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-Não é justo sabe? Não é justo! Você só tinha vinte e um anos, tinha planos para o futuro e eu… Eu sou apenas um robô que faz tudo automaticamente tendo crises de ansiedade. Eu queria estar no seu lugar… Eu mereço estar aí, você não… Como eu queria que isso fosse uma brincadeira. Queria que você abrisse os olhos e começasse a sorrir porque eu caí na sua brincadeira. Não consigo lidar com o fato de que você nunca mais vai abrir os olhos… Poxa Clary…

Me sentei na grama do cemitério e gotas de chuva começavam a cair. Olhei um pouco mais a frente e vi uma menina abraçada a mãe chorando por causa do pai. A foto do falecido estava estampado. Deve ter morrido de Covid como meu avô. Meu avô…

Enterrado na Itália, não pude me despedir ainda. Na verdade, acho que já perdi minha humanidade. Não consegui expressar nada pelo meu avô. Estou cada vez mais longe do caminho de casa.

-Deveria ter te falado isso antes, não falei.

Sorri e mais lágrimas caíram.

-Sete anos! Não sete dias, sete meses, sete minutos ou sete horas… Uma família, lembra? Lembro quando perdemos Shaw… Nossos mundos pararam, nossos corações simplesmente… Não funcionavam… E você veio com o pacto… "Quando somos jovens pensamos que tudo está sob controle, que não existe destino, que a gente resolve tudo. Tolos! A rasteira que a vida, o destino nos deu foi profundo e machucou muito!"

Repeti o discurso da formatura. Parte do discurso destinado a Shaw. Hoje, para ela… Chorei de novo.

Atrás de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora