tomar banho. Quando o pessoal da Luz veio cortar a luz da floricultura ele roubou a caixa de ferramentas do eletricista e correu o bairro inteirinho sendo seguido pelo homem irritado. Quando A mãe de Hebe morreu ele a ajudou a conseguir todos os documentos e os empréstimos da cova dela no cemitério. André era um anjo na vida de Hebe, e quando o romance surgiu não foi surpresa pra ninguém da família.
Mas ao mesmo tempo, as vezes Hebe sentia um respeito tão grande por André que parecia que ele era um pai ou irmão.
— Vó tu era apaixonada pelo vô?
A mulher olhou desanimada e concordou.
— Desde sempre?
— Como assim?— Dona Antônia perguntou cortando uma folha de papel com os dedos.
— Tipo você botou o olho nele e quero viver o resto da vida com ele !— Hebe concluiu pegando o maço de cigarro no balcão.
— Lá vem você com essa droga de cigarro fedido do inferno!.... Mas respondendo a sua pergunta, eu era vizinha dele, minha mãe disse que eu ía casar com um filho da vizinha, ele era o menos feio!
— Tá falando sério vó?
— E tu já me viu mentindo sua Jaguara!
— Mas então quando você começou a gostar dele?— Hebe perguntou apagando o cigarro rapidamente pois o seu Romero atravessava a rua com suas roupas adoráveis de idoso aposentado de bairro de classe média.
Ele chegou no balcão sorrindo, e dando bom dia para as "madamas", ele era um daqueles velhinhos adoráveis que não furam fila na lotérica meio dia e não comentam " gostosa " na suas fotos. Ele falava pouco e era adoravelmente baixinho e gordo. Todo santo dia ele ía até a floricultura comprar uma única flor para Dona Rosa, que aliás, Hebe nunca viu em tantos anos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Até que a morte nos Junte
RomanceHebe é uma florista quase falida, Pietro é herdeiro de uma funerária e André morreu atropelado por um Opala preto.