Mais Do Que Irmãs (Catradora)

Chapter one

Zona do medo
13 anos atrás

*                              *

–Depois do que você fez ainda deveria considerar?– A mulher de cabelos negros perguntou para a mais nova.

–Me desculpe e..e..eu não quis eu s...–Um estalo ecoou pelo cómodo,  catra sentia a bochecha direita arder os olhos ficando embaçados pelas lágrimas que ameaçavam cair– Eu avisei a você e mesmo assim ainda optas por fazer essas MERDAS!–esbravejou irritada–Eu cuidei de você quando ninguém te quis e é assim que me agradece? Pois bem. Procure um novo lar–cuspiu as palavras,  a morena arregalou os olhos assustada, a dor na face não era nada comparada a dor que estava sentindo no coração.

–P..po f..f..favor sharon– dizia entre soluços, mas de nada adiantou já sentia a mão fria de sua guardiã segurar o seu braço a arrastando para fora de casa–Não me procure criança insolente –disse por fim fechando a porta. A pequena observara a porta de carvalho tentando limpar o seu rosto, cogitou a ideia de bater a porta e suplicar mas sabia que não adiantaria quando a mais velha colocava algo na cabeça ninguém conseguia mudar a sua ideia.

Estavam no Outono o ambiente frio e gotas de água caindo, e ela só  usava uma blusa surrada  que era mais fina que um lençol de terceira e um short que era o seu pijamas isso não a protegeria do frio da noite. Se continuasse ali provavelmente pegaria um resfriado mas para onde uma criança de 5 anos podia ir no meio da madrugada?

Observou mais uma vez a porta com a esperança de que ela voltaria mas nada, percebendo que sharon não mudaria de ideia olhou a rua quase iluminada pelos postes maltratados , alguns oscilavam e outros simplesmente não acendiam. Mesmo com o frio e o medo que a percorria , abraçou o seu corpinho tentando transmitir algum calor e caminhou pela rua. A cada passo olhava ao redor a sua roupa já se encontrava bastante húmida, o corpo esguio se arrepiava e ela sentia um bolo se formando em sua garganta , mas ela não ia chorar não ia derramar nenhuma lágrima....

Com as perninhas doendo ela parou a caminhada notando não estar mais na sua antiga rua, caminhou tanto que atravessou a ponte para o lado dos "riquínhos" era assim que chamam Lua clara. E o nome já dizia tudo, Lua clara era o bairro mais bonito de Etheria onde famílias com dinheiro viviam , não se comparava ao lixo que era a zona do medo, Catra sempre conseguia dar uma fugida de casa para apreciar o outro lado da ponte , casas luxuosas e lindas quem não gostaria de viver por lá?.

Olhava de fininho as lojas fechadas a estrada sem buraco algum, os postes todos funcionais, os gramados verdes e brilhantes mesmo durante a noite. Estava perplexa com tamanha beleza, mas ainda precisava encontrar algum sítio para ficar pelo menos aquela noite– talvez tenham caixas de cartão–pensou.

Depois de uma procura sem sucesso por uma caixa de cartão, encolheu-se perto de uma das imensas mansões abraçando os joelhos,  ela podia chorar e gritar liberando tudo o que sentia. Tudo isso por partir uma jarra? O quão importante um bem material podia ser ao ponto de expulsar um ser humano de casa. Na cabecinha de catra não fazia sentido,  será que ela fizera mais alguma coisa que tenha irritado sharon a mulher não era um exemplo de mãe ou qualquer outra figura adulta mas ainda assim, era ela que lhe dera lar e comida– será que a minha heterofobia fez ela me expulsar também? – sussurrou para si tentando engolir mais um choro mas dessa vez sem sucesso ela deitou-se no chão frio e húmido chorando e pedindo para que sobrevivesse pelo menos por hoje....