Nerd/Geek

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Ok, o último capítulo pode não ter acabado muito bem, mas eu juro que eu não continuei daquele jeito. Aquela fase passou assim que eu fiz 11 anos. E mesmo eu tendo melhorado, as restrições da minha mãe não diminuíram. Eu sei que ela me perdoou por tudo aquilo, mas também sei que ela não esqueceu. Eu merecia uma surra por tudo aquilo, tipo merecia ser linxado ou algo do tipo. Mas eu senti vergonha.

Então, aproveitando que eu tinha que ficar mais tempo na escola mesmo, eu me dediquei aos estudos. Vocês não tão entendendo, eu não tirei a cara dos livros, eu não podia errar uma única questão na prova que pra mim toda a prova estava errada. É, eu era esse tipo de aluno nerd. Eu virei o aluno quieto, daquele que só tira boas notas, mas que o resto da turma tem medo que chegue do nada com uma metralhadora pra matar geral. kkkkkkkkk
em resumo: eu não tive muitos amigos.

Mas eu não era compleeeetamente solitário, eu fiz uma ou duas amizades: um garoto nerd também, mas viciado em qualquer tipo de anime, e uma garota repetente, que pagava de durona, mas era tão sensível que era pra ela que eu contava TUDO sobre a minha vida. Ah! Eu menti, também tive uma terceira amizade: um garoto loiro (que eu nunca vou saber se era natural ou pintado), meio bobo, que topava tudo e me lembrava demais o Greg de Diário de Um Banana, ou o de Todo Mundo Odeia o Chris (eu sei que eles não são loiros, mas se você visse esse garoto você ia concordar e achar MUITO parecido).

Éramos nós quatro, o grupinho que andava pra todo lado: Victor Hugo, Amanda e Greg (o nome dele era Matheus mas eu vou chamar de Greg msm assim). Três garotos e uma menina, e como todo mundo era meio nerd/geek a gente se auto declarou o Quarteto Fantástico. Eu ainda lembro do diálogo desse dia.
     A professora estava atrasada pra aula e o Victor e o Greg viraram do nada pra trás pra falar com a gente:

Matheus: Ok, eu tava pensando aqui, um negócio meio doido, mas se vocês pararem pra pensar faz sentido, somos todos seres pensantes, agora pensa comigo---

eVictor o interropeu:

Victor: Tá bom, tá todo mundo pensando fala logo

Matheus: Eu falaria se você não me interrompesse

Victor: Você tá demorando muito, deixa eu explicar

Matheus: Ah mas a ideia foi minha, eu queria explic---

Eu e Amanda: Cala a boca Greg!!!! A professora vai chegar.

Victor: Então, a ideia foi do Matheus, mas olha, a gente anda sempre junto, somos três meninos e uma menina e todo mundo gosta da DC, então nós somos o Quarteto Fantástico!

Eu: O quarteto fantástico é da Marvel.

Amanda: Qual foi Lucas, finge que é da DC.

Eu: Ok então quem é quem?

Amanda: Obviamente eu sou a Mulher Invisível

Matheus: É, você é a única menina

Victor: E o Greg é o Tocha jjkkk por causa do cabelo platinado

  Eu e Amanda rimos bastante com isso kkkkkkkkkkk

Matheus: Ué! Ah, então você é o Coisa

Victor: Por que eu?

Matheus: Por que você é feio e careca

Amanda: Haha olha quem fala

Eu: Ok então só sobrou pra mim o Homem Elástico

Victor: Eu não concordei em ser o Coisa

Matheus: Mas agora você é o Coisa e o Lucas é o Homem Elástico

Eu: Espera então eu sou o líder?

Victor: É mais ou menos, o Homem Elástico não é tão O Líder  assim

Matheus: Mas é você é o líder e você casa com a Mulher Invisível

   Eu quase corei, mas Amanda me salvou falando:

Amanda: Ah nem vem querer mandar em mim kkkkkkkk

Entenda: Eu gostava da Amanda. E parece que tava tão na cara que todo mundo sabia e me zoava por isso. Mas ela não gostava de mim. Eu tenho quase certeza que era por que a Amanda era lésbica (e pode realmente ser isso por que o meu gaydar não falha). A Amanda também era uma das últimas a ser buscada na escola, então nós ficávamos ate tarde depois do horário batendo papo. O Victor Hugo também ficava lá às vezes, por que ele teimava de só ir embora depois que minha mãe me buscasse.

Foi nessa época que eu descobri minha bissexualidade por que assim como eu gostava da Amanda, eu também gostava do Victor (Eu não sei por que, eu acho um nome tão bonito, mas ele odiava que a gente o chamasse pelo nome todo: Victor Hugo), mas como nós éramos dois garotos, mesmo que muito próximos as pessoas não suspeitavam a ponto de zoar assim.

  Acontece que o Victor eu tinha certeza que também gostava de mim. Ele me fazia desenhos e colocava debaixo da minha mesa antes de começar a aula. Não eram desenhos românticos, era o Pikachu, o Jigglypuff ou qualquer outro Pokémon, às vezes o Goku ou o Vegeta. Acho que por conta dele que eu gostei de desenhar, talvez. Teve um dia que eu não achei o desenho dele debaixo da minha mesa, acho que ele tinha esquecido, mas eu iria cobrar.

Estávamos eu e Greg jogando bafo no intervalo quando o Victor passou por mim e eu meio que gritei:

Eu: EI HUGO! Desenha o Rock Lee pra mim hoje?!

Ele se virou meio corado e o Greg começou a olhar pra gente com a mesma cara do Buzzlightear do meme

Matheus: Você faz desenhos pra ele?

Victor: Eu não vou desenhar o Rock Lee por que eu não vejo Naruto, Naruto é ruim, Dragon Ball é melhor

Olha eu não assistia muito anime naquela época, só os clássicos e os episódios tudo fora de ordem, eu não podia opinar sobre isso mas o Greg tava olhando pro Victor com uma cara de "QUE?????!!!". Aí só por que ele falou que Naruto é ruim eu pus na minha cabeça que Dragon Ball é melhor. Eu defendia o Victor em tudo. Defendi até mesmo quando o Greg disse que ele não sabia desenhar, só copiava os rostos da TV, mesmo eu sabendo que era verdade jjkkk mas pelo menos o Victor copiava bem

Acho que o Quarteto Fantástico foi meu alívio cômico daquela época, tava tudo certo e poucas coisas me preocupavam quando eu tava com eles. Eu ainda fazia muito esforço pra me dedicar as minhas notas e qualquer errinho continuava sendo o fim do mundo, mas pelo menos eu tinha eles. Acho que com toda essa fama de nerd e com o fato de meu pai ter sumido totalmente da face da terra, me tornando o homem dali, fez com que as pessoas (lê-se adultos) depositassem em mim uma maturidade desnecessária, um peso enorme pra carregar. Perto deles eu só sentia leveza.

Cry, if you want to Onde histórias criam vida. Descubra agora