Até que a morte nos Junte

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Pietro nunca se sentiu tão motivado indo a um churrasco de seu pai quanto naquele momento. Geralmente, as coisas seriam diferentes, ele odiava os amigos do pai, porque eram todos caras brancos, ricos e velhos que viam o mundo de acordo com suas experiências de vida como se fossem as únicas válidas. Era a gente rica e chata que Hebe tanto detestava sem ao menos ter tido contato.

- Eu tenho certeza, aquilo era um baita de um Pirarucu!- um senhorzinho que vestida sapatênis e camisa polo dizia para Pietro perto o suficiente para ele sentir o bafo azedo de álcool.

- Eu imagino!- Pietro comentou tentando olhar em outra direção em que seu nariz conseguisse captar ar puro.

- Ele era tão grande que o barco ficou inclinado assim oh! - Ele continuou entortando o corpo para o lado. Pietro concordou com a cabeça já desistindo de ficar ali. Nesse momento a única pessoa que o fez ir aquela reunião chegou. Júlio Prado entrou pela lateral da área de lazer da mansão do pai de Pietro, cumprimentando todos os conhecidos.

- O senhor me dá licença um minutinho? - Pietro disse se esgueirando feito quiabo antes mesmo de receber uma afirmativa. Ele andou até o homem não muito alto, com bigode bem aparado e camisa floral acenando.

Pietro engoliu em seco, pensou que seria muito fácil falar com ele, mas só de lembrar do estado de Hebe na semana anterior e em como isso afetou seu comportamento durante o resto da semana, o sangue de Pietro começava a ferver e ele só queria gritar e causar um escândalo, se possível chamando o jornal local, algum Youtuber de notícia e algumas testemunhas oculares mais confiáveis que aqueles outros senhores escrotos que, talvez, também tivessem filhas abandonadas de classe média baixa.

- Pietro! Nossa como você está... Crescido! - Ele disse olhando Pietro de cima a baixo.

- Pode me chamar de bonito isso não é nenhum problema além de ser uma grande verdade!- Pietro disse cruzando só braços. Júlio riu com as mãos na Panssinha de chopp que fazia a camisa ficar esticada na barriga.

- Eu gostei dessa sua Blusa do Capitão Planeta! É bom ver que alguém ainda gosta dessas coisas boas!- Ele continuou apontando.

- Você costumava assistir com a sua filhinha quando era pequena?- Pietro perguntou mexendo o resto de espuma no fundo de seu copo.

- Quem? A Jaque? Ah não ela gostava muito de ler, quase não assistia TV!

Pietro agradeceu aos céus por ele ter uma segunda filha que pudesse encobrir seu próprio deslize.

- Então...- Pietro foi interrompido por seu pai que chegou da porta da cozinha com mais um fardo de cerveja que foi deixado na mesa ao lado do Senhorzinho do Pirarucu.

- Júlio!

- Marcelo! - Se cumprimentaram de uma forma características, enquanto davam um abraço rápido.

- Como vai a vida e a família? - O pai de Pietro perguntou estendendo uma lata lacrada para o amigo.

- Eu estou bem fora aquele problema na espinha, a Darlene minha esposa está muito bem também e minha Filha acabou de passar no exame da OAB!

" E sua outra filha seu arrombado?" Pietro pensou, tentando segurar a língua e manter as expressões neutras.

- Agora você tem uma advogada confiável!- Marcelo Jardim dizia batendo nas costas dele num sinal de camaradagem forçado que Pietro aprendeu a odiar com o tempo.

- Nem assim, acho que não confio em mulher nenhuma!

- E elas confiam em você?- Pietro deixou escapar apertando o copo entre os dedos.