Capítulo 81

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Entro de novo em casa e vou direto pro closet, procurando por roupas.

Não vou de pijamas.

Coloco uma calça jeans, camiseta e uma blusa de manga longa por cima. O céu ainda está meio nublado, acho que vai voltar a chover em breve.

Quando to terminando de amarrar os cadarços dos meus tênis, Paddy me liga.

"Mila, cheguei. To te esperando aqui embaixo."

"Eu to indo, Paddy" desligo a ligação e vou quase que correndo pra minha biblioteca. Tomo um pouco de ar ali, parando pra respirar. Meu coração acho que nunca bateu tão rápido. Me permito acalmar, antes que eu passe mal...

O papel com as coordenadas ainda ali, em cima da mesa. E ando até ele quando estou mais calma, e o pego, segurando como se fosse minha vida e o guardo comigo.

Com minha mochila na mão, eu saio de casa, batendo a porta. Entro logo no carro dele.

"Mila, ainda acho is-"

"É. Eu sou louca. Agora vamos. Por favor" peço o olhando depois de colocar o cinto. "Eu sei que eles estão vivos, e eu poderia ir sozinha, mas não quero. Só você e Alice além de meus pais e filha acreditam em mim, e não quero levá-la e Alice está deus sabe onde. Eu preciso da sua ajuda" peço ofegante e cansada.

"Tá, só se acalma" segura minha mão, dando um aperto... "respira... vamos lá, respira" ele fala e respira fundo, me acalmando. Depois, dá um leve sorriso. "Agora, o local?" Pede mostrando a mão que soltou a minha, e coloco o papel ali. "Parece ser alto, sei lá..." Ele me devolve e logo faz o carro andar de novo. "Aonde quer ir?"

"Bombeiros. São os melhores."

E assim, dez minutos depois, estacionamos e descemos.

Logo de cara, quando falei para o que era, eles se recusaram.

"São pessoas vivas, precisando de ajuda e se negam a fazer isso?" Pergunto, indignada os encarando.

"Eles estão mortos, moça"

"Eu não estou louca!" Esbravejo, e eles dão um passo pra longe, piscando com medo. "Dê uma olhada, por favor. Por que se não forem eu mesmo dou meu jeito. Mas vocês são melhores nisso"

"Podemos ocupar o helicóptero que alguém vivo possa precisar" o capitão protesta, a expressão impassível.

Foram eles que ajudaram nas buscas. Uma das bases pelo menos.

Vejo que em cada um, há uma aliança na mão esquerda.

"Vocês são todos casados?" Pergunto baixo. Eles se entre olham. Umedecem os lábios, sem responder. "Vocês também não iriam tentar de tudo por quem amam? Nem que seja a ideia mais estúpida e ridiculamente improvável de ser verdade, e que ninguém acredita além de você?"

"Eu iria até o fim do mundo pelo meu marido" o capitão diz, assentindo emocionado, mas sério. Mas seu dedo acaricia a aliança ali em sua mão enorme.

"Eu o mesmo. Mas não tenho equipamentos como vocês, e não sou uma bombeiro. Por favor, nos ajude. Eles estão machucados. E tem filhos que sentem a falta deles. Se não morreram antes, eles vão agora." Tento mais uma vez, com a voz chorosa e lágrimas no rosto. "Eu imploro a vocês, nos ajude..."

Ah foda-se, eu to chorando mesmo.

"Nós vamos dar uma volta. Podemos pelo menos ir checar." Ele sorri gentilmente. "Se estiverem vivos, vamos os encontrar" apoia a mão em meu ombro, e acabo o abraçando.

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