Noah ia visitar Joalin enquanto ela ainda estava internada,e ocasionalmente a via na cantina,e parava para conversar um pouco e saber como ela e Bella estavam indo. E ela estava indo muito bem. Joalin via progressos todos os dias. E não apenas com Joalin.O gelo estava derretendo entre ela e sua mãe,também. Ela fazia uma visita dia sim,dia não, inicialmente com o pretexto de ver a neta,depois para levar suprimentos para Joalin,e finalmente,apenas para levar um presente. Também foi Johanna quem mostrou ser uma improvável fonte de conforto,quando o leite de Joalin começou a diminuir de repente.
– Quanto mais você se estressar com isso,pior vai ficar. –Johanna disse firmemente, enquanto Joalin chorava,usando a bomba para tirar o leite do seio que tanto detestava.
Mas com apenas três semanas,Bella mamava muito pouco no seio da mãe antes de ficar exausta,e tinha que receber a alimentação por meio de um pequeno tubo,que ia de sua boca até seu estômago. Joalin estava lutando para produzir leite suficiente,e odiava a sala asséptica onde sentava por horas,para produzir apenas uns poucos mililitros.
– É importante que ela receba o meu leite. – Betty rangia os dentes. O especialista em lactação havia dito aquilo a ela.
– É mais importante que ela se alimente. – Alice se recusou a recuar; ela estava cansada da pressão que a filha estava sofrendo,e frustrada por causa de Joalin. – Eu também não pude amamentar você,Joalin. Eu tive que começar a dar a mamadeira quando você só tinha quatro dias.
– E olhe só para mim agora.– ela estava sobrecarregada, sentada ali,chorando frequentemente,os nervos à flor da pele,olheiras escuras e profundas por causa das mamadas a cada duas horas, falida,e ainda por cima,mãe solteira.
Aquela era,na verdade, a sua primeira vaga tentativa de brincar com a mãe nos últimos tempos,e por um momento Johanna não entendeu. Então,ao abrir a boca para continuar com o sermão,a ficha caiu,ela olhou nos olhos da filha e começou a rir,e Joalin também.
– Você se deu muito bem.–Johanna disse,quando as gargalhadas diminuíram e as lágrimas,que nunca demoravam muito a chegar naqueles dias,enchiam os olhos de Joalin. Aquela era a coisa mais amável que sua mãe lhe dizia em muito,muito tempo
– Vá almoçar! – Joalin apanhou a mamadeira com a quantidade pequena de leite, colou um rótulo com o nome de Bella e colocou-a na geladeira– Eu termino tudo por aqui. Vá relaxar um pouco.– mas Joalin não conseguia relaxar. Joalin preferia muito mais a rotina segura que ela mesma havia estabelecido.
Vivendo na pequena área reservada para as mães,ela estava feliz com seu quarto espartano,e as noites que passava conversando com outras mães ansiosas. Seus dias eram preenchidos amamentando Bella ou retirando leite, ganhando mais autoconfiança com a filha sob o olhar vigilante da enfermeira,e demorando horas para escolher o que comer no cardápio que recebia uma vez por dia. Mas de vez em quando,sua mãe insistia para que ela fosse "relaxar". E Joalin detestava aquilo. Não havia muita coisa para fazer. Chamar os jardins do hospital assim era um grande exagero,o estoque dos caramelos preferidos de Joalin na lojinha de presentes acabara havia tempo; e ela já tinha lido cada uma das revistas disponíveis pelo menos duas vezes.
Ela havia ido visitar o setor de emergência algumas vezes,mas parecia sempre chegar na hora errada,o departamento estava constantemente cheio e as pessoas,ocupadas; e ela ficava sentada,sentindo-se estranha e sozinha,na sala de convivência. Mas,acima de tudo,ela detestava a cantina,onde o melhor meio de se autodescrever era "quase,mas não exatamente".
Quase uma funcionária do hospital.
Quase uma paciente.
Quase uma mãe.Mas ela não usava uniforme. Não tinha uma pulseirinha de identificação no braço. E nem um bebê no colo. E o que era pior,suas colegas,quando estavam presentes,a chamavam para comer com elas,e depois de alguns minutos falando sobre o progresso de Bella,Joalin ficava sentada,brincando com o iogurte,ouvindo Shivani tagarelar sobre o fim de semana louco que tivera,e Hina resmungar sobre estar de plantão durante as noites seguintes. E então ela o viu. Empurrando a bandeja pelo buffet enquanto escolhia o que comer no almoço,e Any estava a seu lado,vestindo uma saia preta justa e sapatos de salto agulha vermelhos,seus cachos negros caindo-lhe pelas costas enquanto ela ria de alguma coisa que ele estava dizendo; e Joalin sentiu algo se apertando dentro dela.
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𝐔𝐌 𝐏𝐄𝐐𝐔𝐄𝐍𝐎 𝐌𝐈𝐋𝐀𝐆𝐑𝐄 ☕︎︎ 𝑛𝑜𝑎𝑙𝑖𝑛
RomanceVale a pena arriscar o coração pelas dadivas mais preciosas da vida...Noah Urrea está tentando recomeçar. Desta vez na emergência de um hospital de Melbourne. Já se passaram quase quatro anos desde que perdeu sua esposa e o bebê que ela esperava, e...