10° Capítulo

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Do lado de Alana os dias não estavam fáceis e as noites então nem se falam. O frio era tremendo, apesar do animal que habitava agora em si durante o dia a aquecer, durante a noite ela tinha somente a sua pele pálida e a roupa do corpo para se aquecer.
Alana já havia pensado em numa noite ir até a aldeia buscar algo quente para se aconchegar e aquecer mas ela tinha medo de fazer os lobos sentirem o seu cheiro e a seguirem até lá, causando o pânico e o horror na aldeia.

Era demasiado difícil para ela sobreviver naquele lugar sozinha, sem qualquer tipo de ajuda, sem qualquer tipo de conhecimento.

Os dias foram se passando, Alana ia todos os dias para perto da entrada do bosque onde via Eliot, Richard e os caçadores se prepararem para adentrar no bosque para caçar. Eliot ia todos os dias num cavalo preto a que deu o nome de Beleza Negra, ela lembrava-se do nascimento daquele cavalo nos estábulos de Richard, eles deram o nome juntos quando tinham 8 anos e ver que com 16 anos e depois do seu desaparecimento Eliot honrava aquele nome como se fosse o nome mais belo à face da terra deixava Alana com lágrimas nos olhos.

Ela gostava era daquilo, a única parte do seu dia que a fazia feliz, era ver Eliot, apesar de triste, empenhado a conquistar o seu sonho.

Um certo dia ela foi seguindo os passos deles pelo bosque e viu-os caçar várias lebres e javalis. A cena de os ver matar havia de a aterrorizar, quando ela era criança detestava ver os animais mortos pendurados no dorso dos cavalos, mas naquele momento ela não sentia absolutamente nada. As suas pernas diziam-lhe para correr mas os seus olhos pousavam no Eliot e transbordavam de orgulho pelas conquistas do seu melhor amigo.

Quando ela menos esperava uma caçadeira foi apontada por entre os seus chifres.

-Encontrei chefe. Está aqui o veado do outro dia. - um homem fala.

Alana não se mexeu. Tinha medo que ao mínimo movimento aquele homem atirasse nela.

-Tens a certeza que é o mesmo? - Richard fala galopando até ao homem.

-Quantos veados vermelhos o senhor já viu na vida? - ele diz debochado.

-Tens razão.

Richard com cuidado foi chegando perto de Alana. Saltou do cavalo e tirou da sua bolsa uma maçã bem vermelha.

-Baixa essa arma. Estás assusta-lo.

O homem baixa a arma e Richard estende a mão com a maçã para Alana. Com cuidado Alana morde na maçã, mas nada mais podia fazer senão isso mesmo pois a sua nova forma tinha limitações.

Richard com orgulho do que acabará de acontecer chama Eliot para se chegar perto e ver aquela maravilha.

-Diz-me Eliot, alguma vez viste um animal tão belo. - ele diz tentando animar o rapaz.

-Não. Nunca. - o tom de voz do rapaz era entristecido. Ele não queria saber do animal.

Alana naquele momento sentiu um aperto enorme no coração e calmamente caminhou até perto do rapaz que ainda estava em cima do cavalo.

Do lado dele, olhou-o nos olhos, viu tristeza no seu melhor amigo e nada do que ela podesse fazer iria consola-lo.

"Queria poder te abraçar." era o que Alana esperava que saísse da sua boca mas em vez disso um relinchar estranho suou assustando a Beleza Negra fazendo com que a mesma se erguesse e atirasse o rapaz ao chão.

-Tu, vai atrás do cavalo, não o deixes se afastar demasiado. - Richard fala para um dos homens que galopou atrás da Beleza Negra.

Alana afastou-se daquele local correndo na direção oposta a deles. Não era suposto aquilo ter acontecido. Ela não queria magoar ninguém e muito menos o Eliot.

Assim que Alana chegou na sua nova casa uma forte dor de cabeça começou a sentir, fazendo a perder todas as suas forças.

Deitou-se na entrada sem mesmo se preocupar com os perigos e por lá ficou um bom tempo.

Quando abriu os olhos já estava de noite e já tinha voltado a forma humana.

Expreguiçou-se sem entender o que acontecera e começou a caminhar por entre as árvores do bosque. Chegou ao riacho e nem tão pouco se preocupou em achar a ponte para atravessar. Alana atirou-se a água e caminhou até à outra margem.

Toda encharcada ela continua o seu caminho até casa. Ao lá chegar abriu a porta com calma e logo avista a sua mãe sentada no sofá, com uma caneca de chá em mãos e os olhos vermelhos de tanto chorar.

-Mãe?! - Alana fala chegando perto de Esmeralda que logo a encarou.

Esmeralda deixou a caneca cair ao chão e desatou a chorar enquanto passava os braços pelo corpo de Alana.

-Estas de volta. - ela diz.

-Como assim estou de volta? - Alana parecia não se lembrar de nada do que aconteceu durante aqueles dias.

Esmeralda não entendia como que a sua filha não se lembrava de desaparecer, mas também não ia contar isso já. Primeiro ela queria que a filha descansasse e depois falaria com ela, quando se sentisse melhor.

-Nada meu bem. Vamos descansar. - Esmeralda fala caminhando com Alana ainda emvolvida nos seus braços.

As duas deitaram-se na cama adormecendo ainda abraçadas, mas o que não esperavam era que ia amanhacer em poucas horas.

Assim que o sol começou a entrar pela janela e ia tocando em Alana ela começava a transformar-se no animal da maldição. Conforme a sua forma ia mudando um formigueiro começou a percorreu pelo seu corpo fazendo com que a mesma acordasse.

Red Deer - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora