Capítulo 1

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GRÁVIDA.

Apesar do calor do dia de verão, um incômodo calafrio percorreu a pele de Marley Jameson no momento em que ela se sentou no banco do pequeno jardim, a poucos quarteirões do apartamento que dividia com Chrysander Anetakis.

Um tremor a sacudiu mesmo quando os raios solares incidiam sobre os dedos que ela fechava com força, o calor incapaz de lhe dissipar os arrepios. Seu breve desaparecimento não agradaria a Stavros. Tampouco a Chrysander, quando o guarda-costas lhe contasse que ela não seguira as medidas de segurança. Contudo, arrastar aquele necessário brutamontes para sua consulta com o médico não lhe parecera uma opção. Chrysander teria ficado sabendo da gravidez antes de ela retornar e lhe contar.

Como ele reagiria àquela notícia? Apesar de terem tomado precauções, estava com oito semanas de gravidez. A ocasião mais provável que podia imaginar fora quando Chrysander voltara de uma longa viagem de negócios ao exterior e se mostrara insaciável. Mas ela correspondera com o mesmo entusiasmo.

Um intenso rubor dissipou o frio em seu rosto enquanto se recordava da noite em questão. Chrysander fizera amor com ela incontáveis vezes, murmurando palavras suaves em grego, que fizeram seu coração executar acrobacias dentro do peito.

Marley verificou a hora no relógio de pulso. Ele chegaria em casa dentro de poucas horas, e, ainda assim, a covardia a imobilizava naquele lugar por temer uma discussão. Ainda não havia trocado a calça jeans desbotada e a camiseta, trajes que usava apenas na ausência de Chrysander.

Com uma relutância originada da insegurança, Marley se forçou a levantar e começou a cruzar a curta distância até o prédio luxuoso que abrigava o apartamento de Chrysander.

- Está sendo tola - resmungou ela à medida que se aproximava da entrada. Se o porteiro se surpreendeu ao vê-la chegar a pé, não demonstrou, embora tenha se apressado a admiti-la dentro do prédio.

Ao entrar no elevador, ela acariciou o abdome ainda plano. O nervosismo lhe apertando o peito durante a subida. Quando o elevador estacou com um solavanco suave e as portas se abriram para o espaçoso saguão da cobertura, ela mordeu o lábio inferior e saiu.

Em seguida, se encaminhou à sala de estar, se livrando dos sapatos durante o percurso até o sofá, onde pousou a bolsa. A fadiga lhe triturava os músculos, e tudo o que desejava era se deitar. Contudo tinha de matutar uma forma de abordar o assunto sobre seu relacionamento com Chrysander.

Alguns dias atrás, diria que estava totalmente satisfeita, mas o resultado do exame de sangue daquele dia a deixara abalada. Fizera-a refletir sobre os últimos seis meses que vivera com Chrysander.

Amava-o com toda a força de seu coração, mas tinha certeza do lugar que ocupava na vida dele. Quando estava ao seu lado, ele parecia ardente. O sexo era fantástico. Mas agora tinha de pensar em seu bebê. Precisava mais do que sexo excitante nas semanas em que a agenda atribulada do homem que amava permitia.

Marley penetrou na ampla suíte e estacou quando Chrysander saiu do toalete, com apenas uma toalha lhe envolvendo os quadris.

Um sorriso lento se formou no belo rosto másculo. Todas as vezes que pousava o olhar naquele homem tinha a mesma sensação da primeira vez. Arrepios lhe percorriam a pele, e labaredas lhe lambiam todas as terminações nervosas. - Che... chegou cedo. - Ela conseguiu dizer.

- Estava esperando por você, pedhaki mou. - Chrysander retrucou com voz rouca.

Em seguida, deixou a toalha cair, fazendo-a engolir em seco quando fixou o olhar na potente ereção. Com passos predatórios, ele fechou rapidamente o espaço que os separava. As mãos longas se curvaram sobre os ombros delicados, ao mesmo tempo em que ele inclinava o rosto para lhe saquear os lábios.

Marley deixou escapar um leve suspiro enquanto sentia os joelhos cederem. Ele era como um vício. Um do qual poderia nunca se saciar. Tudo que Chrysander tinha a fazer era tocá-la para que ela se consumisse em paixão.

Os lábios experientes escorregaram da mandíbula de Marley para lhe tocar a pele do pescoço. Os dedos longos e impacientes, tentando livrá-la da blusa. Como se tivessem vida própria, as mãos de Marley se fecharam em torno dos cabelos pretos, puxando-o para perto.

Forte, esbelto, musculoso. Um predador deslumbrante. Ele se movia com graça e maestria, dedilhando-lhe o corpo como um instrumento perfeitamente afinado.

Quando Chrysander a inclinou na direção da cama, ela se agarrou ao pescoço largo.

- Está com muitas roupas - murmurou ele enquanto lhe retirava a camiseta pela cabeça. Marley sabia que deviam parar. Precisavam conversar, mas sentira a falta daquele homem. Ansiara por ele. E talvez uma parte de si desejasse aqueles momentos, antes que tudo mudasse de forma radical.

Chrysander lhe retirou o sutiã, e ela ofegou quando os dedos ávidos lhe tocaram os mamilos agora ultrassensíveis. Estavam escurecidos, e Marley imaginou se ele perceberia. - Sentiu saudades?

- Sabe que sim - respondeu ela ofegante.

Gosto de ouvir você dizer isso.

- Senti saudades. - Marley cedeu com um sorriso a lhe curvar os lábios.

Não deveria surpreendê-la a rapidez com que Chrysander a despiu, atirando o jeans, o sutiã e a calcinha pelo chão. E então, o corpo musculoso pairava acima dela, sobre ela, dentro dela.

Marley arqueou as costas enquanto ele a possuía, colando-se à estrutura sólida e quente daquele corpo musculoso, durante todo o tempo em que faziam amor. A paixão excitante e ardente. Era sempre assim. A um passo do desespero. O desejo um pelo outro os consumindo por inteiro.

Ao mesmo tempo em que a puxava para os braços, Chrysander sussurrava em grego. As palavras lhe roçando a pele como uma carícia enquanto atingia o ápice do prazer. Marley se aninhou ao corpo forte, feliz e saciada.

Devia ter dormido, porque quando abriu os olhos, Chrysander estava deitado a seu lado, o braço estirado de maneira possessiva sobre seus quadris. Ele a observava com os olhos dourados ardentes pelo prazer da saciedade.

Aquele era o momento certo. Precisava abordar o assunto. Nunca encontraria melhor ocasião. Por que o pensamento de questioná-lo sobre aquele relacionamento lhe enchia o coração de receio?

- Chrysander - começou em tom de voz suave.

- O que é? - Ele perguntou espremendo o olhar. Teria percebido a preocupação em seu tom de voz?

- Preciso conversar com você.

Esticando o corpo avantajado, ele recuou alguns centímetros para poder olhá-la melhor. O lençol escorregou até os quadris retos e se amarfanhou lá. Marley se sentiu vulnerável, exposta e trêmula quando a mão longa escorregou pela superfície de um de seus seios?

- Sobre o que quer conversar?

- Sobre nós - retrucou ela concisa.

Os olhos dourados de Chrysander se tornaram desconfiados, mas logo em seguida, ocultaram qualquer emoção. O rosto se transformando em uma máscara de indiferença, que a assustou. Podia senti-lo recuando, mentalmente se afastando dela.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora