Capítulo 1

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Oi, bom, pra ser bem sincera eu nem sei por onde começar, nunca tive um diário. Mas acredito que essa será uma boa oportunidade para eu poder contar tudo o que estou sentindo. Primeiro de tudo, acho que eu preciso me apresentar.

Me chamo Star, Star Grimes. Meu nome tem um significado bem forte. Mamãe me contou que foi escolhido por meu pai, mas ele já não se encontra entre nós. Apesar de nunca tê-lo conhecido, tive a oportunidade de poder escutar histórias fantásticas dele com minha mãe. E isso já foi o suficiente para mim ter uma noção do quão boa pessoa ele foi.

Tenho dezessete anos, completei à duas semanas. E desde os meus quinze, as pessoas vem me preparando para me tornar a nova líder daqui do reino. Assustador, não?

Por enquanto esse cargo está com minha mãe. Ela comanda aqui tudo desde quando completou seus trinta, à quatro anos atrás. Desde quando meu avô decidiu descansar, ele passou essa responsabilidade para ela que está nisso até hoje. Sua sucessora era para ser Judith, minha tia, que é mais minha melhor amiga do que tia, só que ela não quis. Disse que não era boa o suficiente para isso. Então acabou sobrando pra mim, uma garota de dezessete anos completamente sem saber como liderar um lugar tão grande como aqui.

Antigamente o Reino era apenas um refúgio para pessoas que não tinham para onde ir, mas agora passou a ser o maior bairro da Geórgia.

Com o passar dos anos, muitas coisas passaram a ser melhoradas. Pode-se considerar até que foi deixado para trás todo o caos que essa pandemia causou. Mas apesar de tudo estar mais parecido com o mundo que era antes de eu nascer, algumas pequenas coisas ainda não mudaram. Como por exemplo as guerras.

Tio Daryl me contou à algum tempo atrás sobre um grupo em que eles esbarraram por acaso, e disse que eles não pareciam estar tão atualizados assim como nós, já que se alimentavam de pessoas. Eu achei meio bizarro, mas não os julgo.

Tio Daryl é uma das pessoas que eu mais converso, talvez pelo fato dele sempre estar por perto e também por me dar aulas de arco e flecha. Me lembro perfeitamente quando o vi pela primeira vez matando um cervo com sua besta, eu fiquei tão fascinada que pedi para que me ensinasse, e desde então eu venho tendo aulas.

Voltando a falar em guerras, bom, eu nunca presenciei uma de perto. Apesar de minha mãe sempre me apoiar em fazer todas as aulas que faço, como defesa, tiro, arco e flecha e entre outros, ela ainda não permitiu minha saída para lutar em guerras. E eu a entendo, mesmo querendo muito presenciar uma.

Guerras tem sido algo que tem acontecido com muita frequência, e eu não entendo o por quê. Mamãe é uma boa líder, opina por guerra somente em casos extremos e mesmo assim tem acontecido direto. Eu já até cheguei de perguntar o motivo, mas ela sempre encontra um meio de contornar o rumo da conversa.

Falando em minha mãe, ela é a pessoa mais forte que eu conheço. Nunca demonstra quando está passando por algum problema. Mas alguma vezes durante a noite já a peguei chorando, suponho que seja saudades de meu pai. Me recordo quando eu era menor e íamos toda terça feira visita-lo no cemitério. Eu acredito que aquilo fazia tão bem pra ela quanto para mim.

Eu queria muito ter alguma foto para pelo menos saber como ele era. Mamãe diz que sou bem parecida com ele, e eu não duvido, já que não puxei absolutamente nada dela. Sei pouco sobre como ele morreu, ela evita falar desse assunto. O que é totalmente compreensível.

Já cheguei a perguntar para meu avô, mas é bem difícil pra ele também, então nem insisto.

A única história que sei é de minha avó. Ela morreu enquanto dava a luz à Judith, vinte anos atrás. Minha mãe cuidou de Judith quando era pequena, então ela a considera como uma filha do coração. Nós duas crescemos juntas, e por isso somos ótimas amigas hoje em dia.

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