Para sua surpresa ela deu de caras com Blenda que não vinha nada feliz. Logo soube que dali não vinha coisa boa.
-Blenda, que bela surpresa. - Esmeralda fala forçando um sorriso.
-Não precisas de fingir. Sei que não estás feliz. - Blenda entra em casa como se lhe fosse dado autorização.
-Que é isso, não, só não estava a contar. - Esmeralda fecha a porta e vai atrás de Blenda.
Esmeralda repara que Blenda esta analisar a sua casa parando o olhar no quarto da Alana.
-Fiquei muito triste por não me teres contado que darias a luz no mesmo dia que eu.
Esmeralda arregala os olhos pois nao fazia planos de contar seja o que fosse a Blenda.
-Então é verdade o que por aí dizem? - ela fita Esmeralda analisando cada movimento seu.
-O que é que dizem? - Esmeralda engole em seco com receio do que Blenda fosse dizer.
Blenda sorri de canto para ela e caminha em direção à cozinha.
-Ora, que o teu agricultor te deixou quando soube da gravidez. - ela ainda analisa Esmeralda e isso deixava a jovem mãe desconfortável.
Esmeralda acompanha-a até à cozinha e põe a ferver água para fazer chá.
-Infelizmente sim. - fala se sentando de frente para Blenda.
-Mas conta lá como é que isso aconteceu?
Esmeralda sabia que Blenda não acreditava na sua história. Blenda já sabia a verdade, só estava ali para atormentar um pouco Esmeralda.
Blenda sorri de canto para ela e nega com a cabeça.
-Como és capaz de mentir a quem já sabe a verdade? - ela diz ríspida.
Esmeralda arregala os olhos.
-Não sei a que te referes. - ela fala firme.
-Vais negar que te envolveste com o meu homem? - agora Blenda estava a gritar.
O tom de voz da feiticeira foi de tal maneira alto e agudo que acordou a bebé que até ali estava bem calma.
-A tua cria chama por ti. - ela fala irónica.
Esmeralda simplesmente desliga o fogão e corre até ao quarto da bebé pegando na mesma ao colo para a acalmar.
Uns minutos depois, a bebé pára de chorar e Blenda entra no quarto com uma chávena de chá em mãos.
Esmeralda não se lembra de lhe ter dado a chávena mas ignora esse pequeno extra até que Blenda começa a se aproximar da criança.
Blenda molha o dedo no chá a ferver e passa pela testa da bebé que torna a chorar.
-Que pensas que estás a fazer? - Esmeralda fala chateada com aquela situação.
-É apenas uma marca. - a feiticeira fala encolhendo os ombros.
-Saí da minha casa. - ordenou.
Blenda revirou os olhos e caminhou em direção a porta.
-Eu voltarei. - ela falou sem qualquer expressão no rosto.
Naquele momento Esmeralda sentia medo, não por si, mas pela sua menina que estava inquieta.
Alguns anos se foram passando, Alana cresceu, conheceu Eliot e começaram a passar todos os dias juntos. As duas crianças eram como unha com carne. Não se largavam por nada e isso só fazia o medo de Esmeralda crescer mais ainda.
Naquele momento Richard começou a contar a versão dele não deixando nenhum detalhe escapar.
Eu e Eliot estávamos até agora em silêncio ouvindo os adultos e assim ficamos por um bom tempo.
Blenda sabia a verdade só não era capaz de fazer mal a Alana, mesmo que não fosse mais uma criança, pois estava perdidamente apaixonada pelo Richard e não queria fazer nada que fizesse o seu marido a deixar.
Já Richard sentia-se orgulhoso por ter uma menina tão humilde e pura como Alana, apesar de não se poder gabar disso. Saber que aquele rebendo veio do amor que sentia por Esmeralda deixava o caçador derretido e com muitas saudades da sua ruiva.
Blenda aos poucos foi percebendo melhor o que ali se passava, as prendas que seu marido dava aquela criança constantemente a incomodavam e ele sabia disso no entanto nunca ousou parar de mimar Alana.
Inclusive, assim que ia ficando mais chegado a Alana ia tentando saber mais sobre Esmeralda.
Por algumas vezes a viu de longe. O coração do caçador acelerava de cada vez que via que Esmeralda não havia mudado em nada, que aquela mulher que lhe roubou o coração estava tal e qual como na sua memória.
Numa tarde teve coragem de ir até ela quando a mesma ia buscar Alana ao campo de margaridas.
-Olá, Esmeralda. - o caçador faz uma pausa antes de falar o nome da amada.
-Richard, que bom ver-te.
Como de costume, Esmeralda tinha um sorriso doce para mostrar.
Richard fica por algum tempo mirando os olhos verdes de Esmeralda fazendo com que ela core. Só os dois sabiam o que estavam a sentir naquele momento. Só os dois sabiam o amor que sentiam e a vontade que tinham de ficarem juntos novamente.
Naquela tarde Richard faltou a uma caçada para poder estar com Esmeralda e os seus filhos, o que ele não contava era que Blenda fosse descobrir o que ele fizera.
-Como assim tu preferiste ficar com outra mulher?
A noite na casa da feiticeira estava com uma enorme turbulência.
-Já te falei que fiquei a olhar pelo nosso filho. - o caçador fala tentando manter a calma.
-Que estava com Esmeralda!
Richard olhou para ela sério.
-O problema era estar com Esmeralda? Com Diane não havia mal.
-Porque com Diane nunca houve nada, já com Esmeralda. -a feiticeira é interrompida.
-Que sabes tu? - ele fala agora chateado com as acusações, por mais verdadeiras que fossem, da sua esposa.
Blenda encolhe os ombros.
-Talvez eu não saiba nada, ou talvez eu saiba de tudo.

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Red Deer - FINALIZADA
FantasyFruto de uma traição e vítima de uma maldição . Assim que o sol nasce as suas mãos e pés passam a cascos, o seu cabelo ruivo forma uma pelagem macia por todo seu corpo, mostrando assim a figura de um belo veado avermelhado. Para acabar com esta mald...