Capítulo 9-A tempestade

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América

Quando o dia se tornou noite,uma ventania considerável começou,o céu se fechou, trovões iluminavam toda a floresta e uma chuva pesada começou a cair.

Parecia que algo não queria que eu deixasse a cabana e a floresta.

Ajudei John com o jantar,ele era gentil,educado, às vezes,fofo comigo, o que constratava com sua aparência que gritava "cachorro bravo,ele morde"

Na verdade os três tinham esse ar de brutalidade,selvageria,talvez parte disso seja por morarem em uma floresta.

Enquanto eu e John estávamos na cozinha, Antônio assistia o canal de esportes em uma Tv muito antiquada e Cristopher vez ou outra,sentia me olhar e disfarçar logo depois.

Tinha acabado de tomar banho e vestia roupas de um dos três,que ficavam terrivelmente largas e meus cabelos estavam molhados.

Pelas minhas contas tinha me perdido de Ben sexta e hoje já era domingo.

-Pelo visto terá que passar mais uns dias aqui-comentou John-Por causa dessa tempestade,mais que coincidência-brandou e rapidamente vi os três se entre olharem.

-Se vocês acharem que eu estou incomodando,posso tentar procurar ou...-me interrompeu.

-Claro que não,se não se importar de dormir mais uma noite no sofá.

-Não me importo,isso será temporário-afirmei verdadeira,cortando os legumes para a sopa-Agradeço pela hospitalidade visto que,na primeira noite,minha presença não parecia agrada-los.

-Porquê pensou isso?-Questionou Antônio interessado.Essa era a primeira vez que falava comigo sem parecer forçado ou querendo me atacar.

-Oras,pelas caras de vocês.

-Que cara?-perguntou Cristopher atento ao diálogo.

-Essa-apontei para o meu rosto e tentei forçar uma cara de brava mas não deu muito certo,já que,os três caíram na gargalhada-Estão rindo da cara de vocês mesmos-comentei divertida.

-Minha cara é mais bonita-comentou Antônio convencido.Ele não estava mentindo,era bonito,mas nunca saberia disso pela minha boca.

-Só não é mais convencido por falta de espaço-Cris e John concordaram.

Jantamos e o clima foi bastante agradável,os três eram super-amigos e pelas histórias que contavam haviam vivido várias aventuras juntos.

-Em toda indústria madeireira,nunca vi um homem se quer desafiar Cristopher,mas você o fez-apontou Antônio caçoando do mais velho-Eu te admiro eternamente,por favor me dê um autógrafo-todos rimos.

Mais tarde jogamos truco onde eu e John éramos parceiros contra Cris e Antônio.

-Não é possível-choramingou Antônio-Essa pestinha está roubando!

Estávamos ganhando de 10 a 3,quando tomei um gole de cerveja e gritei:

-TRUCO LADRÃO-os dois me olharam boaquiabertos e John piscou pra mim.

-Desce?-perguntei.

-Desce?-perguntou á Cris.

-Desce!

-Tem certeza?-perguntou inserto.

-Desce,ela está mentindo.

Antônio tacou na mesa um três de copas que rapidamente foi coberto com o meu zape.

Os dois bufaram e eu e John fizemos um toque,no mesmo momento as luzes se apagaram.

-Só assim pra não ver a suas caras de derrota-comentou John.

-Vai a merda-falaram em unissono.

Eu já estava meia alta por causa das cervejas,Cris ligou o lampião e me direcionei ao sofá-Boa noite.

-Boa noite-responderam e subiram para seus quartos.

Quanto mais as horas se passavam mais a chuva castigava a mata e minha insegurança aumentava quanto a Benjamin.

Comecei a chorar baixinho e lá fora junto a mim,as nuvens deramavam várias lágrimas.

-Por que está chorando?-surgiu uma voz grossa e me assustei.Era Antônio.

-Não estou chorando-limpei as lágrimas mesmo sabendo que ele não conseguia vê-las.

Ele sentou se no sofá ao lado, não conseguia ver,mas ouvia sua respiração.

-Não minta para mim América-disse em tom de reprovação.

-Só não consigo dormir-disfarçei-E você?

-Também estou com insônia.

O silêncio era sufocante entre nós.

-Quando era criança minha mãe fazia carinho em minha cabeça e me conta uma história porque estava assustada e não conseguia dormir.De alguma forma isso sempre ajudava-senti a necessidade de preencher esse buraco invisível entre a gente.

Por um momento achei que ele iria levantar e ir embora, porém ele,sentou-se ao meu lado e me colocou em seu colo sem nenhum esforço,tamanha era sua força.Começou a acariciar meu cabelos.

Talvez fosse o álcool falando mais alto,ou a carência de pessoas conhecidas.Por nenhum momento estava incomodada com seus atos.

Meu rosto estava descansando sobre a curva de seu pescoço,inalando seu cheiro bruto e amadeirado.

-Havia um homem que era apaixonado por uma mulher...-começou a contar uma história e quanto mais inalava seu cheiro, lentamente fui adormecendo-Só que o destino ou força da natureza,como quiser chamar,a tirou dele.Ele se fechou para o mundo e para o amor...Até que,comecei a sonhar com uma bela garota de cabelos negros e olhos apaixonantes.

-Talvez ela fosse um anjo pra libertar seus demônios...talvez ela tenha seus próprios.

Já estava dormindo quando ele finalizou:

-Nós vamos sempre te proteger,minha menina.

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