Capítulo Dez

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- Você está bem? - Luiz me pergunta. Já faz um mês que estou no Rio de Janeiro, e todo o dia nos falamos ao telefone, para que de alguma forma compense essa distancia toda. Me jogo no sofá, a saudade bate tão forte que consigo sentir as pontadas dela por todo o meu peito.

- Sim - Repondo, com telefone ainda na orelha - Hoje foi corrido na empresa, mal tive tempo de pegar no celular.

- Hoje tem um encontro do grupo, queria que você tivesse aqui - A voz dele me puxa de novo pra ele, vejo a pulseira em meu pulso e mesmo a milhares de quilômetros de distância é como se ele tivesse do meu lado.

- Eu também queria estar aí - Falo por fim, ele solta uma risada fraca e eu me esvaio como a fumaça que é soprada logo após de ser tragada.

- Vai fazer o que nesse fim de semana - Eu levanto do sofá e caminho em direção ao meu quarto em passos cansados.

- Provavelmente Netflix sem dó nem piedade.

Me jogo na cama e ele então se despede para poder ir ao encontro, mas avisando que tornaria a ligar quando retornasse, mal formulo as palavras, porque logo após ele desligar, os meus olhos se fecham e só tornam a abrir tarde, eu ainda estou de calça, a camisa social tinham alguns botões abertos, com toda certeza o cansaço me ganhou e me ganhou feio, busco pelo meu celular por meio dos lenços, e depois de um bom tempo o encontro, o aviso de 15% da bateria pisca na tela, mas nada se compara com a notificação de algumas ligações perdidas de Luiz, abro a conversa com ele e de imediato algumas fotos são carregadas, clico e vejo Luiz, Ester e Charles abraçados no fim do encontro, eles estão, literalmente, com gliter e purpurina dos pés a cabeça, sorrio ao ver a próxima foto, em uma selfie, Luiz sorrir para a câmera, com um sorriso largo e cheio de vida, o rosto dele esta brilhando, a lente do óculos está um misto de cores, mas mesmo assim, ele transmite uma paz, e isso me reconforta, ele está feliz!

Respondo a mensagem dele, ponho o aparelho para carregar, e então me levanto da cama, claramente o sono não existe mais, caminho para o banheiro, ligo o chuveiro e deixo com que a água escorra pela minha pele, num caminho completamente livre de qualquer empecilho. Depois de um longo banho saio do banheiro vestindo apenas uma cueca box limpa, ligo a TV, busco pela serie que há tempos estava lutando para terminar, e então, antes de clicar no play, desço as escadas e volto com uma garrafa fechada de vinho.

- Desculpa Luiz, sem taças hoje - Falo quando abro a garrafa e viro na boca, o liquido desce pela garganta e de imediato eu percebo que uma garrafa é muito, mas mesmo assim torno a beber.

Abro os olhos no exato momento que ouço o meu nome por trás da porta, demoro em raciocinar, a dor de cabeça vem a galopadas, o que me faz fechar de novo os olhos e deitar a cabeça sobre o travesseiro, ouço a porta se abrir quando a pessoa não obtém uma resposta minha.

- Então, você deu uma festinha e nem pensou em me convidar? – Levanto a cabeça rápido demais, serio não façam isso, a dor de cabeça aumenta, mas quando meus olhos encontram Luiz na porta do meu quarto a dor se desfaz, um sorrisinho quase que malicioso se abre em seu rosto, e então eu tenho a consciência da cena, estou apenas de cueca, bêbado e uma garrafa de vinho vazia ao meu lado.

- A noite foi intensa – Digo pegando a garrafa e mostrando a ele – Essa danada queria mais de mim do que podia dar.

- Te entendo – Ele fecha a porta atrás de si e caminha em minha direção, seus lábios beijam os meus de forma gentil, quando o seu rosto se afasta eu o trago de novo para mim, puxo o seu corpo que cai de imediato sobre o meu, no meio de encontro e desencontros de boca, minha voz sai rouca.

- O que está fazendo aqui? – Ele para e se afasta, seu cabelo está impecavelmente bagunçando, porque nada definitivamente fica feio nele, mas no meio daquele mar de fios, uma quantidade absurda de gliter e purpurina brilham com o reflexo que vem da janela

A Felicidade tem os Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora