O Príncipe da França - Kim Taehyung

Capítulo 27

Espanha era muito diferente da França, tanto a arquitetura quanto o ambiente deixavam bem óbvio que estávamos outro lugar. Assim que passamos pela fronteira dos dois países, restos de campos de batalha eram bem visíveis, apesar da neve cobrindo boa parte do solo, manchas de sangue ainda podiam ser notadas, sem falar nas armas, armaduras e tendas rasgadas que estavam jogadas para todo canto. Um cenário horrível, realmente.

Estávamos no início do nosso terceiro dia de viagem, o que significava que Madrid estava cada vez mais perto. Durante duas noites montamos acampamento em clareiras de bosques, era exaustivo montar as tendas para desmanchá-las poucas horas depois, mas Seokjin não queria parar em vilarejos e buscar por estalagens, dizia que não era seguro e Yoongi não queria pedir hospedagem para os governantes das cidades que passávamos.

Hoje acordamos todos antes do amanhecer e partimos de Saragoça para Madrid o mais rápido que podíamos, visto que uma tempestade estava próximo. Yoongi decidiu que não pararíamos em nenhum momento, ele não via a hora de finalmente chegar em sua casa, eu estava ansiosa e enjoada, contrariei sua vontade algumas vezes, o obrigando a parar a carruagem para que eu pudesse vomitar. A estrada desordenada e esburacada só piorava minha situação, eu não conseguia dormir direito e estava exausta. Tanto que, em algum momento, simplesmente desmaiei no colo de Yoongi, acordando apenas quando ele começou a me chacoalhar, avisando que estávamos à alguns minutos de Madrid.

Eu havia caído no sono no começo da tarde e agora o céu já estava completamente escuro. As primeiras casas que apareceram no nosso caminho tinham janelas levemente iluminadas ou estavam escuras também. E quando a paisagem passou de algumas casas entre as árvores para uma casa atrás da outra e a estrada pela qual viajávamos passou de terra para pedras, eu soube que havíamos chegado em Madrid.

A cidade era bem iluminada, com postes em todas as esquinas, e vários estabelecimentos ainda estavam abertos. Tavernas estavam lotadas de gente, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora, e um pequeno evento fazia com que a grande praça central estivesse repleta de pessoas dançando, tocando músicas e comendo em pequenas barraquinhas. Yoongi me disse que estavam comemorando a primeira neve depois de um verão e outono secos. Era comum isso acontecer todos os anos, já que era raro chover durante o outono, o que causava perda de colheitas, quando a primeira neve tocava o chão, uma festa que durava a semana inteira se instaurava por toda a cidade, a população aliviada que o solo de plantio ficaria úmido e perfeito para o final de dezembro, quando a neve diminui e o cultivo de batatas e trigo se inicia.

Aos poucos a movimentação foi ficando para trás, dando lugar a uma localização mais organizada e calma. Mansões se escondiam atrás de altos muros e cercas vivas, algumas eram mais ousadas e tinham muros baixinhos, para que a luxuosidade do exterior fosse exibida para qualquer um que passasse por ali.

E quando os grandes portões do castelo apareceram na nossa frente, minha ansiedade só aumentou e eu não conseguia controlar minhas mãos, que ficavam se esfregando uma na outra, torcendo os dedos e batendo as unhas umas contra as outras. Yoongi, notando isso, as segurou com força e repetiu que tudo ficaria bem e que sua mãe iria me adorar.

Ao passarmos pelos muros, me surpreendi com a arquitetura do castelo. Ao contrário do francês, que era muito bem detalhado e passava uma sensação de organização, o espanhol era muito mais rústico. O grande estábulo foi a primeira coisa que vi, ao lado de duas grandes casas e um grande campo de treinamento, Yoongi disse que os soldados reais viviam nessas casas. Do lado esquerdo, pequenas casinhas que serviam de abrigo para alguns empregados mais importantes, como governantas, estavam alinhadas com uma barracão feito de pedras que servia como escola para os filhos dos empregados e logo ao lado um lugar destinado para plantações. Todas as casas eram feitas de pedras, se não, eram feitas de uma madeira escura. Mais a frente, depois de uma praça, o grande castelo ficava depois de um riacho e uma ponte igualmente de pedras nos levava para dentro.