Capítulo 82

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Quando entro no quarto, ele já está de banho tomado, os cortes tratados e com bandagens.

Está magro, muito magro.

Mas ainda é meu Tom.

Me aproximo ainda achando tudo muito irreal. Subo em sua cama, sem ele nem pedir. E sorri pra mim.

Com a mão ainda em sua coxa, a palma se volta pra cima. Coloco a minha ali, entrelaçando nossos dedos.

Apenas saboreio esse toque.

"Todos falavam que eu estava louca. Louca por acreditar que ainda estavam vivos. Fizeram até funerais pros outros." Começo a atualizá-lo enquanto ainda olho sua mão. Mas eventualmente olho pra cima, pra ver seu belo rosto mais uma vez.

"Não o meu?" Franze o cenho.

Minha mão vai até seu rosto agora, e acaricio sua bochecha. "Não. Não deixei. Eu sabia que estava vivo. Eu não podia deixar eles fazerem aquilo." Respondo em um sussurro.

Ele se inclina em meu toque, fechando os olhos, segurando com a mão livre meu pulso. "Obrigada, por não desistir de mim" agora os abre, as lágrimas ali, e escorrendo por sua bochecha. Soltando meu pulso, ele pega o colar por dentro da roupa de hospital, e mostra seus pingentes. "Eu pensava em você, e na nossa batatinha cada segundo que tive que passar lá. Você me manteve vivo, e bem. Me dando motivo pra continuar e a voltar pra casa."

Apenas o abraço, enterrando meu rosto em seu pescoço. De repente lembro que não dei seus parabéns. "Feliz aniversário" resmungo no abraço.

Ele apenas se separa dando uma leve risada e me dá um beijo. "Obrigada meu amor. Meu melhor presente é estar de volta." Sorri.

O quanto senti falta de seu sorriso.

Como descobri que estava grávida no dia do aniversário dele, me lembro que tenho que contar...

"Tom" começo, e respiro fundo. Pigarreio pra conseguir engolir a emoção subindo pela minha garganta. "Eu tenho que te contar uma coisa" ele fica sério com meu tom, e assente.

"Você não casou com outra pessoa, não é?" Ele ergue a sobrancelha. "Tipo, está com outro enquanto estive... fora?"

"Não" resmungo zangada. "Eu não estava com ninguém. Mas que coisa idiota de se pensar" resmungo, rancorosa e puta da vida agora.

"É o que as pessoas fazem... elas superam, e novos relacionamentos surgem" ele dá de ombros.

"Mas que absur- as outras pessoas superam, mas não eu" respondo emburrada. "Deus, eu passe- passei esses dois meses... num inferno" resmungo voltando a o encarar "como sequer iria conseguir pensar nisso quando nem dormir era algo fácil pra mim?"

Ele sorri e segura meu rosto, seu dedão fazendo um carinho ali em minha bochecha... "Eu só... só queria saber. Não duvidei nem por um segundo. Não duvidei nem por um segundo, que não estaria esperando por mim..." sussurra.

"Eu sempre esperarei por você" sussurro de volta, e o abraço mais uma vez, fechando os olhos com seu calor. "Eu to grávida, Tom... era isso que queria dizer"

Ele apenas enrijece, e arregala os olhos, me olhando pasmem quando me afasta de seu peito. "D-desde quando?" Pergunta por sob o folego, e ouço seus batimentos aumentarem na máquina...

"Dois meses. Quase três. Dia do closet, se lembra?" Dou um sorriso torto e feliz ao mesmo tempo.

Ele apenas me abraça, chorando ainda mais. Seus leves soluços movendo os ombros com cada respiração. "Vamos ser pais de novo" segura meu rosto agora, dando um sorriso feliz. "Deus... isso é... vamos ser pais" ofega. "Você está grávida... todo esse tempo... lidando com isso sozinha..." me checa, freneticamente, umas cinco vezes. "Vamos ser pais mais uma vez"

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