02. Cidade dos sonhos

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segunda-feira

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segunda-feira


Preciso sair da Virgínia, pensei comigo mesma quando acordei. O mesmo pensamento que tive todas as manhãs nos últimos cinco meses. Tenho que sair daqui. Este lugar está-me matando.

Suspirei e coloquei a minha mão sobre os olhos, bloqueando a luz do sol branca e brilhante que me lembrou que eu precisava enfrentar mais um dia sozinha. Eu não aguentava; isso esmagou-me. Este lugar era um pesadelo agora.

Sempre pensei que iria embora assim que terminasse a minha credencial de professora. Eu queria ir para uma cidade grande fazer algo por mim, e sabia exatamente onde queria estar: Nova York, o centro de tudo. Eu nunca estive lá, mas costumava colecionar obsessivamente artigos de revistas sobre quando era mais jovem, sonhando acordada com o dia em que eu mesma estaria a andar por Manhattan. Eu mal podia esperar para chegar lá.

Eu adorava trabalhar com crianças e sabia ser um trabalho que poderia levar-me a qualquer lugar e mal podia esperar para ir. Ofereceram-me um emprego como professora na minha cidade natal, mas não aceitei porque queria ir embora.

Mas pouco antes de eu terminar o meu curso o meu pai ficou doente, muito doente, e a minha mãe não aguentou. Ela não conseguia lidar com tudo então fiquei para trás para ajudá-la. Não aceitei o cargo de professora porque não podia comprometer-me com ele. Em vez disso, aceitei um emprego de meio período numa pré-escola. O meu pai precisava de muito cuidado, então tive que ficar com ele.

Foi uma doença que o levou embora devagar e dolorosamente. Foi horrível ver o homem que cuidou sempre de mim, o homem que foi um herói por toda a minha vida, definhando lentamente.

Eu mal registei que todas as pessoas com quem cresci se mudaram e seguiram com as suas próprias vidas. Eu estava consumida pelo que tinha que fazer. Trabalhei quando precisei e passei o resto do tempo ajudando os meus pais. Essa foi a minha vida inteira.

Então dezoito meses atrás ele finalmente foi tirado de nós. Foi horrível finalmente perder o meu pai, mas também aliviador que ele não precisava mais sentir dor. Ainda assim fez a minha mãe desmoronar, então eu não pude ir mais uma vez. Depois que o meu pai morreu ela precisou de mim. Talvez algumas pessoas pensassem nisso como uma desculpa para não seguir com a minha vida, mas eu vi isso como o fato de que não poderia dececionar ninguém da minha família.

Eu era filha única, então se os meus pais precisassem de mim, eu não poderia simplesmente abandoná-los. Eu nunca seria capaz de perdoar-me.

Então minha mãe desistiu de viver há cinco meses; não havia sinal de que ela morrerá, nenhuma explicação concreta, ela simplesmente parecia desistir — foi o que os médicos me disseram. Aí comecei a perceber o quão solitária eu era. Eu completei 27 anos e a minha vida estava estagnada. Eu não tinha amigos, a minha família foi-se e tudo que me restou foi meu sonho.

Não pude ir imediatamente, eu tinha que colocar a minha cabeça no lugar, mas o desespero estava a crescer a cada dia. Eu já havia colocado a casa no mercado e embora não tivesse certeza de que conseguiria muito por ela, esperava que fosse o suficiente para me levar aonde eu precisava estar.

Amando a BabáOnde histórias criam vida. Descubra agora