31 de março de 2018. Dacar, Senegal.ㅡ Boate mamelles. 01:08AM.
Rodo mais vez na barra para pegar impulso, e, quando obtenho jogo meu corpo para trás, abro as pernas fazendo um espacato no ar de cabeça para baixo, ouço palmas e assobios, então enrosco minha perna direita na barra, jogo meu corpo pra frente deslizando sobre a barra. Quando meus pés tocam o palco eu desço até o chão pressionado a minha bunda contra a barra de ferro e vejo que os malditos homens nojentos estão me devorando com seus olhares mais nojentos ainda.Engatinho até a ponta do palco quando a música termina e abro um sorriso falso para eles que começam a jogar notas e mais notas de dinheiro.
Pego algumas notas e ponho dentro da parte de cima de minha lingerie me certificando que nenhum funcionário da boate esteja vendo, me afasto dos homens nojentos ainda com meu sorriso falso no rosto e vejo Olivia, a "assistente" de palco recolher todo dinheiro que está no chão.
Os homens se espalham pela boate e eu me viro soltando um suspiro.
Acabou.
Caminho apressada pelo palco em direção a saída do mesmo que leva até o camarim.
Algumas garotas estão se arrumando para o próximo show, outras jogando conversa fora ㅡ vulgo fofocando. ㅡ E algumas estão até mesmo dormindo.
Pobres coitadas, se fossem ao menos um pouco inteligentes não precisariam disso aqui. E digo isso com naturalidade, a maioria está aqui hoje porque trocaram os estudos por droga, família por festas... E tudo isso para acabar virando stripper de uma espelunca dessas, ao menos eu terminei os estudos e até mesmo cheguei a fazer um semestre da faculdade. ㅡ Rio com desgosto desse pensamento. ㅡ Afinal eu acabei vindo parar aqui também, não é? A única diferença entre eu e elas é o cérebro, porquê eu também estou na merda.
Pego minha bolsa e ponho as notas que estavam escondidas na minha lingerie dentro dela. Visto um short, uma regata e um moletom me preparando para ir embora.
ㅡ Sophie, ainda é cedo. Onde vai? ㅡ Uma das garotas pergunta.
ㅡ Não te interessa. ㅡ mantenho o mesmo tom de quando desejo bom dia para alguém, a garota me olha sem graça e tenta focar na conversa das outras.
Alguma vez eu já dei algum tipo de liberdade para ela? Não basta ser burra, agora é também fiscal da vida alheia.
Caminho apressadamente saindo de perto delas e acabo esbarrando justamente com a pessoa que eu iria atrás, Olívia.
ㅡ Pegue. ㅡ a loira me estende o dinheiro e eu pego contando.
ㅡ Isso está errado. ㅡ digo sentindo minha cabeça doer. ㅡ Tenho certeza que faturei mais do que isso, foi o a minha melhor apresentação.
ㅡ Regras do Joe. ㅡ Olívia diz com sua voz enjoada. ㅡ Ele determinou que agora você recebe 40% do lucro de cada show. - maldito filho da puta.
ㅡ Pois avise ao Joe para me consultar antes de mudar nosso acordo, até porque EU sou a "estrela" principal dessa espelunca, então querida. ㅡ tomo o resto do dinheiro das mãos dela. ㅡ Eu valho cada centavo.
Passo por ela sem lhe dar a chance de responder e saio apressada da boate.
Sinto minha cabeça latejar e xingo já me odiando por não ter tomado remédio quando o dia começou.
Apesar de ser madrugada as ruas de Dacar estão movimentadas. Viro a esquina entrando em uma rua mal iluminada. Meu corpo se tenciona, como se fosse um alerta, me viro e nesse exato momento sinto meu corpo se chocar contra parede do beco ao lado.
Sinto algo frio tocando meus ombros e o desespero me toma.
Sinto um grito agudo quando sinto um corte na palma da minha mão. E então sinto as mãos frias tocarem meu pescoço, uma onda de calor me invade, me fazendo sentir uma vibração irradiando dentro do meu corpo.
ㅡ Evanescet! ㅡ minha boca profere o latim diretamente para coisa na minha frente em um tom raivoso.
Tento regularizar minha respiração e ponho minha não sobre no meu pescoço não acreditando.
A coisa sumiu.
Que porra foi essa?
Saio do beco e caminho apressadamente pela rua escura logo chegando na portaria do prédio onde estou morando temporariamente.
Subo as escadas e quando chego no meu andar pego a chave abrindo a porta, tranco a mesma rapidamente e olho em volta apavorada no pequeno cômodo.
Olho para minha mão e vejo um pequeno corte diagonal, não muito fundo, mas obviamente está sangrando.
Vou até a pia e molho o corte logo me arrependendo.
Porque na hora o corte doeu tanto? E desde quando eu sei Latim? Tudo bem que eu tenho uma grande facilidade em aprender novos idiomas, mas latim? Eu nunca ouvi nenhuma palavra, e como eu sei que era Latim? Eu não sei, só sei que era.
Evanescet...
Desapareça..." ㅡ J'ai vu comment tu meurs."
Eu vi você morrer.As palavras que a falsa vidente dissera em francês vem em minha mente.
Que tipo de brincadeira é essa? Será que foram meus detestáveis ex-irmãos tentando me pregar uma peça?
Ou eu estou enlouquecendo? Depois de tanta merda que já me aconteceu nessa vida, eu não me surpreenderia de estar ficando caduca.
Mas eu senti, juro que senti a escuridão daquela coisa, mas como? Eu virei a uma sensitiva? E esse corte?
Nada explica o que aconteceu há minutos atrás. Mas algo me diz que eu tenho que cair fora, o quanto antes.
Pego minhas malas e abro o pequeno guarda-roupa, jogo todas as roupas com agilidade dentro das malas.
Sento na pequena mesa e puxo meu tablet para mim.
Quando abro o navegador a primeira coisa que vejo é um anúncio de passagens aéreas, exatamente o que iria procurar.
Clico no mesmo e acabo por comprar uma passagem para Los Angeles, partiria no primeiro vôo da linha.

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The Prophecy
Fanfiction" ㅡ Estava escrito, antes que ele fosse criado e antes que você nascesse. A Profecia vai se cumprir, pois você já deu o primeiro passo. ㅡ Oráculo de Jeliel."