- Então nós vamos pular no tobogã e depois n-nós... Tia Camila, oque vamos fazer depois mesmo?.- Me virei no banco encarando a figura menor da menina de cabelos loiros, com a expressão sapeca esperando animada uma resposta.- Vamos fazer oque vocês quiserem depois.
A menina de olhos azuis assim como o do irmão, apenas sorriu chacoalhando sua cabeça. Sua animação não era algo que me surpreendia, pois sempre foi uma garota alegre e sapequinha, mas o mesmo não acontecia com Sofia, minha irmãzinha, que mantinha o olhar perdido na paisagem que passava como um pequeno disco em sua janela embaçada por conta das pequenas gotas de chuva.
Não ousei chamá-la, não queria interromper oque sua linda mente infantil estava imaginando naquele momento, mas como uma boa especialistas em linguagem corporal eu me permitir analisá-la discretamente. Sua testa estava franzida como se algo a incomodasse, sua boca se mantinha entre aberta soltando suspiros pesados que, qualquer outra pessoa não repararia de tão discretos que eram. Suas mãozinhas estavam apoiadas no vidro e vez ou outra, os pequenos dedos se fechavam contra o nada a procura de conter oque estava dentro de seu peito querendo sair.
- Senhorita? Chegamos.- Desviei o olhar de Sofia e encarei o senhor taxista, que sorria gentil, apontando para meu prédio. Acenei com a cabeça me desculpando pela falta de atenção, mas o homem apenas balançou a cabeça sinalizando que não se incomodava com aquilo.
Peguei algumas notas dentro do bolso da calça e entreguei para o homem. Abrir a porta do passageiro fechando os olhos levemente por conta dos chuviscos que caiam no meu rosto, a porta de trás foi aberta por Rose, que saiu animada pulando em uma poça com suas galochas amarelas, logo atrás veio Sofi com a mesma expressão de frustração e cansaço e uma pitada não tão pequena de tristeza, e eu sabia o porque.
- Rose guarde as suas coisas no quarto .- A loirinha saiu em disparada, marcando todo o meu chão de lama.- Sofi?.- Minha irma nem ao menos desviou o olhar de sua mochila apenas fez um barulho nasal, voltando a procurar algo dentro da mesma.
- Podemos conversa um pouco? Vejo que está triste com o fato da mamãe est.- Um barulho alto ecoou pela sala me assustando, Desviei o olhar para Sofia que respirava ofegante e suas pequenas mãozinha estavam fechadas em punho, ela me encarava com rancor e como a frouxa que sou apenas abaixei a cabeça.
- Você prometeu que nunca iria embora, que brincaria comigo, você prometeu que cuidaria de mim se caso a mamãe voltasse a fazer coisas ruins, mas você não estava lá, você nunca vai estar. - Fechei meus olhos contendo as lágrimas que insistiam em sair.- Então não culpa só a mamãe kaki, você também fez isso comigo.- Ouvir os passos de Sofia pela sala até que o som sessou, indicando que a menina saiu do cômodo, para longe de mim assim como eu fiz com ela.
Nada no mundo poderia justificar a minha quebra de promessa, mas eu não podia, não podia ver minha mãe se matando a cada dia mais, eu não podia lidar com a morte de Ross estando naquela casa, com aquelas pessoas que cobravam tanto de mim. Mas no fundo eu só pensei em mim mesma e no meu bem estar, quando o psicológico da minha pequena irmã também estava em jogo, mas oque eu poderia fazer? Arrancar a garota dos pais? Com qual propósito? Tentar livrar ela da dor que doía apenas em mim?
Eu nunca poderia me perdoar por deixá-la e quebrar a promessa que voltaria para brincar com ela e proteger a mesma do bicho papão de seu armário, e agora o maior medo dela é manter qualquer tipo de contato comigo, me dói saber que o "bicho-papão" que ela tanto temia, se tornou pequeno, comparado ao medo dela de se reaproximar novamente e eu partir, como da última vez.
Pequenas batidas na porta me fizeram limpar as lágrimas que molhavam minha bochecha e deixavam meu nariz em um estado deplorável, me ajeitei como pude, abrindo a porta sem nem olhar quem era. Por alguns segundos me esqueci como se respirava, analisei a mulher a minha frente desde a ponta de seu tênis super brancos até os cabelos ondulados que caiam molhados em seu ombro.
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Our heart G¡P
FanfictionHá quatro substâncias químicas naturais em nossos corpos geralmente definidas como o "quarteto da felicidade": endorfina, serotonina, dopamina e oxitocina que são liberadas pelo nosso querido e sábio cérebro, mas e se eu disser que talvez a ciência...