Capítulo Nove

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- Alguma coisa? – Pergunta Luiz de pé, perto da porta. Seu cabelo bagunçado me faz sorrir mesmo estando cansado, ele tira os óculos do rosto quando eu nego com a cabeça.

- Não há vaga. É o que me dizem – Falo sentando no sofá. – Andei por vários lugares, parei em alguns escritórios, mas ninguém está disposto a oferecer uma vaga.

- Você vai encontrar alguma coisa, alguém vai ver o potencial que você tem – Luiz fala me puxando para perto dele. – Sua mãe ligou para mim.

Eu olho para ele surpreso demais para raciocinar qualquer palavra. Meus pais e Luiz se davam bem, mas nenhum deles havia ligado para Luiz, ou Luiz ligado para eles em todo esse tempo.

- Ela falou que te ligou, mas você não atendeu. – Puxo o meu celular e vejo a chamada perdida. – Ela pediu para você ligar para ela.

Faço que sim e retorno a chamada.

- Oi, meu filho. – A voz da minha mãe ao fundo é gostosa de ouvir, e só então eu percebo o tanto de saudade que eu estou carregando dentro do peito – Teve alguma sorte?

Pigarreio antes de falar, e ela não me deixa completar.

- O Sr. Santiago está procurando alguém para ocupar uma vaga. – Me ponho de pé, Luiz olha em minha direção. Um sorriso grande já se abria em meus lábios. – Eu não entendo muito bem dessas coisas, você sabe. Mas ele pediu para que você viesse vê-lo. Talvez você possa se interessar pela vaga.

Dr. Santiago é um advogado reconhecido no Rio, o foco do escritório dele é representar empresas multifuncionais em processos judiciais, e por sorte, ele é um grande amigo dos meus pais. Ele já havia me oferecido um cargo antes, mas eu não tinha pretensão de sair do escritório, bem, isso até eu ser mandando embora.

- Pode deixar mãe. – Eu olho para Luiz e um balde de água fria me traz para a realidade. – Muito obrigado pela noticia, Te amo.

Desligo logo após dela falar que me ama, e que eu mandasse um beijo para Luiz.

- Ela me ligou antes e me contou a notícia. – Luiz fala ainda sentado no sofá, ele remexia o pé num ritmo um tanto quanto rápido demais enquanto continua falando. – Mas eu preferi que ela te contasse.

- Eu não preciso ir – Eu falo colocando o celular no bolso. Luiz para de mexer o pé e me olha ainda mais sério. – Eu posso tentar encontrar algo por aqui. Você sabe, perto de você.

- Não. – Luiz se levanta e pega a minha mão, seu toque gentil arrepia a minha pele. – Não precisa fazer isso por mim, eu entendo o quanto isso é importante para você.

- Você pode vir comigo. – Eu falo, mas eu sei que é um pedido difícil de aceitar. Ele mexe a cabeça, mas seus olhos ainda ficam fixos nos meus.

- Talvez quando eu terminar a faculdade – Ele fala e encosta a sua testa na minha. – Liga para esse Santiago, e diz que irá amanhã para o Rio.

Eu pondero, não respondo nada, mas nego com a cabeça antes de qualquer palavra possa ser formulada.

- Eu vou estar aqui esperando por você. – Sinto quando ele me abraça. – Eu sempre vou estar aqui por você.

Continuo parado, não me movimento nem mesmo quando Luiz me solta. Ele puxa do meu bolso o celular e me entrega o aparelho desbloqueado. Eu o olho e vejo um sorriso tão acesso em seu rosto, que é possível guiar alguém no mar aberto.

Depois de uma longa conversa, desligo o telefone e o deixo na mesa de centro, Luiz trazia uma xícara de café o que me trouxe uma sensação de conforto.

A Felicidade tem os Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora