"Noite de Ano Novo"

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Bailey May:

Uma guerra perdida, foi como senti que estava exposto após ir embora da casa de Shivani. Era tão estúpido pensar que eu realmente havia acreditado naquela bobagem, mas eu não estava bravo, Shivani tinha razão.

Talvez a relação das pessoas não se baseia no amor. Não que desacredite dele.

Mesmo com o peso no peito, decidi que não me abateria, era o resultado de uma loucura que eu nunca deveria ter instigado a acontecer. 

— Ah, Bailey, essas coisas acontecem...— Disse Heyoon me ajudando com a gravata colorida que ela havia me dado de Natal, enquanto Joshua estava no sofá com cara de poucos amigos.

— Não pode dizer que não avisei. — Rolei os olhos para Joshua, encarando o relógio.

Eu sabia que ainda hoje iria acontecer o tal programa especial, muitos esperavam por isso, e mesmo dizendo a mim mesmo que eu não iria ouvir, lá no fundo eu torcia pra criar coragem pra ouvir sua voz.

Alguns minutos se passaram, e enquanto já nos encontrávamos na imensidão de carros para ver a queda da bola na Times Square, abri a notificação mais recente do meu celular. Heyoon, que estava ao meu lado, me olhou por longos segundos.

— Você é um idiota.— Olhei de relance para Heyoon que mantinha as sobrancelhas erguidas como se isso lhe desse poder sobre tudo, já que altura lhe faltava.

— Como é que é? 

— Você é um i-d-i-o-t-a. — Ela me olhou desafiadora. — Está deixando a melhor coisa dos seus últimos dias passar assim...— Estalou os dedos. 

— Eu odeio concordar com ela May, mas a mesma nunca esteve tão certa. — Ela lhe mostrou o dedo do meio, acompanhado por um beijinho imaginário.

Engoli em seco, e encarei o celular antes de desbloqueá-lo.

*

"Bailey May, eu gosto de você."

Essa era a voz na minha cabeça, enquanto eu corria pelas ruas frias de New York a procura da pessoa que ferrou com minha cabeça nos últimos dias.

Eu precisava ouvi-la, como eu deveria me sentir? Realmente não sei. Mas eu precisava ouvir qualquer coisa que ela tivesse pra me dizer, qualquer coisa que a fizesse ficar, pois sinto que eu preciso que Shivani esteja comigo durante esse ano novo. Até o próximo ou talvez depois, e depois...

Parei em frente ao prédio, quase sem fôlego, quando meus olhos encontraram alguém um tanto familiar: Nour.

— Onde... Onde...— tentava recuperar o ar com toda a força o que não era nada fácil.

— Ela foi tentar te encontrar, não sei onde Bailey.

Passei as mãos pelo rosto, esgotado. Eu precisava achá-la.

Shivani Paliwal:

Corri pelo centro New York como se fosse a última chance de sobrevivência, eu queria ver Bailey, eu precisava explicar o porque o deixei partir. Eu precisava lhe contar tudo aquilo olhando ao seus olhos.

Rolei meus olhos, pois aquilo parecia um final enjoativo de filmes clichês.

Corri entre as luzes e as figuras brancas de pessoas, quando uma movimentação nova tomou o local. Faltavam dois minutos para a meia noite, subi em alguns lugares altos, eu precisava achá-lo.

Quando eu já não tinha mais forças, parei, comecei a me sentir fora de eixo. Senti como se não fosse conseguir mais respirar, parei entre tantas pessoas, mas uma sensação estranha me atingiu, como se eu reconhecesse .

Arrumei finalmente minha postura, me voltando para trás, onde Bailey que também parecia cansado me olhou, e sorriu.

Eu me sentia leve, e feliz em vê-lo, rolei os olhos e pensei "eu sou muito idiota"

Me aproximei.

— Nada aconteceu. — Falei entre suspiros, e ele riu.

— Torci muito para que aquilo tivesse sido minha imaginação. 

Lhe olhei enquanto estávamos muito perto.

— Eu estava com medo. — Falei baixo em meio a agitação para os trinta segundos antes do "feliz ano novo".

— Eu sei. Ainda está com medo? — Sorri negando.

— Não.

Então fiz o que eu sentia vontade, no mesmo instante em que a contagem começou, puxei Bailey pela gravata, sentindo sua respiração próxima ao meu rosto, mas no fim, foi o mesmo que juntou nossos lábios, em um beijo durante os fogos de ano novo.

Existe uma diferença em não acreditar em algo, e sentir raiva deste, eu sentia raiva do amor mas há uma realidade: Não dá para odiar algo que não existe. Do mesmo jeito que não dá para fazer o amor surgir do nada.

Eu ainda tinha muito o que sentir, aprender e me permitir deixar ter espaço no meu coração, mas eu tinha certeza que Bailey me ensinaria. Me ensinaria a amar, pois sobre estar apaixonada (eu apenas descobri de pois) já estava.

Quando o ar nos faltou o mesmo se afastou, abri meus olhos devagar pra ter certeza do que eu havia feito.

Ele sorriu e eu acompanhei.

— Eu também gosto de você...— Meu coração acelerou com a afirmação.— Aliás, qual o seu signo?

— Bailey! — Reclamei, ele riu, me puxando pra sí e unindo nossos lábios. 

O segundo beijo do ano e o primeiro que viria entre tantos outros dali em diante.

***

Fim

Amor e Outros ClichêsOnde histórias criam vida. Descubra agora