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-Essa água congelou meu cérebro.

Novamente eu sorri.

-Não vai fazer pós?

Perguntei e ela se engasgou.

-Nem fala mulher! Se minha saúde mental continuar de boa eu faço logo, senão, sem chance nenhuma de fazer assim que terminar o curso. Vou tirar um ano sabático.

Comecei a sorrir pelo drama que ela estava fazendo. Clary estuda comigo desde o primeiro ano do ensino médio. Estamos estudando juntas até agora.

O pai é diplomata e a mãe é deputada.

-Há quatro anos estávamos na formatura do ensino médio. Parece que foi ontem.

Digamos que na formatura teve de tudo e mais um pouco. Teve briga, traição que acarretou na briga, teve tapa na cara, gritaria, dança e no final, todos estávamos juntos! Bêbados mas juntos, cantando músicas que não sabíamos a letra mas cantando. Terminamos chorando com saudades de acordar cedo, dos esquemas para não tirar zero nas matérias de exatas, juntos na recuperação final porque a professora tinha descoberto os esquemas. Dos jogos de futebol e céus, como eram ruins. Da zoeira no outro dia porque o feminino ganhou a disputa, da briga porque era óbvio que o femino iria ganhar. Do debate sobre milícia. Dos dias que a alma saía do corpo quando ninguém tinha lembrado do teste ou prova. Das músicas e batidas na mesa quando um professor faltava ou demorava para entrar na sala. Dos queimas, das aulas práticas de educação física onde parecia que eu estava vendendo celulares. Das brigas por causa de time. Do choro quando fomos suspensos por clonar todas as provas, dos protestos…

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