2° Capítulo

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Poucos anos se passaram e eu sempre fui uma criança cheia de alegria, mesmo tendo pouco com que sobreviver quando se tratava de alimentos. Para mim bastava ter a minha mãe que a minha vida já era cheia e completa.

Por outro lado, Eliot sempre foi uma criança em que a única coisa que o deixava feliz era a caça que foi aprendendo com o pai. Ele gostava de ver os pobres animais sofrerem, gostava de os ver morrer na sua frente. Richard sentia-se orgulhoso do seu filho. Via nele um futuro homem sem medo de nada, capaz de enfrentar qualquer tipo de desafio, enquanto que Blenda se preocupava com as ações de seu filho. Ela queria um rapaz doce, meigo, um rapaz que ela seria capaz de controlar o que não era o caso.

-Richard, tens de parar de levar Eliot contigo para a caça.

O jantar na casa da feiticeira já tinha tudo para correr mal.

-O quê? Não. Tu não me podes proibir de ir com o pai. Eu gosto de caçar, quero ser igual a ele.

Eliot, com apenas sete anos já sabia bem o queria e não deixava que ninguém lhe dissesse o contrário. Todos os anos era a mesma história e todos os anos Eliot ia com o pai para a caça, nem que fosse às escondidas.

-Meu bem, pensa comigo. Um dia que eu não esteja cá será o nosso filho quem vai te proteger. A ti e a esta aldeia. - Richard fala com cuidado em cada palavra.

-Não preciso que seja o meu filho a me proteger. Eu sou a mãe. Sou eu que devo de o proteger e não o contrário. - Blenda estava determinada em proibir Eliot de caçar.

-Se tu não me deixares aprender com o pai eu fujo para o bosque e nunca mais volto.

Eliot sai da mesa chateado, correndo até o quarto.

Blenda, ainda a comer, olha para Richard com ar de desaprovação mas não diz mais nada.

No dia seguinte, minha mãe partiu bem cedo de casa e eu nos braços de Diane acenava me despedindo dela.

Diane era uma moça boa, foi ela quem ajudou minha mãe no parto, não havia razão para que eu não gostasse dela ou ela de mim.

Como toda a vez que ela toma conta de mim, nós fomos até ao campo de margaridas para ela me ensinar a ler. Por a mãe não ter dinheiro para pagar a escola Diane decidiu em se oferecer para me ensinar o que ela sabia. Eu achava Diane um máximo, super inteligente.

Então ali estávamos, cada uma com um livro na mão, sentadas num troco caído.

Lembro-me de ouvir cavalos relinchar e logo soube que era o caçador, levantei-me e assenei assim que o vi e o mesmo fez o seu cavalo caminhar até mim depois de ordenar aos seus homens que esperassem por ele.

-Diane, será que podes ficar com Eliot por umas horas? Blenda não o quer na caça por ser perigoso. - Richard fala ajudando o seu filho descer do cavalo.

-Claro, a que horas te devolvo?

-Estarei em casa para almoçar em família virei buscá-lo aqui mesmo. - Richard volta a subir para o cavalo.

-Eliot, comporta-te e obdece ao que a Diane te pede.

O rapaz assente positivamente para o que o pai fala e depois de o ver se afastar senta-te em cima do tronco do lado de Alana.

-Alana este é o Eliot, ele vai ficar na aula connosco hoje.

A menina de cabelos ruivos olha para o rapaz de olhos escuros que se destacam na sua pele pálida e da um sorriso doce.

Passamos a manhã toda a ler, pelos vistos Eliot nunca havia pegado num livro antes, nem mesmo para ver as capas.

Naquele dia fiquei a saber que Eliot seria tal e qual como o caçador. Grande, atlético, corajoso e acho que foi a partir desse dia que fiquei admirar o que na altura não passava de um pequeno rapaz de olhos negros.

O relógio da Igreja badalou sinalizando as 13h e assim começou-se a ouvir o relinchar dos cavalos.

De imediato as duas crianças pararam com as suas leituras para tomar atenção aos homens que saiam do bosque.

Eliot contava um a um.

-Estão todos. Pela primeira vez voltaram todos da caçada matinal. - fala o rapaz empolgado.

Richard calmamente vem até eles e quando estão juntos ele desce do seu cavalo.

-Diane, trás a tua pequena e venham almoçar connosco. - fala pegando no rapaz e o pondo em cima do cavalo.

-Vamos aceitar o convite mas esta pequena é de Esmeralda.

A menina assim que ouve o nome de sua mãe sorri orgulhosa.

-Da Esmeralda?

Um sorriso aparece no rosto do caçador assim que se lembra dos momentos que tinha com a mãe daquela criança.

Já em casa, sentados a mesa para almoçar as duas crianças vão falando sobre coisas aleatórias enquanto os adultos falavam sobre as condições de Esmeralda cuidar da sua menina e como podiam ajudar.

O caçador estava firme em ajudar a Esmeralda e aquela menina, apesar de Blenda não entender o porquê.

Blenda via no seu marido um olhar que nunca viu antes. Olhar esse que aparecia somente quando olhava a pequena Alana.

Dia apos dia a minha rotina foi sempre a mesma. Ia até ao campo de margaridas com Diane, me encontrava com Eliot, almoçavamos em casa dele e com a sua família e depois voltavamos para o campo de margaridas com Diane. E Eliot vinha connosco de tarde também, a partir daquele dia Eliot passou a ser o meu único e melhor amigo.

Red Deer - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora