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Se não fosse pelos remédios fortes que Diego receitou eu nem tinha conseguido dormir, então agradeci internamente que pudesse me dopar sem remorsos, porque além de me fazer melhorar, ainda me fazia afastar-se um momento de todo o redemoinho que se...

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Se não fosse pelos remédios fortes que Diego receitou eu nem tinha conseguido dormir, então agradeci internamente que pudesse me dopar sem remorsos, porque além de me fazer melhorar, ainda me fazia afastar-se um momento de todo o redemoinho que se transformou minha vida.

Mas acordei muito cedo, consciente de que já era hora de retomar o controle das minhas emoções, de agarrar as rédeas da minha vida e deixar para trás aquilo que tanto me feria, porque prometi a mim mesma e ao meu filho – que agora é um anjo – que não permitiria que ninguém tirasse minhas forças.
Sim, as desgraças estavam ai, mas eu aprendi a manejá-las e a peneirar até que sobrasse um pequeno rastro de luz, onde eu pudesse me agarrar e prosseguir.

Eu não queria ser a vitima disso tudo, não aceitava ser.
Ninguém iria ditar meus sentimentos. Já bastava de tanto abuso psicológico.
Eu não aguentava mais.

Tanto Ruggero quanto Valentina, Diego e meus pais biológicos, eram pessoas que estavam ali por algum motivo, mas eu não estava disposta a descobrir qual era.
Me afastar sempre foi a melhor saída. Eles já tinham me magoado demais.

E eu estava cansada de ficar no chão esperando o próximo golpe, a próxima dor...
A Karol do passado – de quando Igor estava na minha vida – não poderia voltar a dominar-me, porque sofri muito sendo assim e a minha promessa era a de não me anular nunca mais. E eu iria cumprir.

Portanto reuni minhas forças, guardei as dores no mais fundo da minha mente e tomei alguns analgésicos para amansar as dores físicas; depois tomei um banho demorado, lavei bem os cabelos, o rosto, o resto do meu corpo para tirar todas as impressões digitais de quem me tocou com a intenção de ferir-me – até as impressões daquele que amo.

Fechei os olhos por um efêmero momento e deixei a água escorrer pelo meu rosto, daí me permiti revisitar o passado, o dia em que nos conhecemos, a força de seu magnetismo, a presença constante de sua dúbia personalidade entre nós, o calor desejoso de sua pele contra minha, a intenção fogosa de suas palavras ao pé do meu ouvido... O som do 'eu te amo' saindo de sua boca macia.

Abri os olhos, suspirando. Era isso que eu queria guardar.

Foi por esse Ruggero que me apaixonei, apesar de tudo. Apesar de ele ser namorado da minha irmã, de ser um cafajeste, de ser zombeteiro e idiota... Foi por esse homem que deixei de lado minha ética.
E era esse homem que eu iria costurar no meu coração, ao lado de todos que já amei, a diferença era que ele estava com dois pontos a mais de linha na costura, porque inconscientemente Ruggero estava irremediavelmente preso a mim.

Amá-lo era uma espada de dois gumes afiados. E eu não queria mais me ferir.

Desliguei o registro da água e passei as mãos pelos cabelos ensopados, encarando os azulejos da parede, suspirando pesadamente apesar da dor na barriga.

Está tudo bem, Karol.

Vesti-me e sai do hotel, usando apenas uma das muletas, porque precisava comprar um celular novo, resolver as questões dos meus documentos que se foram no dia em que quase fui atropelada...
E eu tinha que resolver logo, porque pretendia ir embora o mais rápido possível.

Monarquia dos Cafajestes (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora