Capítulo 5
- Alex está com fome. - Saray dizia enquanto mantinha a menina em seu colo.
- Então agora seremos babás dessa criança? - Zahir cruzava os braços se virando para a robô ao seu lado. Alex virava o rosto se aninhando em Vargas com medo da outra que a fuzilava.
As duas permaneciam de pé na frente do restaurante. As pessoas e androides que passavam por ali sequer as olhavam. Todos, não somente em Madrid, mas em diversas cidades da Terra, seguiam suas vidas em um modo automático, blasé, sem observar o que estava à volta.
Uma mulher passava ali perto, por exemplo, conectada a uma inteligência artificial que ficava 24h em sua mente a lembrando de seus afezeres, oferecendo notícias para ler, objetos em promoção para comprar, e recordando o horário que chegaria em casa no fim do dia onde mal conseguia conviver com seus filhos que já estariam dormindo embalados por um robô doméstico o qual trabalhava, obviamente sem remuneração, para sua família a alguns anos. Em sua bolsa carregava alguns comprimidos, semelhantes aos que Macarena ingeria diariamente, que faziam com que suportasse tanto tempo de trabalho e sequer sentisse culpa ou qualquer tipo de arrependimento por isso. Ela não estava vendo os próprios filhos crescerem...
Do outro lado da rua um homem passeava com seu cachorro robô, que não tinha necessidade fisiológica alguma mas era uma máquina bonita o suficiente para chamar a atenção de alguém no parque. Ele seguia a caminho do lugar, e procurava a alguns meses se envolver com uma humana pois seu relacionamento terminara recente e não conseguia ficar sozinho. Aquele humano era adepto somente das máquinas em forma de animais ou objetos. Sentia repulsa quando se deparava com androides que se pareciam com humanos... Já havia tido que pagar algumas multas, inclusive, por agredir robôs por aí aleatoriamente, somente por terem cruzado seu caminho.
Perto dali um mendigo humano estava sentado na calçada. Ele usava roupas tão sujas que as demais pessoas faziam questão de desviar para não sentirem o cheiro, atravessando a rua ou passando por ele apressadas, sem encará-lo nos olhos. Suas mãos seguravam o tronco de um robô a muito jogado no lixo... Algumas palavras escritas diziam: "perdi meu emprego para um androide. Por favor, me ajude."
- Preciso de outras roupas. - Zulema falava apontando para as peças que vestia do segurança do laboratório. - Vamos assaltar uma loja.
- Não, não mesmo! Já cometi crimes suficientes hoje! - Vargas negava andando em direção à uma galeria próxima e fazendo com que a mais velha a seguisse - Eu tenho acesso à conta do James até verificarem que ele morreu e bloquearem... Vamos comprar as roupas e depois conseguiremos comida para a Alex em alguma conveniência.
Zulema assente e as duas logo mais estão de frente às peças que a morena escolhia colocando-as dentro de uma mochila que também estava à venda no local. Saray fazia o mesmo que ela e pedia que Alex também escolhesse algumas vestes.
- Acho que essa combina contigo, Zule. - a mulher apontava para um casaco preto com diversos bolsos nas laterais, ele fazia par com uma calça legging que combinaria com as botas que a outra calçava... Que antes pertenciam ao segurança e foram pegas por ela em sua fuga do lab.
- Zule? - a morena questionava confusa.
- Sim! É um apelido carinhoso. - a cigana respondia, enchendo sua mochila com o que encontrava na loja, sem entender por que a outra perguntava tal coisa.
Em seu sistema Zahir procurava o que significava aquilo, mas ao não encontrar referências, continua:
- O que é um apelido carinhoso? Não tenho nenhum dado sobre isso... - frente à afirmação da outra, Vargas fica perplexa e faz uma busca no que continha no sistema de Zahir. Seus olhos ficam inteiramente brancos durante o processo. Quando finaliza, exclama:
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Você consegue sentir?
FanfictionAU Zurena Ano 3800. Os humanos dividem suas vidas com robôs e diversas outras tecnologias. Alguns não moram mais na Terra, muitos se mudaram para povoar outros planetas. Macarena passou grande parte de sua vida estudando e se empenhando para conseg...