Elliot.
Dia seguinte.
A noite já caiu do lado de fora das longas janelas, adentro a sala de aula quase cheia e sento nos fundos, onde há duas carteiras vagas.
Vejo o professor Jefferson e resolvo ir até ele, nem sinal de Rosalie. Talvez ele saiba de algo. Ela não responde minhas mensagens.
Billy se vira para trás e me encara com indiferença, apenas o ignoro, levanto e vou até Jeff.
― Boa noite senhor Montgomery, sabe se a Rosalie Jackson continua na turma? ― Apoio os punhos na mesa de madeira velha.
― Não senhor Krieger, ela não vem às aulas há uma semana ― Responde. Algo que não é relevante, pois já imaginava, considerando o que houve com seu pai.
― Obrigado, senhor Montgomery ― murmuro, retornando ao meu lugar.
Jeffrey está pronto para fazer a sua primeira anotação no quadro, quando alguém cruza a porta após um suave toque anunciando a chegada.
― Posso entrar senhor Montgomery? ― Pede em tom baixo.
Ele assente que sim com um olhar rigoroso.
Rosalie passa por Billy e não faz nada além de olha-lo de soslaio e senta-se no lugar vazio ao meu lado.
― Como você está? ― Cochicho, me inclinando um pouco.
Ela solta um longo suspiro pesadamente.
― Tentei ficar bem, mas é impossível, Emily até tentou fazer um feiti-... ― Contém as palavras e me encara, desconfortável.
Feitiço?
― Não foi isso que eu quis dizer... é que... não tenho dormido bem ultimamente ― resmunga com a voz embargada, esfregando os olhos nitidamente cansados usando a manga do moletom preto.
― Tudo bem, só quero que saiba que estou aqui para o que precisar ― Coloco minha mão sobre a sua. Rosalie esbanja um sorriso fraco, os fios escuros caem sobre o rosto e se espalham, cuidadosamente os coloco atrás de sua orelha esquerda, a surpreendendo.
Minutos depois.
Saímos para o intervalo, Rô permanece em silêncio até agora.
― Fiquei preocupado com você, por que não respondeu minhas mensagens? ― O ruivo aparece em nossa frente inesperadamente e quase colidimos.
― Não respondi ninguém Billy, Elliot também não...
― Ah! Ele, é claro... por que não cuida da sua própria vida? ― Seus olhos se estreitam sem nenhuma simpatia.
Avanço um passo, diminuindo a distância entre nós.
― Billy, por favor, depois nós conversamos ― diz Rô, a voz quase um chiado.
Os olhos castanhos a encaram, desapontados e ele suspira, incrédulo. Rosalie envolve os braços em torno de si.
― Ainda não terminei com você Krieger ― diz, em tom de ameaça subliminar. É engraçado imaginar que ele pode me fazer algum mal, chega a ser patético.
― Desculpe por ele ― murmura, enquanto seguimos andando rumo ao pátio da faculdade.
― Não é sua culpa ele agir feito um idiota ― retruco, sentando num dos bancos de cimento próximo à coluna. Aproveito a brisa fresca.
― O que significa? ― Aponta o meu braço direito descoberto.
― Nada, é só um desenho aleatório ― Minto. Podia dizer que é segredo, porém só lhe deixaria mais desconfiada.
― Não sou boba, todo símbolo tem um significado ― Arqueia as sobrancelhas, sentando ao meu lado e apoiando os punhos no banco.
Como vou convencê-la agora? Deveria ter lembrado deste detalhe comprometedor, quando escolhi vir de regata. Não posso simplesmente dizer a verdade a ela.
― Eu gosto da lua, achei que seria legal fazer algo assim, decisão idiota... eu era adolescente e tinha dinheiro, deu no que deu ― Espero estar sendo convincente o bastante.
Rô remexe o lábio superior onde tem uma pinta charmosa, parece ter engolido essa mentira.
― Todos nós já tomamos decisões idiotas, mas a vida é feita de decisões, não há escapatória ― Dá um sorrisinho supérfluo e balança os pés, ficando distante daqui por alguns segundos, o vento brinca com suas mechas quase pretas.
― Mas nem todas as decisões que eu tomei foram idiotas, algumas valeram muito a pena ― Olho diretamente nas suas írises amendoadas, brilhando conforme a luz da lua as atinge.
Rô esbanja um sorrisinho de canto.
Sinto o celular vibrar dentro do bolso, isso nos faz se afastar.
É Dakota.
Ligação perdida.
Mensagem: Temos problemas! Me liga o mais rápido possível.
Desço do carro e vejo minha irmã do outro lado da velha ponte sobre o rio, atravesso e sigo até ela.
― Nikolai sumiu ― anuncia Dakota.
― Nikolai não é mais criança e nem é lua cheia, por que está tão preocupada? ― Tento não ser grosseiro ao respondê-la.
Estou farto de bancar a babá de Niko.
― Surgiram mais doze corpos na saída da cidade, e olha. ― Aponta o céu com o indicador ― É lua minguante.
― Pensa Elli! Estão tentando nos incriminar! ― berra comigo, rompendo o silêncio entre o chilrear das árvores e o eco dos insetos.
― Acha que a tal doutora é quem está fazendo isso? Mas...
Galhos estalando nos interrompem.
Nikolai surge saltando do alto de uma árvore.
― Se tiverem algum plano, tirem meu corpinho dessa, ainda estou sentindo o peso da mão dela no meu lindo nariz ―
Se manifesta.― Não seja dramático, meus socos doem mais ― Provoco, não segurando a risada.
É engraçado ver seu orgulho sendo pisoteado por algo tão besta como um soco.
― Diz isso porque ela não te bateu ainda ― Faz careta, irritado.
― Talvez seja a hora ― Devolvo, tendo um plano em mente.
Sinto um cheiro forte vindo de longe, logo impregna no meu nariz conforme as copas das árvores se agitam pela ventania intensa.
― Sangue ― Deduz Dakota ao espetar o nariz no ar.
― Temos companhia ― Confirma, com aquela expressão que não gosto nada quando faz.
Antes que eu proteste contra, ele já está transformado e dispara contra o vento atrás da criatura que passa por nós tão velozmente que quase não vemos seu vulto entre a mata.
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Os escolhidos pela lua-Noites sangrentas. REESCREVENDO
WerewolfQuando uma família misteriosa se muda para Colorado, uma típica cidade monótona com poucos habitantes, a vida das irmãs Rosalie e sua irmã, muda completamente, do dia para a noite. Com as notícias de recentes mortes pela região, os olhares inevitave...