Único

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Talvez o cérebro de Katsuki fosse derreter em alguns minutos, devido a tamanha irritação acumulada. Que ideia patética era essa de trazer a magia do natal? Como se os alunos da 2-A, vestidos de papais noel e seus duendes ajudantes, espalhados em vários shoppings fosse algo muito mágico. "Traz alegria e esperança para as crianças, jovem Bakugou", foi o que All Might disse, após seu surto de raiva.

Agora estava ali, sentado em sua poltrona aveludada cor de vinho, com uma roupa de papai noel um pouco larga demais para si e com seus dois ajudantes patetas, vulgo Midoriya e Todoroki. Isso sem contar com o fato de que tinha que lidar com todas aquelas crianças irritantes e cheias de perguntas.

Por sorte, Izuku era muito útil. Ele era ótimo com os pequenos e estava conseguindo manter a fila organizada e calma. Todoroki, inexpressivo como sempre, fazia algumas coisas de gelo para distrair as crianças da espera. "Até que ele serve para alguma coisa", pensou o loiro, descontando sua fúria através dos pensamentos.

E Bakugou — no momento com uma garotinho em seu colo —, tentava manter a paciência e o autocontrole de não sair explodindo tudo. Ou revelando pros fedelhos que papai noel é uma farsa.

— Sabe, papai noel, aquela coleção nova de cartas dos heróis é muito maneira! Eu queria muito, mas a minha mãe disse "na volta a gente compra". — Fez uma voz fininha. — E nunca mais voltamos. Você podia me dar de presente!

— HO HO HO! — Forçou a voz. — Então você gosta de heróis? — perguntou.

— HERÓIS SÃO MUITO MANEIROS! — gritou empolgado no ouvido de Bakugou, que não deixou de perceber os risos de Deku. — Eu sempre vejo eles na televisão. E eles tem uns poderes muito legais, e fazem pew, vuuushh, uoooou! — Balançava os braços freneticamente, precisando ser segurado pelo loiro. — Quero que minha individualidade seja maneira também.

— Entendo. — Eu também achava, pensou nostálgico — Eu preciso verificar na minha lista se você foi um bom garoto, para ver se posso dar o seu presente — disse

— Ué, então veja agora. Por que não usa um celular? — Olhou emburrado. Katsuki fechou a cara, que criança irritante.

— Não tem internet no Polo Norte e, infelizmente, um dos meus ajudantes é incompetente e esqueceu a lista em nossa fábrica.

— Você deveria demiti-lo — riu.

— Também acho, mas ele, às vezes, serve para algumas coisas — Sorriu maldoso para Midoriya e recebeu um rolar de olhos em resposta. Katsuki era um péssimo papai noel.

— Mas eu fui um bom garoto sim!

— HO HO HO! Bons garotos não mentem. — A criança torceu o nariz.

— Tá bom... talvez eu tenha desobedecido minha mãe algumas vezes, e também não arrumei minha cama — contou triste.

— Humm, se for apenas isso, você ainda tem chances garoto, mas vai ter que esperar até o natal.

— Tudo bem! — O garotinho sorriu — Obrigado papai noel! — E abraçou Bakugou desajeitadamente, indo embora.

Então outra criança, empolgada demais, veio pedindo um computador de última geração. Depois uma muito tímida, que Katsuki achou muito fofa, desejando que todas as crianças fossem comportadas como aquela. E agora havia terminado de conversar com os gêmeos. O loiro suspirou pesadamente, afundando-se no assento.

Quem diria que lidar com crianças seria tão exaustivo daquela maneira, porém, já estava quase na hora de encerrar as atividades e restava apenas uma criança. Ela deveria ser a mais nova que Katsuki ouviu naquela noite.

A Magia do NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora