A culpa de meu ato

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Aceitar minha atual situação me trazia a sensação de perda, de desistência de tudo que amo, e todos meus sonhos...

Dentro de mim algo implorava com todas suas forças que fosse apenas um longo pesadelo, a realidade que me encontrava era algo completamente diferente de toda a ficção que já havia lido e visto

A sensação de euforia não existia, apenas um grande vazio e solidão me corroía por dentro pouco a pouco

Lágrimas de nada adiantaria mas, permaneço sentada ao chão em completo silêncio com minha mente perdida em um completo vazio

O tempo se tornou irrelevante, talvez houvesse passado horas ou apenas minutos sentada ao chão mergulhada em pensamentos

Somente após ouvir passos em direção a porta do quarto onde estava me desperta de meu transe

Os passos cessam diante da porta que ainda permanecia fechada, segundos se passam em total silêncio, então algo é colocado ao chão e os passos se iniciam novamente se retirando do local

Respiro fundo de imediato, buscando sentir o cheiro de algo como se me corpo já soubesse o que procurar e fazer por instinto

Em poucos segundos um cheiro invade o quarto, inebriando meus sentidos, sabia exatamente o que se encontrava por trás daquela porta, sangue, acompanhado de comida, o sentimento de necessidade invade meu corpo

Sentidos intensos demais para serem controlados, mesmo já estando em pé diante da porta relutava para não abri-lá, era óbvio imaginar o que veria a seguir...

Já com a mão na maçaneta ainda lutando contra meu desejo, respiro fundo buscando calma, mas, aquela ação só me enfraqueceu ainda mais em pensamentos após sentir novamente o cheiro

Sem pensar duas vezes meu autocontrole se vai, abrindo rapidamente a porta, pegando em minhas mãos a bandeja que havia sido deixada ao chão e retornando novamente ao quarto, fechando a porta

Meu olhar cai diretamente ao copo, se encontrava cheio, o que o acompanhava na bandeja já não me importava

Abandono a bandeja em uma cômoda ao lado da porta em uma última tentativa de controlar meu desejo

Podia sentir cada centímetro de meu corpo pulsando intensamente sem controle algum, levo minha mão a bandeja pegando o copo e trazendo para mais perto

Em um rápido movimento o levo a boca sem pensar muito, bebendo o liquido, apreciando cada gole, em poucos segundos o copo se esvazia, ainda anestesiada com a sensação levanto o olhar me deparando com minha imagem ao espelho

No canto de minha boca o liquido avermelhado escorre lentamente por minha pele, me trazendo a culpa de meu ato, meu corpo estava paralisado com a visão de minha situação, podia sentir o copo escorregando lentamente de minhas mãos sem resposta alguma de meu corpo

O objeto escorrega de minha mãos se chocando com o chão e assim quebrando, sem nenhuma reação minha, ainda paralisada, diante do espelho sinto um nó em minha garganta, meus olhos avermelharem e lágrimas brotarem em meu olhar, escorrendo por meu rosto

A que ponto eu havia chegado! O que estava havendo comigo?

Destino imprevisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora