— Então agora tu além de não ser quase falida trabalha em empresa de rico?— Tereza exagerou como se não soubesse de toda a história por trás do emprego de Hebe — você é tipo aquelas garotas que trabalham nas lojas da praia e ficam com as peças caras que tem defeito!... Se bem que você não pode usar um caixão com defeito pra nada...
— Sim, meu contrato já está assinado, o Pietro me deu alguns dias para digerir ... Você sabe, tudo! Eu levei a minha avó e as crianças para a loja no horário de sempre, a gente ta vendendo só as flores de plástico e as rosas do seu Romero. Prometi pro seu Teodoro que pago ele mês que vem, ele é gente boa, deixou passar desta vez! — Hebe disse rápido ouvindo um risinho do outro lado da linha — Tá rindo do que ?
— Você chamou ele de Pietro e não " burguês que matou meu noivo!"
— Tereza não vem com gracinha não que eu tô Indo pra lá agora mesmo já tô indo pra Kombi e tô nervosa demais!
— Boa Sorte amiga, você é capaz de suportar gente rica! Eu creio! Mas se abrir uma vaguinha se lembra da Terezinha de Jesus!
— Só Tereza a última parte é a maior mentira que você já disse na vida sua atribulada!
— Tchau sua azeda espero que seja demitida depois desse desaforo!
— Cala a boca você foi demitida por revelar a traição da sua chefe no meio do churrasco da empresa!
— A culpa não é minha se quando eu bebo eu fico muito verdadeira!
— Okay, agora preciso ir, não quero ser pega pela polícia falando ao telefone e dirigindo! até mais tarde! — Hebe falou desligando antes que outro assunto acontecesse. Estava nervosa suficiente para acender um cigarro. Pensou se sua avó estava se dando bem sozinha na Floricultura. Ela deveria estar ! Dona Antônia não chamava as pessoas de "cabeça de abóbora" quando queria vender para elas, então estava tudo certo.
Dirigiu até o endereço que o GPS do Celular lhe informou. Foi estranho quando entrou na avenida da praia e a maioria dos carros eram bonitos contrastando com sua Kombi carcomida.
Quando entrou no estacionamento da funerária jardim colocou o carro numa vaga do canto, bem afastada de dois carros, que valeriam facilmente sua casa, estacionados perto da entrada para o Elevador.
Assim que encostou, viu Pietro aparecer com um terno verde limão que ficava estranhamente "não ridículo" nele.
— Bom dia Hebelinne!
— Não venha com intimidade que eu não sou nada sua viu?— falou descendo da Kombi e batendo a porta com força, a porta voltou acertando suas costas e foram necessárias mais três pancadas para finalmente fechar. Pietro pigarreou antes de começar novamente.
— Eu vou te levar a um pequeno tour pela funerária, logo em seguida você entrará em ação no seu setor!
— Você desceu aqui só para me levar pra passear pela sua empresa? — Hebe perguntou descrente.
— Eu descidi fazer isso, quero dizer, você é uma funcionária especial! — Pietro disse gesticulando em círculos.
— Eu por acaso tenho a pele azul ou meu suor e de glitter?
— Não...
— Então posso ir sozinha— Hebe disse tentando se desviar do outro.
— Eu insisto! — Pietro disse seguindo ao lado dela apertando o passo fazendo Hebe suspirar e revirar os olhos.
Quando passaram pela guarita o guarda acenou e sorriu para Hebe que lhe deu um bom dia e um sorriso iluminado.
— Nossa, para ele você deu bom dia!
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Até que a morte nos Junte
RomanceHebe é uma florista quase falida, Pietro é herdeiro de uma funerária e André morreu atropelado por um Opala preto.