Capítulo Oito

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O final de semana seguinte, três dias após Luiz se mudar de vez para o apartamento. Eu acordo e como sempre no maior silêncio possível eu me movimento para conseguir ficar numa posição perfeita que desse para eu ver todo o seu rosto adormecido.

- Para de me encarar. – A voz de Luiz me pega de surpresa, com o susto eu deslizo pela cama e caio no chão. Vejo quando ele se apoia pelos cotovelos afim de me olhar, seu rosto estava contraído, eu me coloco de pé antes mesmo que ele caia na risada.

- Vou fazer o café. – Eu falo saindo do quarto as presas, ao fundo a voz dele me faz rir.

- A próxima vez, se quiser, arrumamos uma cama para você no chão.

Sigo o meu caminho até a cafeteira para não dar corda as brincadeiras de Luiz, coloco o pó na máquina e ligo, e devagar eu observo quando a água quente começa a passar pelo café, e caindo na jarra em baixo. E como sempre, o cheiro de café sendo coado envolve todo o apartamento. Os minutos se passam, eu já estou sentando a mesa com uma xícara de café nas mãos, ainda tonto de sono, me limito a sentar e olhar para o nada enquanto Luiz caminha até o banheiro e liga o chuveiro. De frente para mim a maçaneta da porta da sala se mexe repetidas vezes e um barulho de chave indo de encontro à fechadura me puxa para realidade, caminho até a porta e pelo olho mágico a vejo, seus cabelos vermelhos não nega, respiro fundo e de forma teatral puxo a porta com uma força que não é necessário, o espanto no rosto de Ester fez tudo valer a pena.

- Cadê sua chave? – Pergunto, ela ainda está parada olhando em minha direção, ela pisca duas vezes seguidas, em seus olhos eu já percebo a história toda mesmo antes dela contar. – Você perdeu a chave do meu apartamento de novo?

- Então. – Ela caminha até a cozinha, a vejo quando se serve de café e volta bebericando devagar o líquido quente. Ester torna a olhar em minha direção e ela se toca que precisa me dar uma explicação. – Eu não sei onde coloquei.

Ela abre o maior sorriso possível e eu como sempre fecho cara, olho para ela sério, mas dura poucos segundos.

- Acho melhor não dar mais nenhuma chave para Ester – Luiz fala a porta do banheiro, Ester o olha, e abre um sorriso recheado de deboche.

- Luiz, você acabou de chegar. Não tem direito de opinar. – Ester dá um soquinho no ombro dele enquanto ele passa por trás dela. Ela olha de novo em minha direção.

- Pela quantidade de chaves do meu apartamento espalhado por toda São Paulo me faz querer trocar essa fechadura. – Pesco o meu molho de chaves na bancada da cozinha, retiro a do apartamento. – Por favor, Ester. Não me faça arrepender.

Ela faz que não com a cabeça movimentando seus cabelos presos num rabo de cavalo. Pondero mas jogo a chave em sua direção, ela incrivelmente, numa distância de nem um metro deixa cair no chão ecoando o barulho por todo apartamento.

- Ops. – A única coisa que ela pronuncia, enquanto se abaixa e pega a chave do chão. E como se nada disso tivesse acontecido, ela olha em volta e fala o mais histérica possível. – Vamos sair hoje "Luardo"?

- Do que você chamou a gente? – A voz de Luiz vem alto do quarto, na certa ele estava gritando.

- "Luardo" – Ela repete as palavras em um tom mais alto. Eu e Luiz não falamos nada em resposta, eu apenas a olho. Vejo quando Luiz caminha até a porta do quarto e para de braços cruzados no batente da porta. Ester olha para nós dois. – Vocês sabem ne. É um ship. Um nome de casal. Luiz e Eduardo – Ela fala apontando em nossa direção de acordo com nome. – "Luardo"

Os olhos de Luiz cruza com os meus e permanecemos assim. Quando você conhece alguém e consegue manter uma conversa sem diálogos apenas por olhares, bem, essa pessoa na certa é alguém que você queira manter por perto. Eu dou de ombro e ele sorri. Aceitamos ser chamados de Luardo!

A Felicidade tem os Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora