6° Capítulo

30 6 70
                                        

Alana encontrou uma pedra enorme capaz de a tapar por completo. Correu até ela escondendo-se e só depois reparou que estava no bosque sombrio.

Sua mãe sempre a avisara para que ela nunca lá fosse e agora ela encontrava-se perdida nele.

Ela tentava ouvir o relinchar dos cavalos, vai que o caçador a encontre e possa leva-la para casa, no entanto nada era ouvido para além do assobiar do vento por entre os ramos das árvores.

Alana encheu-se de frio e se amaldiçoou por não ter nem mesmo um casaco.

Aos poucos e poucos ela foi perdendo as forças e os seus olhos iam ficando cada vez mais pesados até adormecer mesmo sem sono.

Eu não sei quanto tempo se passou, mas quando eu acordei não era mais eu.

Assim que abri os olhos deparei-me com outro tipo de visão e não fui capaz de esfregar os olhos pois não tinha mais as minhas mãos.

Naquele momento eu entrei em pânico por completo e isso foi a pior coisa que eu podia ter feito.

Da minha boca saia apenas um relinchar estranho, nem a cavalo eu me soava mas parecia ter o aspeto de um.

Ouvi um rosnar, logo aquele som fez parar o meu coração. Assim que olhei por cima do ombro, ou o que antes era um ombro deparo-me com um lobo a observar-me em cima da rocha.
Os seus dentes eram aguçados e para além daquele foi aparecendo mais um e depois mais outro e quando reparei já estava uma alcateia inteira virada na minha direção.

Eu era um alvo fácil.

Não sei como, nem com que forças eu comecei a correr a toda a velocidade que tinha e era notavelmente incrível como eu corria mais depressa que aqueles lobos.

Depois comecei a ouvir relinchares e só podiam ser do caçador. Por mais arriscado que fosse eu corri na direção dele ainda sendo seguida pelos lobos.

Quando o vi saltei na sua frente fazendo com que os seus homens atirassem.

Com certeza a pior ideia que eu podia ter tido. Ou talvez a melhor porque em vez deles me atingirem a mim atingiram alguns dos lobos que corriam atrás de mim.

-Amarrem os mortos. Frente direita, sigam-me. - ouvi o Richard dizer.

Era incrível como os meus ouvidos eram capazes de ouvir a longas distâncias. Nunca antes iria imaginar que algo assim acontecesse comigo. Mesmo que me tenha transformado em animal eu tinha que admitir para mim mesma que estas capacidades faziam-me sentir muito bem.

Para meu azar dei de caras com um caminho sem saída. Eu era capaz de saltar alto mas não atravessar paredes.

Os lobos que sobraram iam se aproximando de mim e um a um eu vi-os cair. Depois apareceu Richard com alguns dos seus homens.

Era ali, naquele momento eu iria morrer e pior que isso é que iria ser nas mãos do meu pai.

-Uou. Alguma vez viu um destes? - um dos homens falou.

-Não, nunca. - Richard sai do seu cavalo e caminha com cautela.

-Seria um otimo troféu para si. Vamos matá-lo. - outro dos homens fala.

-Seus idiotas, baixem as armas. Apanhem os lobos e prendam-nos bem. - ele diz para os homens.

-Tem calma lindo, ninguém te vai fazer mal. - ele diz mais próximo.

O meu coração estava a mil naquele momento. Eu observava Richard chegar mais perto de mim e os homens prenderem os lobos que mataram.
Depois foram chegando mais homens e aproveitei quando Richard mandou os seus homens não fazerem movimentos bruscos para fugir a toda a minha velocidade.

Só parei quando cheguei ao que eu achava ser o centro do bosque. Lá havia um lago com água reluzente iluminada pelo sol. Parecia ser o único sitio iluminado pelo sol pois tudo o resto era apenas sombra e escuridão.

Eu aninhei-me para beber um pouco de água mas assim que vi o meu reflexo estaquei. Estava decidida a não gritar mais, ou fosse lá o som que saia da minha boca.

Quando me vi melhor no reflexo da água eu vejo apenas um veado. Um veado com pelagem vermelha e uns olhos verdes brilhantes. Seria por isso que me chamavam de troféu? Eu acredito que sim pois nunca na minha vida vi um animal como aquele com que eu me parecia.

Num instante anoiteceu e eu continuei ali perto do lago. Assim que a luz da lua brilhou naquelas águas eu vi o meu corpo mudar.
Eu estava a tornar-me humana novamente. Deparei-me com duas pernas e dois braços e não sei como as minhas roupas voltaram ao meu corpo, eu ia jurar que iria ficar nua uma vez que era pêlo que me cobria mas por magia a minha roupa cobriu o meu corpo e eu senti-me novamente eu.

Quando vi que teria de ali ficar procurei logo arranjar um espaço seguro para dormir sem ser atacada por mais nenhum animal e felizmente eu encontrei uma pequena caverna perto do lago e com cuidado verifiquei se lá havia algo que me podesse atacar. Por uns segundos achei que sim e o medo que eu sentia subia-me pela espinha tirando-me a pouca coragem que tive para entrar ali. Graças ao bom Deus a caverna estava vazia então apoderei-me dela sem pensar em mais nada.

Quando estava prestes adormecer eu ouvi um uivo e logo imaginei o que me aconteceria se me encontrassem, fariam de mim picadinho. Tinha de arranjar algo que desse para disfarçar o meu cheiro, seja o de humana ou de animal.

Olá maltinha! 🥰
Quem aí está curioso para saber como vai ser a vida de Alana no bosque? 🤔
Beijos. 😚

Red Deer - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora