Um Encontro Fatal (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 08

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Capítulo 08

Fico um segundo olhando-a. Cláudia envolve o corpo com os braços, como que se protegendo, e balança ininterruptamente para frente e para trás, ninando um bebê que só ela vê. Ela me faz lembrar um bicho acuado, temendo ser capturado pelo seu algoz. Os pelos da minha nuca ficam eriçados, tenho consciência que o caso terá uma reviravolta se eu conseguir apertar os botões certos com essa menina. Repiro fundo endireito a postura e vou encontrá-la.

― Oi, bom dia. O policial disse que você queria falar comigo. Lembrou alguma coisa sobre a garota na foto? A Jennifer? ― Eu sei que ninguém lembra algo que nunca esqueceu, mas se a abordagem não fosse sutil ela sairia correndo e eu ficaria de camarote vendo a melhor chance de desvendar o caso se esvair pelos meus dedos.

― Podemos conversar em outro lugar? ― Ela pergunta com a voz baixa, não mais que um sussurro.

― Claro. ― Levo-a para minha sala, julgando ser um ambiente menos hostil. Clarissa me acompanha calada, o que é um feito notável. ― Você quer alguma coisa? Uma água, um refri, na verdade não tomamos café da manhã ainda, e você podia nos acompanhar, a Clarissa pode buscar algo pra nós não é Clarie?

― Lógico, um sanduíche?

― Sanduíche está bom. ― Cláudia diz envergonhada.

― Ok, garotas já volto.

― Essa é Clarissa, minha melhor amiga e companheira de trabalho. Parece meio louca, mas é gente boa. A Jennifer também era sua amiga? ― Tento deixá-la confortável.

― Sim. Eu gostava muito dela. ― Bom começo.

― Você também é do Rio Grande do Sul?

― Não. Mas não quero falar sobre mim. ― Passo em falso.

― Ok, sobre o quê você quer falar então?

―É verdade o que eu ouvi à senhora dizer lá no Studio?

― Que a Jennifer foi assassinada? Sim, é verdade. Infelizmente. ― Vejo o choque nos olhos dela, e o esforço para conter as lágrimas, Cláudia desperta em mim um sentimento até então desconhecido.  Um sentimento maternal. Tenho a súbita vontade de consolar essa garota, de proteger. Ela parece ainda mais frágil e magra do que ontem, como isso é possível?