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— Porque voltou para me buscar ?— Pietro perguntou encolhido no banco do carona depois de fazer Hebe jogar todos os cigarros no lixo.

— Você não sabe andar aqui e se não sabe andar aqui pode se perder e se você se perder pode ser assaltado e se você levar um tiro durante o assalto e morrer eu perco meu emprego!

— Uau que reconfortante,  você adora fingir que não se importa comigo não é?

— Como humano eu me importo com você, mas como pessoa confesso que eu mesma poderia te assaltar e dar um tiro dependendo do argumento que você usar a partir daqui!

— Eu entendi vou ficar quietinho! — Pietro levantou as mãos em rendição se encolhendo mais ainda no banco.

A rua estava calma, o movimento baixo e a temperatura fresca deixava os braços de Hebe arrepiados toda vez que o vento mudava de direção. Era uma noite agradável de pré chuva em Bahia das Sereias. Hebe estava tentando a perguntar sobre a reação de Pietro, segurou a vontade por duas quadras mas acabou perguntando:

— Pietro?

— Hmm?— Ele respondeu sem tirar os olhos da rua.

— Porque você odeia tanto cigarros?

Ele suspirou brincando com o pino de travar a porta.

— Minha mãe fumava muito e ela morreu por isso...— Um pequeno silêncio reinou antes de Hebe se defender:

— Eu não sou viciada ou algo parecido, eu só fumo as vezes quando estou nervosa!

— Ela também só fumava quando estava nervosa, mas ela chegou numa fase da vida em que estava nervosa 24 horas por dia 07 dias por semana! E quando ela notou já fumava que nem uma chaminé !

— Okay mas porque isso te incomodaria tanto vindo de mim ? Cara achei que você ía me fazer mastigar o cigarro!

— Eu não gosto que as pessoas fumem perto de mim porque não quero que ninguém morra do jeito que a minha mãe morreu ! Eu tava lá, eu morava com ela nessa época!  Eu vi todo o processo de ela secando de dentro pra fora, foi horrível de se ver imagine estar na pele dela?

Hebe ficou alguns minutos em silêncio.

— Você tem razão!

— Sobre o que?

— O cigarro, eu comecei a fumar porque... Quando minha mãe morreu eu tinha 17! Eu tava com muita coisa na minha cabeça! 

— Eu tinha 16 quando a minha morreu...

— Eu sinto muito pela sua mãe!

— E eu pela sua!— Pietro respirou fundo antes de continuar — Se você prometer parar de fumar eu faço alguma coisa que você quiser!

— E se eu pedir pra você me demitir e sumir da minha vida?

— Sem chances!

— okay ...  mesmo assim eu prometo que vou tentar parar de fumar, começando por não levar cigarro pro trabalho!

— tentar o caramba! Você Vai parar!

— Tá certo, se for pra morrer jovem que seja por ironia do destino!

— Caramba você é negativa em?...

— Não sou negativa sou realista, várias pessoas morrem com nossa idade! E aliás já saímos do Bairro do café, me fala como eu faço pra deixar você em casa!— Hebe disse mudando de assunto antes que começassem a brigar novamente.

Pietro dizia as coordenadas a partir dalí, e Hebe notou que ele estava cansado e quase dormindo no bando do carro, pescando em certos momentos.

— Vira para a direita! — Ele falou em determinado cruzamento. Hebe olhando rapidamente para a direita viu uma blitz com uns 4 policiais. Rapidamente ela virou para a esquerda da forma mas suave que conseguia.

Até que a morte nos JunteOnde histórias criam vida. Descubra agora