Você é interessante

28 5 23
                                    

Normani foi ao parque jogar basquete depois da aula. Só para passar o tempo. Mas não conseguiu concentrar-se no jogo e ficou o tempo todo de olho nos fundos da casa de Dinah.

Quando chegou em casa, chamou a mãe.

:- Mãe! Cheguei!

:- Normani – ela respondeu. – Tô aqui! Na garagem.

Ela pegou um picolé de cereja no freezer e foi até lá. Sentiu o cheiro de preparado para permanente assim que abriu a porta.

O pai de Normani transformara a garagem da casa num salão de beleza quando Khalid entrou para o jardim de infância e a mãe, para a escola de estética. Havia até um pequeno letreiro pendurado na porta lateral. “Salão da Andrea”.

Todos do bairro que podiam pagar por um corte de cabelo vinham ver a sua mãe. Nos fins de semana de bailes e formaturas ela passava o final de semana inteiro na garagem. Os olhos dela arderam devido ao cheiro.

:- Oi, mãe. Oi, Ally.

:- Oi, filha – cumprimentou a mãe.

Ally abriu um grande sorriso em sua direção.

:- Fecha o olho, Ally – disse a mãe. – Fique parada.

:- E aí, Sra. Hamilton – começou Ally, segurando um paninho branco sobre os olhos –, já conheceu a namorada de Normani?

Andrea não tirou os olhos dos cabelos tingidos da baixinha.

:- Nããão. – respondeu ela, fazendo pouco caso. – Namorada nada. A Normani, não.

:- U-hum – disse Ally. – Conte pra ela, Normani. Ela se chama Dinah, entrou no colégio esste ano. Não tem como separá-las no ônibus.

Normani encarou Ally, chocada por ela tê-la delatado daquele jeito. Admirada por sua percepção colorida da rotina no ônibus. Surpresa por ela ter prestado atenção nela, e em Dinah. A mãe de Normani olhou para a filha, mas por pouco tempo; estava num estágio crítico com o cabelo de Ally a lhe marejar os olhos.

:- Não tô sabendo nada de namorada – disse ela.

:- Aposto que já viu a menina aqui no bairro – Ally falou, confiante. – Ela tem um cabelo loiro super bonito. Cacheado natural.

:- É mesmo? – perguntou a mãe.

:- Não – disse Normani, com raiva e tudo mais girando no estômago.

:- Mas como você é boba, Normani – Ally afirmou, por trás do paninho. – É claro que é natural!

:- Não – ela disse –, não é minha namorada. Não tenho namorada – ela falou a mãe.

:- Tá bom, tá bom – disse ela. – Muito papo de mulher, Ally. Vai ver o jantar agora – pediu a Normani.

Ela saiu da garagem, ainda querendo discutir, sentindo ainda mais negação coçando na garganta. Bateu a porta, depois entrou na cozinha e socou tudo quanto pôde lá dentro. O forno. Os armários. A lata de lixo.

:- Mas que diabos você tem? – perguntou o pai, entrando na cozinha.

Normani congelou. Não podia se meter em confusão naquela noite.

:- Nada – respondeu. – Foi mal. Desculpa.

:- Poxa, Normani, desconte no saco de boxe... – Havia uma saco de pancada antigo na garagem, pendurado do lado oposto. – Andrea! – o pai gritou.

:- Aqui fora!
 

[...]
 


Dinah não ligou durante o jantar, o que foi bom. O pai tinha ficado bravo com a bateção na cozinha.

Dinah&Normani - NorminahWhere stories live. Discover now