Akaashi abriu devagarinho a porta do quarto e espiou. A tevê estava ligada, passando algum filme. Parecia estar no clímax, com carros explodindo e uma música emocionante tocando ao fundo, mas na cama Bokuto dormia profundamente. O controle da tevê ainda repousava em cima da sua barriga. Sorriu, vendo o namorado estirado no colchão, ele parecia exausto. Akaashi sabia que ele estava o esperando chegar, mesmo que levantasse cedo demais pra aguentar acordado.
Silenciosamente fechou a porta e começou a despir-se dos seus casacos. Trabalhou até tarde hoje, não fazia isso sempre, só quando tinha reuniões... Reuniões cada vez mais frequentes desde que foi promovido pra Chefe Auxiliar editorial (que significa, mais ou menos, mais trabalho, mais responsabilidades e menos tempo). Hoje ele saiu da editora umas 23h e como nesse horário os ônibus demoravam mais pra passar chegou em casa um pouco depois da meia noite.
Se aproximou da cama com passos leves e tirou o controle de cima de Bokuto. Observou ele um pouquinho, respirava pela boca com seu diafragma descendo e subindo. Ele parecia tão tranquilo dormindo. Queria dar um beijinho de boa noite, mas Bokuto acorda cedo, Akaashi não quer acorda-lo. Desligou a tevê.
Procurou seu pijama nas gavetas, pegou sua toalha e foi pro banheiro da suíte. Entrou debaixo da água quente. Estava cansado, suas pernas mal aguentavam em pé, só se permitia resistir mais um pouco pra poder lavar sua pele suada com a bucha e ter o alívio de dormir limpo. Esfregou seus braços e seu peitoral até eles ficarem levemente vermelhos. Pra ter certeza que o cheiro ruim tinha saído.
Molhou os cabelos e penteou com os dedos. A parte ruim de deixar o cabelo maior é que iria dormir com eles úmidos, mas não sabia tomar banho sem molhá-los um pouco. Não os usou shampoo só encostou sua cabeça no azulejo e sentiu a água cair pela sua cabeça e costas até sua pele começar a formigar. A água escorria pelo seu rosto e batia nos seus cílios fazendo-o fechar os olhos. Ficou lá até seus dedos enrugarem.
Terminou o banho, secou seu corpo e vestiu o pijama. Seus cabelos encharcados pingavam molhando seus ombros. Ele não podia ligar o secador, então usou a toalha. Esfregou o tecido por alguns segundos fazendo todos seus fios se arrepiarem e pelo menos fazer seu cabelo parar de pingar.
Quando abriu a porta do banheiro, Bokuto se mexeu na cama despertando com um susto.
— Akaashi? — chamou.
— Oi, eu fiz barulho?
— Não... Eu nem estava dormindo... — Bokuto esfregou o rosto com as mãos e rolou na cama. Sua voz era grave e sonolenta. A voz de alguém que estava dormindo. Akaashi riu baixo por ele tentar negar. — Eu estava te esperando vendo filme.
— Eu percebi. — Sorriu quando Bokuto percebeu que a tevê já estava desligada.
— Você já tomou banho?
— Tomei.
— Nossa... — grunhiu arrastando. Nem tinha notado Akaashi chegar. Se espreguiçou na cama e pegou seu celular pra ver as horas. Já eram uma da manhã.
Bokuto chegou do treino às 18h e foi fazer comida e arrumar a casa. Eles não passavam muito tempo em casa, tudo ficava meio desorganizado com o passar da semana. Como chegava mais cedo que Akaashi não se importava em fazer faxina às vezes. Se ele não fizesse isso a casa fica em condições insalubres esperando a limpeza que faziam nos fins de semana. Quando terminou tomou banho, jantou e se deitou pra descansar. Ele se esforçou muito pra não dormir, tentou prestar atenção num filme qualquer que achou passando na tevê, queria mesmo esperar Akaashi chegar, mas não conseguiu aguentar.
— E você jantou?
— M-hmm, jantei na rua. — respondeu Akaashi.
— E como foi a reunião?
— Foi boa… bem calma na verdade e como foi seu dia?
— Foi ótimo, eu lavei toda a roupa suja.
— Ah, legal.
— Eu estou apaixonado pela nossa máquina nova. Ela é mesmo incrível. — Bokuto suspirou fazendo Akaashi soltou uma risadinha. Era engraçado ver Bokuto ansioso pra lavar roupa.
Eles compraram essa máquina de lavar há uma semana e ela resolvia tantos problemas que até cogitaram fazer um altar pra agradecê-la. Eles não precisavam sair com trouxas de roupa até a lavanderia no outro quarteirão todos os sábados. Agora dava pra lavar roupas um dia sim e outro não… e se precisassem repetir roupa na semana não tinham mais que lavar as presas na pia do banheiro. Eles se mudaram pra esse apartamento há seis meses e foram comprando os móveis aos poucos. Agora só faltava o sofá, para ser uma casa completa.
Akaashi pendurou a toalha no cabide e apagou as luzes antes de ir se deitar. Eles se encontraram no escuro e puxaram um aí outro pra perto. Akaashi deitou a cabeça no peito de Bokuto e enroscaram as pernas.
— Hmm, cheiro de sabonete. — Bokuto acariciou os cabelos morenos e percebeu que estavam úmidos. A pele de Akaashi era tão fresca por acabar de sair do banho. — Você vai ficar resfriado se dormir com o cabelo molhado todo dia.
— Mn. — Esfregou o rosto no pijama de Bokuto. Só depois de deitar percebeu como estava com tanto sono, seu corpo automaticamente pesou no colchão e as carícias no seu cabelo com as mãos quentes de Bokuto só ajudavam a deixá-lo mais preguiçoso.
— Eu senti sua falta hoje. — Bokuto disso.
— Eu também senti. — aconchegou-se em Bokuto. — Estou tão cansado.
Bokuto tomou isso como um pedido. Apenas se ajeitou com Akaashi numa posição confortável o suficiente para dormir, trazendo a coberta pra cimas dos dois e esfregando seus lábios num beijo de boa noite. Ele sentiu Akaashi relaxar em instantes e adormecer.
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A Caminho de Casa
RomantizmAkaashi e Bokuto moram juntos há seis meses. Intuitivamente, morar na mesma casa, significa conviver mais, mas entre trabalho, treinos e responsabilidade os dois nunca tem tempo pra passar um ao lado do outro. Bokuto está prestes a jogar os jogos o...