Velhas lembranças

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Emily.

Como hoje é meu dia de folga e Rose está atarefada com as coisas da faculdade, irei fazer a faxina dos quartos, nas próximas folgas farei o restante.

Ajoelho para pegar os objetos que estão debaixo da cama, puxo a caixa grande de papelão e imediatamente começo a tossir, alergia a poeira.

Sento de pernas cruzadas e abro a caixa, espantando a poeira com as mãos.
Retiro os álbuns de fotos antigas, neles tem alguns mistérios escondidos, a minha mãe fez questão de guarda-los, sabendo que somente eu poderia mexer.

Pego a foto do meu pai, quando era bem novo, tinha acabado de conhecer minha mãe e estava radiante de felicidade, era nítido em seu sorriso largo.

Quando me dou conta, minhas bochechas estão molhadas pelas lágrimas... Ah! Se vocês soubessem a falta que me fazem...

Fico deitada no chão, encolhida feito uma criança que não sabe como fazer para dar seus primeiros passos.

Minha gatinha aparece na porta e vem andando até mim, ergo a mão e a porta distante se fecha com minha magia.

- Obrigada minha boa amiga - Sorrio, vendo ela chegar bem perto e deitar-se no tapete, enrolada em frente à minha barriga, como se quisesse me consolar desta dor imensurável que aperta o peito.

Fecho os olhos e deixo o corpo relaxar.

Fecho os olhos e deixo o corpo relaxar

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Horas depois.

Acordo assustada, ouvindo gritos que parecem vir da sala, Assombração sai apressada e para em frente à porta, abro e saio também, deixando as coisas para trás, preciso ver o que está acontecendo.

Mal chego na sala e quase piso em cacos de vidros espalhados perto do sofá, sorte que parei a tempo de não ferir meus pés descalços.

- Não é justo! Não é justo! - Rô grita, andando de um lado para o outro, passando a mão pelos cabelos com nervosismo. Tomo cuidado ao andar até ela, não quero assustá-la, porque ela não notou minha presença ainda.

- Rosalie, fique tranquila, você não merece nada disso - Estendo a mão, com passos cautelosos, isso lhe faz seus olhos atordoados olharem para mim, aposto que discutiu com o traste e ele disse coisas horríveis para ela.

- Porque ele me machuca tanto? O que eu fiz de errado? - diz com os lábios trêmulos, os olhos balançando freneticamente.

Me aproximo dela, a puxando para um abraço que pode consolar agora.

- Quer me contar o que aconteceu? - Acaricio seus cabelos escuros, meu peito dói tanto em ter que dizer isso, todavia é a dura e cruel realidade.

- Estávamos conversando com uns amigos dele num barzinho e um amigo nosso encostou na minha mão, brincando, isso deixou ele muito irritado, o Billy surtou de repente e começou a gritar, e me humilhar - balbucia, afundando o rosto em meu moletom e me abraçando como se encontrasse o refúgio que precisa.

Essa história já está cansativa, todavia só quem pode abrir os olhos dela, é ela mesma, não sei como tentar mais fazê-la ver o quão tóxico é esse relacionamento.

Na próxima semana terão flores e um cartão, aí começa tudo de novo...

― Vou prepara um chá para você, não se esqueça nunca que eu estou do seu lado e ninguém irá te machucar, eu não vou permitir ― digo, olhando fundos nos seus olhos.

"Nem que eu precise matar alguém para isso", completo em pensamento.

Acabamos dormindo no sofá da sala e acordamos agora de noite, Rosalie está mais tranquila, apesar de ter adormecido chorando

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Acabamos dormindo no sofá da sala e acordamos agora de noite, Rosalie está mais tranquila, apesar de ter adormecido chorando.

"5 pessoas desapareceram na noite de ontem e a polícia segue com as buscas... corpos foram encontrados nas margens do Rio Green, os laudos da perícia apontam que alguns tinha marcas de mordidas animais, mas ainda não identificaram, mais informações no jornal da noite''.

A televisão transmitia a reportagem que me fez despertar ao escutar aquilo.

― Tem algo muito estranho acontecendo nessa cidade ― Comenta ela, com aquela suspeita camuflada nos olhos amendoados.

― Já reparou que todos sumiram no mesmo dia? ― digo, juntando informações dentro da minha cabeça.

― Sim, o que tem? ― Junta as sobrancelhas, sem captar bem, tem estado meio aérea ultimamente.

― Todos sumiram em noite de lua cheia, não parece meio curioso para você? ― Coloco a mão na ponta do queixo.

Rô fica em silêncio, absorve e analisa o que acabei de dizer.

― Só pode ser duas coisas... ou estamos falando de um assassino com um padrão bem peculiar ou...

― Lobos ― Termino a frase. É como se falássemos de um mito.

Um serial killer que gosta de atacar bem em dia de lua cheia não é algo tão provável para mim. Embora haja sempre uma maneira nova, a criatividade de mentes ruins é maior do que se possa imaginar.

A segunda alternativa é a mais crível, e bizarra também.

― Lembra quando assistíamos o jornal com a mãe? Depois víamos o filme da sessão coruja e ela nos colocava para dormir, antes do pai chegar do trabalho
― Traz à tona uma das lembranças mais marcantes que tínhamos, passando a mão pelo lugar do sofá em que ele costumava sentar e agora está frio e vazio, só restou a saudade.

Ela fecha os olhos por um instante, como se pudesse trazer tudo de volta, reviver tudo de novo.

― Vou dormir ― diz, calçando os chinelos.

― Não vai comer antes? ― indago, pois Rô não costuma deitar sem jantar.

― Não, estou sem fome ― retruca, saindo rumo ao quarto.

Não irei insistir, ela está muito esgotada e confesso que não estou diferente, mas a diferença entre nós, é que sei fingir ser forte (não que isso seja uma qualidade ou algo do tipo, não estou me gabando no fundo).

Os escolhidos pela lua-Noites sangrentas. REESCREVENDO Onde histórias criam vida. Descubra agora